- Vamos lá. – Adrian abre a porta corrediça do bonde, que está suspenso acima do Pentágono.
Ele não precisa continuar a frase para que eu entenda seu real objetivo. Engulo em seco e puxo Kim pelo ombro. Olhamo-nos de relance antes de descermos a escada que encaminha para o prédio.
- Não estamos tão alto assim. – eu digo.
Tomo fôlego e ponho as mãos nos bolsos. A altura não é tão confortável e sibilo um palavrão quando meu corpo é atingido pelo vento frio. Kim caminha e para ao meu lado. Um sorriso em seus lábios demonstra que ela está aceitando bem a adrenalina.
Os outros Híbridos se juntam a nós e observo a execução de Adrian. Ele desce a escada com sua expressão séria e majestosa, tão imponente quanto um pavão. Ele acena para que nós desçamos e é o que fazemos, em uma fileira compassada.
Uma vez no terraço do prédio, ando em direção à borda e estico o pescoço para olhar para baixo. Vejo que grande parte dos Híbridos já está lá em baixo, fitando-nos, e concluo que devemos ser o último grupo a descer. O sol não é muito forte e já consigo ver uma lua apagada no céu.
- Vamos ter que pular de novo? – um garoto atrás de mim chamado Kol questiona, as mãos na cintura.
- Não dessa vez. – diz Adrian.
O mentor caminha para o centro do prédio e agacha, retirando uma grade quadriculada que está no chão. Retirando o metal, há um buraco escuro com uma escada de corda presa na borda. A saída de emergência.
- Desçam e encontrem os outros. – ele adiciona. – Eu encontro vocês lá embaixo.
Antes que alguém abra a boca, Adrian corre para a borda e abre os braços, jogando-se. Lanço meu corpo para observar sua desenvoltura e vejo-o cair com tremenda precisão, as bases dos membros fixas ao chão, como um gato. Lembro da desenvoltura de Gaia, sempre atenta e treinada. E rígida.
Entre murmúrios, espero que o burburinho acabe enquanto os outros descem e logo é minha vez. Tento não concentrar o peso do corpo nas pernas para que me sinta mais segura. A escada não toca precisamente o chão, ficando a cerca de um metro acima. Largo as cordas e salto, caindo um pouco mais equilibrada.
Entramos em um elevador e descemos para um salão enorme. Do lado de fora, os Híbridos parecem receber informações extras de seus mentores. Nosso grupo encontra Adrian e o acompanha até uma espécie de palanque em frente ao Pentágono. Um homem de cabelos brancos chamado Jonathan mantém um vinco em sua testa. Adrian e os outros mentores se juntam a ele no palanque.
- Este será o primeiro desafio de muitos que terão de enfrentar. – diz Jonathan, inerte. – Nosso primeiro teste consistirá em medir a resistência de seus corpos. Enquanto escalarão o edifício, os mentores avaliarão seu desempenho e enviarão informações a respeito de sua desenvoltura. A escalada vai refletir na força dos braços e pernas, por isso pensem nos aleijados e mutilados que poderão ser beneficiados com medicações que podem ser produzidas através do estudo de seus corpos.
Há ironia na voz de Jonathan. É, talvez eles gostem mesmo de criar pânico. Antes que Jonathan volte a falar, Gaia se posta à frente do microfone.
- Antes que perguntem, enquanto vocês executam o teste, informações de seus genes são enviadas para a nossa Sala de Controle e diretamente para nossos Infomax. – Gaia aponta para a prancheta eletrônica. – Assim, os governantes desenvolvem substâncias capazes de melhorar a capacidade de seus músculos e criarmos vacinas contra paralisia, atrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica, dentre outras doenças.
- Maneiro! – alguém sussurra atrás de mim.
- Continuando – adiciona Jonathan. –, vocês serão divididos em pares para que escalem. Não me perguntem como, mas terão que fazer isso de alguma forma. Terão de escalar juntos, da maneira que acharem melhor. Para isso, vocês precisarão obter confiança um no outro.
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Indomável
ActionEm meio a um clima de ação, romance e mistério... Tessa Drummond nunca acreditou que pudesse ser indomável. Vivendo em um Brasil distópico, no ano 2172, Tessa deverá enfrentar desafios que exigirão muito mais daquilo que ela acredita ser capaz de co...