Zack Whitlock:
Sinto o vento em meus pelos enquanto corro pela floresta e me sinto livre, como sempre que me aproximo da cidade dos mundanos perto da alcateia.
Antes de chegar à beirada da floresta, vou até um arbusto que está ali perto e verificando se nenhum mundano em um carro vai passar, e então me transformo em humano. Tiro a sacola de roupas que trouxe amarrada no meu pescoço e começo a vestir minhas roupas. Afinal, odeio quando me transformo e me destransformo logo depois e estou com roupas rasgadas.
Termino de vestir a camiseta e a calça, e no exato momento em que escuto um uivo, me viro e vejo minha melhor amiga, Eloisa, que também tinha uma sacola amarrada em seu pescoço. Eloisa estava parada a poucos metros de mim em sua versão de loba, e seus olhos me julgavam, dizendo que novamente estamos na cidade dos humanos.
— Sem críticas — Falei para ela. — Agora, transforma-se logo!
Ela foi atrás de uma árvore e se transformou.
— Se seu pai souber disso, ou até mesmo sonhar, estaremos mortos — Eloisa falou. — Você sabe que ele odeia que alguém da Alcateia se envolva com alguma coisa relacionada a humanos.
— Por isso não contei a ele o que eu ia fazer com você no meu aniversário — falei divertido. — Ele não precisa saber.
Meu pai Ridard odeia mais do que tudo os humanos, por isso proibiu todos da nossa alcatéia de sair dela e vir até a cidade humana. Já meu pai Sao é diferente, ele não sente ódio dos humanos.
Meu pai Ridard é um Alfa Lupus de primeira linhagem, ou seja, é imortal, e meu pai Sao é um Ômega Lupus de primeira linhagem, também imortal.
Um segredo que ninguém mais sabe sobre meu pai Sao é que ele cresceu nas cidades humanas, e nem meu pai Ridard sabe disso. Só eu realmente sei.
— Ele já proibiu milhares de vezes que eu venha até aqui — Eloisa falou e saiu de trás da árvore usando uma camiseta e calça jeans. — E você também deveria parar, afinal, você é um alfa e vai liderar a Alcatéia em breve.
— Por isso vim aqui uma última vez — Falei, e ela me olhou com um olhar debochado. — É sério, só quero encontrar uma pessoa.
— E lá vamos nós de novo — Eloisa falou. — Pelo menos vamos comer, depois você me conta a história da sua sensação estranha que o traz até a cidade dos humanos. E como eu sei que você não trouxe dinheiro humano, eu trouxe o dinheiro — ela pegou a sacola dela que estava no chão e veio em minha direção. — É interessante como o dinheiro do submundo é o mesmo do mundo humano.
— Como você não ficaria fascinada com essas pessoas, você praticamente é uma beta e se assemelha a eles — Falei e recebi um tapa na nuca. — Precisa disso!
— Sou uma beta, só me assemelho aos humanos — Eloisa falou. — Mas ainda tenho um pouco mais de força do que você, senhor Alfa.
— Para que essa ignorância toda? — Falei, esfregando a nuca. — Os mundanos não são tão maus.
— Não, só destroem a natureza, matam os seus próximos — Eloisa falou. — Têm um preconceito desnecessário com as mulheres, com pessoas que têm relações com alguém do mesmo sexo.
— Para que se preocupar? No nosso mundo não é diferente o preconceito com ômegas e betas — Falei, e Eloisa revirou os olhos.
— Mas o nosso meio é menos extremo, só falam e raramente se envolvem em agressões — Eloisa falou. — Os humanos são tão agressivos que acabam mortos ou expulsos de suas famílias.
Eloisa estava certa em relação a isso, mas não posso fazer nada, pois sempre vai existir preconceito em algum lugar contra um grupo de pessoas.
— Vamos esquecer disso e apenas ir comer e aproveitar o seu último dia no mundo humano e, possivelmente, seu último dia de solteiro — Eloisa continuou e me puxou para a estrada, e fomos andando para fora da beirada da floresta.
Afinal, muitos se perguntariam por que seria minha última noite como solteiro. Deixe-me explicar: existe outra Alcatéia nessa floresta que vive em batalhas ferozes com a minha. Para acabar com isso de uma vez, meu pai Ridard, o líder da Alcatéia, fez um acordo há cinco anos. Quando eu completasse a maioridade, me casaria com a filha da Alcatéia vizinha e traria paz para ambas as Alcateias.
E isso é exatamente o que vou fazer, afinal, proteger sua Alcatéia é o que um líder alfa deve fazer.
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Andamos por um bom tempo, com Eloisa reclamando de fome e me puxando para longe da rua, já que quase fui atropelado diversas vezes só porque estava olhando os prédios que os humanos construíram sem usar força sobrenatural ou magia, como fazemos na alcatéia e no submundo.
Então, como se fosse um sinal do destino, Eloisa me puxou para dentro de uma loja, e senti imediatamente todos os cheiros deliciosos de comida mundana. Devo dizer que a comida deles é maravilhosa.
— Fique ali — Eloisa falou, apontando para uma mesa. — Você já está me estressando ao olhar para os prédios humanos e quase se matando no processo! Ia abrir a boca para retrucar, mas ela me cortou. — Não fala nada, você sabe que estou certa. Vou pegar algo para comermos.
Fiz o que ela pediu e me sentei à mesa, observando o lado de fora. Vi o momento em que um casal de dois homens surgiu. Um deles era alto e musculoso, e parecia estranhamente familiar, mas não conseguia identificar de onde o conhecia. O outro era mais baixo, ruivo, e tinha um sorriso dócil.
— Está melhor, amor? — O mais alto, chamado Gabriel, perguntou com preocupação. — Sei que queria ficar mais um tempinho com os meninos, mas você estava bem mal e nem comeu de manhã.
— Gabriel, está tudo bem! — O menor, Jacob, respondeu um pouco alto demais. — Vamos apenas comer um pouco na loja e já vamos para casa.
— Jacob, você tem certeza?! — Gabriel perguntou, ainda preocupado.
— Sim, só preciso encher o estômago com algo que não me faça querer vomitar — Jacob falou. — Ainda acho que é algo grave, pois estou assim há dois meses, não estou comendo direito e parece que estou engordando.
— Você não está nem um pouquinho gordinho — Gabriel o abraçou, e Jacob parecia se desmanchar. — Você ainda é meu fofinho.
Ambos foram até o caixa, e Eloisa voltou à nossa mesa, parecendo estranha ao olhar o casal.
— Aqui está! — Eloisa falou, colocando a bandeja na mesa. — Você se lembra do mais alto?
Eu a encarei, surpreso.
— De onde você o conhece? — Perguntei. — Achei que você nunca teve amizade com um mundano.
— Eu não tenho — Eloisa respondeu, confirmando o fato. — Mas lembra que a gente e alguns lobos o ajudaram com aquele lobo que se rebelou contra o seu pai, há três anos atrás! Qual era o nome daquele lobo?
— Cladoc! — Falei com raiva. — Um alfa dominante que não gostava da maneira como meu pai controlava a Alcatéia!
— Então fomos atrás dele, que fugiu assim que seu pai descobriu os planos dele! — Eloisa continuou. — Ele atacou um acampamento humano, e o encontramos lutando contra aquele cara alto. Você o enfrentou e deixou ele fugir, e o resto do pessoal foi atrás!
— Agora que você falou, eu me lembrei! — Falei, e lembrei que em um momento eu fiquei para trás, encarando Gabriel e o garoto que estava com ele.
Estava na minha forma de lobo, e vi o garoto abraçar seu Gabriel, preocupado. Me aproximei e o homem tentou proteger o garoto de mim, mas, por algum motivo, parou de fazê-lo. Tive a oportunidade de me aproximar do garoto, que deixou seu rosto perto do meu focinho. No minuto seguinte, lambi a ponta de seu nariz, e por algum motivo ele ficou envergonhado. Por alguma razão, quase desejei me destransformar na frente dele e mostrar que eu era uma boa pessoa. Mas então ouvi o uivo de um dos meus companheiros e me virei e saí correndo até os outros. Algo dentro de mim me fez parar de correr e me virar para o garoto, rosnando para ele, como um adeus.
— Zack! — Eloisa me chamou e me tirou das minhas lembranças. — O que foi, você está perdido em que mundo?
— Onde está aquele garoto? — Perguntei a mim mesmo, e minha amiga me olhou confusa.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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Líder da Alcatéia (ABO/MPreg)
WilkołakiZack Whitlock, um bom alfa que terá que escolher entre ser o líder da sua alcatéia e correr atrás de um acordo com a alcatéia vizinha ou continuar com sua curiosidade sobre os humanos e seu mundo, que perante os olhos de Zack é um local fascinante. ...