Capítulo 11 - Mentir ⊼

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TOM

Trabalhando por longas horas no escritório, girei a cadeira na direção da janela, observando sem interesse o trânsito caótico da Avenida Paulista. Perto do horário do almoço era sempre assim. Uma merda.

Mais cansado graças à insônia, mais fraco graças à falta de apetite, nem mesmo o sexo de ontem havia servido para que eu conseguisse retomar as rédeas.

Estressado, me perguntei quanto tempo levaria para que a minha vida voltasse ao normal.

Com todas as coisas sob controle.

Se Liana havia realmente me cortado em definitivo, mais cedo ou mais tarde eu teria que aceitar a ideia.

Afinal, eu não podia fazer mais nada. Ela não me atendia, não respondia às minhas mensagens e, para foder de vez, havia barrado meu acesso ao seu prédio.

Um apito suave chamou a minha atenção, advindo do meu computador, indicando o recebimento de um novo e-mail.

Ajeitei a posição da cadeira e, em seguida, abri o e-mail profissional. Entediado, li a mensagem de um cliente, sobre os honorários que estávamos negociando, e a respondi de imediato. Não gostava de deixar as obrigações para depois.

Sem me conter, abri mais uma vez aquele e-mail, de hoje cedo. O único que permanecia sem resposta.

"Antônio, sua mãe se encontra semiconsciente, chamando por você. Já lhe passei as informações com o endereço do hospital e o número do quarto. Ela piora a cada dia. Não demore demais. Avise se vier, posso sair um pouco antes para que não tenha o desprazer de me encontrar. Atenciosamente, Gerson."

Como eu havia o bloqueado no celular e no meu WhatsApp pessoal, meu padrasto passou a se valer dos meus contatos profissionais para foder com a minha cabeça.

Eu não iria ao hospital.

Sozinho, então... Nem pensar. Se ao menos Liana pudesse me aconselhar e, quem sabe, me acompanhar. Seria mais fácil.

Porém, com a minha única amiga sem falar comigo, e com o meu único amigo — irmão dela — sem dar sinal de vida há meses, isolado em algum país africano, eu estava fodido.

— Bom dia! Tudo bem? — Matheus surgiu na minha sala, me obrigando a tirar os olhos do computador.

Sua voz extremamente animada, como sempre, me dava nos nervos. Pela sua aparência, com os óculos de sol encaixados sobre os cabelos molhados, concluí que havia acabado de chegar ao escritório.

— Bom dia? Boa tarde — murmurei, espiando o relógio na parede. Quase meio-dia. — Quer alguma coisa?

— Sim. Quero uma dica de algum lugar bacana para jantar. Escutei muitos elogios do restaurante do Chef Alex Atala. Conhece? O nome é D.O.M.

"Dom".

Intrigado, esquadrinhei o seu rosto, com uma sensação estranha se espalhando pelo meu estômago. Seria uma indireta...? Eu nunca havia comentado com ele sobre as minhas atividades no BDSM.

O curioso era que Matheus figurava como sócio comigo no escritório de advocacia e na Boate de Saint Martin. Contudo, por ser apenas sócio investidor na casa noturna, desconhecia as práticas da casa.

E, ao contrário de mim, não a frequentava.

Não, não. A pergunta com a palavra "Dom" não seria uma indireta. Balancei a cabeça, afastando a ideia absurda. Deveria ser apenas uma coincidência.

— Não conheço o restaurante, Matheus. Nunca jantei lá.

— Certo. E, por falar em jantar, como foi ontem com Liana?

Amor Por Uma Noite [RELANÇAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora