Capítulo 12 - Lembrar ⊽

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LIANA

Ao terminar o meu turno na quinta-feira, às vinte horas, peguei o celular na bolsa e, ao ver uma mensagem de Carla, não consegui evitar um sorriso.

"Oie! Tudo bem? Vão sair de novo hoje? Ainda não me conformo... Ele te levou no D.O.M.! Do Alex Atala, amiga! Aquele inútil do meu ex-namorado que aturei por um ano só me levava em lanchonete e pizzaria. Não deixa o Matheus escapar, pelamor!"

Me sentei no vestiário do hospital e, rapidamente, digitei a minha resposta.

"Já disse! Não passa de uma brincadeira. E, para hoje, não combinamos nada. Vamos sair de novo amanhã. Temos aquele coquetel de negócios, em que Tom vai estar. Estou nervosa desde já."

Carlinha estava absurdamente empolgada com os meus encontros com Matheus. Até mesmo mais do que eu.

Ontem, o homem havia me levado para jantar em um restaurante famoso e, apesar da nossa intenção de sair para provocar Tom, mal tocamos no nome do meu antigo amigo. Conversamos sobre banalidades, viagens, hobbies enquanto provamos o menu degustação, com uma sequência de pratos do chef. Um sucesso.

Só não foi mais sucesso do que o meu acompanhante que, com a sua barba bem aparada, Rolex no pulso, camisa social clara e blazer escuro italiano, chamou a atenção de quase todas as pessoas do restaurante. Como consequência, fui avaliada da cabeça aos pés e reprovada pelos olhares cruéis que, certamente, se perguntavam o que um homem como ele fazia com uma mulher como eu.

Até mesmo a hostess o assediou e, com a maior naturalidade, Matheus a cortou, como se estivesse acostumado a receber investidas. Inevitavelmente, todas as lembranças me vieram à mente, frescas, vivas.

— Boa noite, Doutor Rezende. É sempre um prazer tê-lo em nossa casa. Estou à sua total disposição. Total. — A loira destacou a última palavra, mordiscando o lábio inferior com os seus dentes muito brancos. — Deseja me fazer alguma solicitação em especial.

— Obrigado, Felícia. — Ele respondeu, indiferente, com uma das mãos apoiadas nas minhas costas, diretamente sobre a minha pele graças ao decote do meu vestido. — Desejo que nos acomode no mezanino, por favor, por ser o local mais aconchegante.

— Pois não. — Ela assentiu, visivelmente mais murcha e, sem falar mais nada, nos conduziu à nossa mesa.

O ambiente amplo, com o pé direito alto e a decoração minimalista, contava com mesas e cadeiras em madeira escura, arrumadas com louças brancas e taças de cristal. Enquanto seguíamos a hostess pelo salão, olhei para todos os lados, sorrindo, encantada, até perceber que todo mundo olhava para o meu acompanhante. Entendi que seria complicado namorar um homem como ele. Lindo, rico, bem-sucedido, naturalmente atraía a atenção. Quase senti pena da sua ex-mulher Beatriz.

Matheus ignorou bem o assédio dos outros, mantendo os seus olhos apenas em mim, se portando de modo atencioso e divertido durante o jantar.

Ao me deixar em casa, se inclinou na minha direção, fazendo com que eu me afastasse, atenta. Olhei bem para os seus lábios, que ele umedeceu com a ponta da língua, e... Nada. Nada de borboletas no estômago. Nada de nada.

— Gostou do jantar? — Perguntou, com o cotovelo apoiado no encosto do meu banco acima do meu ombro.

— Muito. Obrigada. — Respondi, colocando discretamente a mão na maçaneta da minha porta, tentando escapar. Ele percebeu e se afastou, com o olhar levemente decepcionado.

— Sexta temos aquele coquetel de negócios. Vou confirmar o horário, um momento. — Falou, mexendo no celular. — Nove horas da noite. Depois lhe aviso sobre o traje, parece que há alguma exigência. Festa do preto e branco, se não me engano.

Amor Por Uma Noite [RELANÇAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora