Capítulo Doze

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Zack Whitlock:

— Filho, é sim — Pai São falou. — Minha culpa e a do seu pai. Deveríamos ter aprendido à medida que o tempo passou e vimos várias guerras. Por sermos lúpus, não envelhecemos, e vemos o mundo mudar cada vez mais. — Suspirou. — Acho que é importante que você saiba por que deixei o mundo Humano para trás, e não foi apenas por ter me apaixonado por seu pai e descoberto que ele era o meu predestinado.

Assenti e me preparei para ouvir a história do passado do meu pai.

— Como você sabe, fui criado no mundo humano e até mantive o nome que meus pais me deram: Saul Smith. Minha mãe era uma humana, ou como descobri logo depois, uma ex-caçadora, e meu pai era um lobo lúpus. Por razões do destino, eles se apaixonaram, e eu vim ao mundo, sendo criado entre os humanos até atingir a maioridade, antes que meu mundo desmoronasse. — Pai São falou, e suas mãos tremeram enquanto seu olhar se perdeu em um ponto específico do quarto. — A família da minha mãe descobriu sobre meu pai e eu, e vieram nos atacar. Seus avós me salvaram, mas lutaram até o fim para nos atrasar.

Meu pai me olhou com lágrimas nos olhos.

— Ali, vi meus pais morrerem bem na minha frente — Pai São continuou. — Não lutei nem nada, apenas parei e vi ambos lutarem até o último suspiro, e depois corri para longe, sendo perseguido pelos caçadores. Por uma força maior, consegui escapar e conheci um rapaz que me apresentou ao submundo. Vivi ali durante anos e descobri o que eu era, um ômega lúpus, que às vezes é imortal! E assim fui vivendo minha vida eterna na solidão do submundo, com a única memória boa que o mundo humano me deu: o carrinho dos meus amados pais. Anos se passaram, e um dia conheci seu pai, que no primeiro instante se aproximou e me aceitou como seu na frente de todos.

Os olhos do meu pai estavam cheios de nostalgia.

— Com seu pai, descobri mais sobre tudo e me apaixonei. Logo estava quase contando sobre meus pais, mas no mesmo dia caçadores atacaram a Alcatéia, matando milhões de lobos, incluindo o líder anterior ao seu pai. Isso fez com que o ódio dele aumentasse e me fez esconder meu passado como humano. — Pai São falou. — E logo depois disso, nos casamos, e eu achei que nunca mais ouviria falar sobre o mundo humano ou que minha vida estaria em risco.

— Então eu nasci, e a alcatéia Wolflord quis atacar a nossa alcatéia — falei, e papai assentiu.

— Você, com sua curiosidade sobre os mundanos, e aqueles idiotas dos Wolflord. E novamente, vi minha vida ameaçada e não fiz nada, só fugi, e ainda dei meu único filho ao inimigo — Pai Sao falou, em lágrimas. — Não pensei em nada, só quis ter uma vida de paz e acabei fechando aquele acordo sem pensar e confiando na palavra do seu pai. Me perdoe por ser um péssimo pai e ter feito um acordo em cima de você.

Olhei para o meu pai, que abaixou a cabeça e ficou em silêncio, e o abracei com carinho.

— Pai, eu nunca odiei você. Não foi sua escolha me usar como moeda de troca — falei, e o mesmo levantou a cabeça. — Você fez o que qualquer líder faria, tentou proteger seu bando de ser destruído. Eu tenho orgulho de ser seu filho, e nunca poderia te odiar ou o pai Ridard.

— Você é uma boa pessoa, Zack — papai falou. — Vejo claramente o porquê dos Deuses terem escolhido você para dar início à mudança das Alcatéias. Você tem muito da sua avó, uma grande força de vontade, e do seu avô, uma enorme capacidade de lutar pelo que quer.

Sorri, e meu pai se afastou e colocou a mão na minha bochecha.

