8. O PESAR DA DERROTA

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- Você conseguiu. – a voz de Kol ainda está lá, o hálito quente sobre meu ouvido. Sua respiração está falha, oscilando constantemente.

- Nós conseguimos. – falo, ofegante. – Não teria conseguido se você não estivesse aqui.

Trocamos sorrisos e olho para baixo. Os Híbridos ovacionam e escuto gritarem nossos nomes. Brendolf e Pietro, que estavam em vantagem enquanto Kol me carregava nas costas, atingem o topo logo em seguida. Kim e Silvia são as últimas a chegarem, também cansadas.

A mão de Kol ainda está sobre a minha, mas não tenho mais forças nem para ficar corada.

- Teresa e Michael foram os primeiros a chegar. – a voz de Jonathan ecoa de um auto-falante. – Queremos que desçam pela saída de emergência e nos encontrem aqui embaixo. Parabéns.

Subimos para o topo do Pentágono sob aplausos. Estendo uma mão para Kol subir e, quando o faz, me prende em um longo abraço. Seus braços apertam minhas costas, onde ele estivera, trazendo um pouco de conforto.

- Conseguimos. – eu digo.

- Graças a você. – diz Kol, seus olhos vidrados em mim.

- Não. Graças a nós.

E mais uma vez seu sorriso se esbanja e eu retribuo. Ele me abraça novamente e seus músculos estão me tocando. Pietro retira a grade e descemos através da escada. Depois de pegarmos o elevador e seguirmos para a entrada, somos recebidos por uma onda de aplausos. Alguns dos Híbridos até mesmo abrem passagem, o que me deixa envergonhada no papel de ser o centro das atenções juntamente a Kol.

- Você mandou bem! – alguém grita em meio à multidão.

Um dos amigos de Kol o coloca sobre os ombros e ele dá uma última olhada para mim antes que seja levado pela multidão. Jonathan se posta no palanque, mantendo a expressão sempre séria. Os mentores devem estar acostumados a isso. Trabalham com Híbridos há anos, portanto uma vitória em um teste não deve significar muito.

- Este foi um teste de iniciação. – diz Jonathan. – Parabéns aos nossos Híbridos que souberam trabalhar juntos e concluíram a missão. Tessa e Kol, vocês terão uma recompensa que será informada em sigilo para contemplá-los pela vitória. Agora descansem enquanto aguardamos o Aviax retornar. Próxima rodada. As duplas já podem se posicionar!

Quando chegamos à Sede, ainda sou parabenizada pelos meus colegas e recebo algumas palmadas no ombro. É bom ter um pouco de reconhecimento. Kol também parece estar sendo bastante paparicado, pois duas garotas que reconheço como minhas colegas de quarto, Kelly e Michelle, estão com os braços entrelaçados aos seus.

- Tessa?

Giro em meus calcanhares e Kim para ao meu lado, esbarrando em meu ombro e rindo.

- Parabéns.

- Obrigada. – eu falo, retribuindo o riso.

Caminhamos para o refeitório, passando pelos corredores da academia e outras salas.

- Você se deu bem. – Kim fala. – Fazendo dupla com o Kol. Ele é lindo. Deve ter sido maravilhoso ser carregada por ele...

- Também não exagera. – eu digo, ironizando. – Foi um golpe de sorte.

- Abençoado seja esse sistema. – Kim fala, rindo. Seu braço está em volta de meus ombros. – Eu que não aguentaria carregar a Silvia nas costas pelo Pentágono inteiro.

Não contenho o riso e balanço a cabeça. É bom conversar com Kim. Ela me traz uma sensação de paz e me proporciona momentos em que posso soltar o riso sem ser por nervosismo.

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