Capítulo Dois

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Scott Prescott:

O lobo me encarou por alguns segundos a mais e, em seguida, correu para dentro do quarto. Esperei um pouco antes de segui-lo, verificando se ninguém tinha testemunhado a cena. Vocês devem estar se perguntando por que eu não surtei, mas ver coisas estranhas que ninguém mais vê é algo que acontece comigo nos últimos três anos.

Fechei a porta do quarto e percebi que o lobo havia corrido para o banheiro e fechado a porta com a parte de trás. Fiquei surpreso com a rapidez com que ele se moveu, mesmo com as roupas que estava usando. Coloquei minhas malas na cama, que com certeza era a minha, já que estava sem vida, e a cama do outro lado só tinha uma mala cinza.

Tomei coragem e fui em direção à porta do banheiro, batendo nela.

— Rol — Chamei e, em seguida, me dei um tapa na cabeça por esquecer que ele era um lobo e não poderia falar comigo. — Explique quando você voltar ao normal. Eu vou estar aqui.

Virei-me e me sentei na cama. Alguns minutos depois, a porta se abriu, e Rol saiu do banheiro com as roupas um pouco rasgadas e esfarrapadas.

— Por que você não está assustado? — Rol perguntou. — Você viu seu colega de quarto se transformar em um lobo. Isso assustaria qualquer pessoa normal. — Ele percebeu o que disse e ficou nervoso. — Não que você não seja normal para um mundano.

Ri do nervosismo dele.

— Normal, eu não sou — Falei, e Rol me encarou. — Vejo coisas estranhas há três anos. Isso aconteceu depois de eu ter sido atacado na floresta da cidade por um lobo maior do que o normal.

— Sério? — Rol perguntou e se sentou na cama em minha frente.

— Sim, eu tinha quinze anos, e meus pais e irmão fomos acampar. No meio da noite, aquele lobo apareceu. Não consigo descrever como ele era, mas era muito rápido — Falei, relembrando. — Meu pai entrou em uma luta com a criatura, e do nada, um lobo negro apareceu, e vários outros lobos o atacaram até que ele fugiu. Depois disso, comecei a ver coisas estranhas, como pessoas com presas, pedaços faltando ou que atravessavam objetos!

— Então, não sou o primeiro lobo que você vê? — Rol perguntou.

— Não, você é apenas o primeiro que vejo de perto — Falei, sendo sincero. — Mas como você se transforma em um lobo? Você estava falando e de repente parou e espirrou.

Rol parecia envergonhado com o que eu disse.

— Bem, quando falo muito rápido, acabo puxando o ar rapidamente, e isso me dá vontade de espirrar. Quando isso acontece, eu viro um lobo — Rol explicou. — Também fiquei muito emocionado em conhecer outro humano que não seja o meu pai.

— Então foi isso — Falei, divertindo-me. — Achei que fosse uma gripe sobrenatural.

— Não é nada disso! — Rol falou, rindo. — Você tem bastante senso de humor. Meu pai, Santiago, gostaria de conhecer alguém como você.

— Você pode me contar mais sobre os lobos? — Perguntei, e Rol me encarou. — Sempre quis saber mais sobre essas criaturas que me fascinam há três anos!

— Acho que posso te contar o básico sobre os lobos, afinal, vamos conviver por um bom tempo — Rol falou. — E não quero que faça testes comigo, dizendo que tudo o que faço é fascinante.

— Pode deixar — Falei, batendo continência.

— Bem, no mundo dos lobos de alcateias existem três tipos — Rol começou. — Os alfas, betas e ômegas.

Assenti e esperei continuar.

— Alfas são os líderes da matilha. Possuem uma presença imponente e personalidade forte, além de serem extremamente dominadores. Têm um timbre de voz que afugenta e atrai as demais classes, mas esse "encantamento" não funciona com outros alfas, pois eles estão no mesmo patamar. São mais selvagens e têm um comportamento mais agressivo, além de serem mais musculosos. Essas características se aplicam tanto aos alfas masculinos quanto aos alfas femininos — Rol explicou e fez uma careta de desgosto. — Acho que eles se acham superiores a tudo e todos, o que me dá nos nervos.

Líder da Alcatéia (ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora