Indomável

20. QUANTO TEMPO DURA A VITÓRIA

Quando deixamos o Aviax na frente da Sede, somos recebidos com aplausos e gritos de vitória. Pode até parecer loucura, mas sinto como se essa fosse a primeira vez em que somos uma família. Lembro de uma vez, quando Kim falou que aqui seria nossa nova casa.

Bem, ela acertou em cheio. Enquanto nos abraçamos, todos os mentores do complexo se alinham no centro com sorrisos largos em seus rostos e expressões receptivas.

- Vocês mostraram o verdadeiro espírito de ser um Híbrido. – diz Jonathan, sua voz um pouco rouca. – Atingimos nosso objetivo de ganhar a taça do desafio coletivo, mas alcançamos algo ainda mais imensurável. Em três dias estarão voltando para casa com a plena certeza de que estamos todos lutando por uma mesma causa: defender o nosso povo.

Comentários afáveis se pronunciam ao nosso redor. Gaia ergue o braço para que façamos silêncio e então fala:

- Como forma de retribuição, hoje, em nosso Salão de Festas, haverá uma cerimônia de despedida. Hoje receberão trajes de festas novos e, à noite, iniciaremos por volta das oito.

Há gritos e ovações entre a multidão. Não me contenho e também aplaudo.

***

- Vamos logo, Tessa! – Kim me chama.

Saio do dormitório timidamente, limpando o suor das mãos no vestido. Olho-me uma última vez no espelho. Meu vestido é dourado, com uma longa cauda preenchida com pedras preciosas que cintilam sob a luz. Kim me ajudou a fazer um penteado diferente, prendendo meu cabelo para trás em um coque ruivo e sedoso.

Quando deixo o dormitório, vejo Kim em um vestido azul belíssimo que realça o tom de sua pele e a beleza de seu rosto.

- Você está linda. – ela diz, boquiaberta.

- Obrigada. Você também está magnífica. Você acha que Kol vai gostar? – eu digo, dando um giro.

- É claro que sim. – Kim está excitada. – Você vai ser a garota mais bonita da festa.

- Não exagere.

Olho para o relógio na parede e noto que faltam quinze minutos para a cerimônia começar. Pego minha bolsa de mão, também dourada – que está vazia, mas segundo Gaia, serve para manter o glamour – e sigo com Kim para o elevador.

Quando chegamos ao salão, Kim é a primeira a sair e sussurra algo para Kol. Ele ainda não me viu, mas quando saio do elevador, noto uma expressão perplexa em seu rosto. Desço as escadas ao ritmo de uma música lenta sendo tocada no piano por Silvia, que surpreendentemente, é bastante habilidosa com instrumentos musicais.

No entanto, meu pensamento está fixo nele. Ele está lindo trajado em um smoking preto com gravata borboleta.

Quando estou no último degrau, ele estende a mão para mim e aceito de forma tímida.

- Você está linda. – ele fala, mas diferentemente de Kim, ele não parece eufórico e sim, encantado.

- Obrigada. – eu digo, mirando em seus olhos. – Você também está muito bonito.

Passamos o restante da noite entre conversas, abraços e beijos. Não toco na bebida, mas noto que alguns Híbridos perdem seu estado casual sob o efeito do álcool.

Sento à mesa próxima ao balcão, onde meus amigos estão próximos. Dimitri está ao lado de Kim, com um blazer branco e bem ajustado aos músculos do seu corpo. Kol põe um ombro ao redor de mim, brindando com os demais.

- Tem certeza que não quer champanhe? – ele indaga. – Não precisa tomar muito.

Aceito sua taça e dou um gole curto. A bebida tem um sabor adocicado, mas é um pouco ardente quando passa pela garganta. Não evito uma careta, que provoca risos nos demais.