— Eu tenho orgulho de tê-lo como meu filho — papai falou. — Seus avós teriam orgulho de tê-lo como neto, e sei que o Scott terá orgulho de chamá-lo de companheiro.

— Pai, nem namoramos ainda — falei, e papai riu. — Vou ter que agir como humano com ele, e não já ir como os lobos ou as outras criaturas do submundo fazem.

— Eu sei, só estou falando do futuro! — papai falou e voltou a dobrar as roupas. — Sei que você terá que ir com muita calma, e também não poderá usar sua força contra algum humano, senão te descobrirão. Proteja o Scott e confie nele o tempo todo, pois é isso que companheiros devem fazer, proteger um ao outro e confiar um no outro sempre.

— Eu vou protegê-lo, custe o que custar — falei, decidido, e meu pai sorriu, e acabamos voltando a dobrar as roupas. — Eu sei que consigo fazer isso.

Meu Pai assentiu com aprovação enquanto continuávamos a arrumar as malas.

— Tenho certeza de que você fará um ótimo trabalho, Zack. E lembre-se, mesmo sendo um lobo, você terá que se adaptar às maneiras dos mundanos e agir com discrição. Os tempos mudaram desde a última vez que estive lá.

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Quando terminamos de dobrar as roupas, as coloquei nas malas, junto com alguns produtos de higiene pessoal, e saí do meu quarto, sabendo que não o veria por um longo tempo.

Fomos nos juntar aos outros e já vi os irmãos So-jeff ali de pé, e o tal do Rol, que parecia melhor, só olhava para Carmuel com ódio.

— Por que esse clima tenso aqui na sala? — Pai São perguntou. — Vejo que você está melhor, Rol!

— Estou, muito bem. Obrigado por me receber na sua alcatéia após o ataque que sofri — Rol falou sorrindo friamente.

— Devíamos ter deixado esse beta morrer! — Carmuel falou com raiva.

— Cara, qual é o seu problema comigo? — Rol perguntou já com raiva. — Tentou me humilhar e me xingar no meu trabalho. Quando me viu abrir os olhos na enfermaria, falou que eu devia morrer. O que diabos eu te fiz, sendo que nunca te vi na minha vida?

— Meu problema não é com você! — Carmuel falou e ficou de frente para Rol em segundos. — Odeio todos os betas do mundo e aqueles que tenho que salvar com a flor da minha alcatéia.

Rol rosnou de ódio e Carmuel fez o mesmo, ambos prontos para brigar um com o outro.

Senti os feromônios do Carmuel e todos se afastaram, exceto eu, meu pai Ridard, Gabriel e Lídia; o resto se afastou. E, para minha surpresa, Rol ficou encarando Carmuel sem perder um minuto sequer a compostura.

— Chega, os dois — Lídia falou e com um brilho roxo separou os dois. — Não, vamos lutar, mesmo que eu queira ver uma luta entre um alfa dominante e um beta que controla a magia dos deuses.

— Desculpem pelo meu irmão — Tri falou. — Ele não quer lutar com ninguém. O líder da minha alcatéia não seria tão burro a esse ponto.

Lídia olhou para a garota e mandou o irmão até ela.

— Controle ele, não gosto de desrespeito a um jovem soldado — Lídia falou desfazendo a magia, fazendo Carmuel e Rol caírem no chão. — E como falaram, vão ficar um tempo na cidade.

— Sim, vamos ficar um tempo para que eu possa treinar o Rol sobre o que sei das mágoas dos Deuses — Tri falou. — Espero que não tenha problema.

— Não tem, só deixe esse idiota longe de mim — Rol falou, apontando para Carmuel.

— Isso vai ser interessante — Lídia falou, olhando para todos na sala. — Vamos ver no que tudo isso vai dar.

A tensão na sala começou a diminuir gradualmente após a intervenção de Lídia. Todos se dispersaram, e o clima ficou mais ameno.

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Gostaram?

Até a próxima 😘


Líder da Alcatéia (ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora