Capítulo Vinte e Oito

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Zack Whitlock:

Ainda é doloroso pensar que minha melhor amiga foi a pessoa que nos traiu, revelando os segredos da alcatéia para os inimigos, como se isso não fosse algo significativo.

Essa traição deixou um vazio no meu peito, uma sensação de descrença e decepção que pesa a cada lembrança. A confiança, outrora inabalável, agora é apenas um fragmento de confusão e mágoa. Os risos compartilhados e os momentos de cumplicidade foram substituídos por uma amargura profunda, enquanto tento entender como alguém tão próximo poderia se tornar um elo traiçoeiro na corrente da amizade. Cada pensamento nessa traição é como um espinho cravado na memória, e a lealdade perdida ressoa como um lamento constante. A raiva fervia dentro de mim, e num impulso primal, rosnei de frustração e descontei minha ira socando a parede com toda a força. A parede cedeu, formando uma rachadura, enquanto minha mão, agora sangrando, começou a se curar lentamente, testemunhando a natureza regenerativa que carregava, um lembrete físico da intensidade da minha reação emocional.

Ao sair do meio das celas, deparei—me com a cena de meu pai, Ridard, do lado de fora, sendo cuidado pelos outros. A amargura invadiu meu coração ao confrontar a realidade do que ele fez ou planejou realizar. A dor da traição e a incompreensão sobre as motivações dele pesavam, tornando difícil reconciliar o passado com a imagem do meu pai sendo auxiliado por aqueles que não conheciam sua verdadeira face.

A verdade de uma história só se revela completamente quando conhecemos ambos os lados, pois é na interseção das perspectivas que se encontra a compreensão plena.

— Filho! — Pai Ridard me chamou instantes antes de tocar em meu ombro. Virei abruptamente e desferi um soco em seu rosto.

— Como você pôde planejar a morte do seu predestinado? — Perguntei, rosnando. — Isso é ser ainda mais hipócrita do que posso dizer que você é!

Ouvi sussurros atrás de mim, mas mantive meu olhar fixo no meu pai.

— Você não entende. — Pai Ridard falou com um tremor na voz. — Eu o amei com todo o meu coração, entreguei meu amor a ele, e ele me destruiu.

As palavras carregavam uma dor profunda, uma narrativa de mágoa que reverberava com a intensidade de emoções despedaçadas. Isso me deixou atônito, especialmente quando percebi que seus olhos brilharam ao relembrar o passado. Notei meu pai Sao parar de chorar ao ouvir essas palavras. A raiva explodiu dentro do meu peito, indignado com a ousadia de alguém desrespeitar meu pai Sao de maneira tão flagrante.

— Você odeia os mundanos, mesmo tendo ajudado a invadir nossa Alcateia e matar vários dos nossos! — Falei irritado. — Você é um idiota, deixando seu orgulho e mágoa falarem mais alto, vendendo seu próprio filho por nada além de um contrato que não nos beneficiaria.

A decepção e a dor transpareciam em meus olhos, refletindo a profunda ferida causada pela traição de meu próprio pai.

Pai Ridard rosnou, como era de seu instinto alfa, detestando ser contestado, assim como qualquer líder, abominando receber ordens.

Ignorei-o, ciente de que precisava buscar apoio em outro lugar. Nesse momento, Scott dependia de mim acima dos laços dentro desta alcateia. Meu olhar voltou-se para pai Sao, sentindo um aperto ao perceber o fardo que ele carregava há anos, renunciando a tanto e recebendo pouco em troca, limitado a ser apenas o ômega do líder e nada mais.

— Pai, sinto muito, mas preciso ir. — Falei, olhando para os outros membros. — Cuidem do resto.

— A onde você está indo? — Pai Sao perguntou.

— Salvar o Scott. — Respondi, virando as costas para ele. Transformei-me, rasgando minhas roupas, e parti pelo outro lado da alcatéia.

Chegou a hora do confronto, a determinação pulsando em minhas veias!

Líder da Alcatéia (ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora