12. A PRIMEIRA PISTA

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Quando voltamos para o ponto de partida, os Híbridos esvaem-se em urros e ovações, erguendo Kim e Silvia para o alto. Puxo Kol para perto de mim, observando sua expressão fria. Era para Kim ter disparado aquele dardo e isso não foi possível graças a ele.

- É melhor ter um bom motivo para ter feito aquilo. – eu falo, prendendo-o a uma árvore.

- Era o que você queria, não? – sua voz é impassível.

Não acredito que estamos discutindo. Qual é, eu pedi por isso. Não sei ao certo o porquê de estar aturdida, mas algo em mim insiste em relutar.

- Você deveria pensar mais em si mesma. – diz Kol, por fim. – Onde está a promessa de que tentaria ser a melhor entre todos?

Fico em silêncio por um minuto, sentindo o vento soprar em meus cabelos e trazendo recordações de casa.

- Você viu o que Brendolf fez com aquele garoto? – eu falo, pondo as mãos na cintura.

- O que aquilo tem a ver com a sua atitude? – ele indaga, perplexo. – Por isso sempre digo que mulheres são complicadas de entender.

- Não, não é isso. – eu aceno, sugerindo para que me siga mais adentro na floresta. – Brendolf não estava só encurralando aquele garoto. Ele estava perguntando por algo. Um pen drive. Seja lá o que ele contenha, você acha que teria uma justificativa plausível para tentar tirar a vida de alguém?

Kol comprime os lábios, prendendo seus olhos azuis aos meus.

- O que você está pensando em fazer?

Respiro fundo, afastando uma mecha de cabelo para trás de minha orelha. Seja lá o que estiver guardado naquele pen drive, deve ser algo irrevogavelmente importante para que Brendolf ataque alguém. O modo como seus olhos o preenchiam de fúria era atormentador.

- Não percebe? Se o pai de Brendolf pagou para que o filho, mesmo doente, conseguisse entrar no Sistema... E ele anda por aí ameaçando alguém com uma arma de verdade... Algo ruim está por trás disso tudo.

Kol parece aturdido, perdido em uma nuvem de pensamentos.

- Há alguma coisa nesse pen drive que pode colocar a vida de todos aqui em jogo. – ele conclui. – Conhecendo Brendolf e sua família, não ficaria surpreso.

- Gaia nos mostrou a sala de controle uma vez. – eu digo.

Kol direciona seu olhar para mim de forma confusa e, ao mesmo tempo, esboçando uma expressão desafiadora.

- Você está falando em... Invadir?

- Não foi bem isso o que eu quis dizer. – minha voz soa trêmula. – Quem sabe o que pode conter naquele pen drive? O que poderia ter nele a ponto de fazer Brendolf apontar uma arma de verdade para alguém e ainda por cima, escondido de todos?

Kol morde o lábio inferior, um pouco ressecado. O sol banha seus cabelos escuros, revelando tons castanhos até agora não descobertos.

- Não escutei tudo o que diziam, mas provavelmente tem a ver com o 1º Eixo.

- E pelo quê o 1º Eixo é responsável? – pergunto de forma retórica.

Um silêncio profundo destaca-se entre nós até que Henry aparece, acenando para que sigamos em frente. Caminhamos com os demais Híbridos pela orla da floresta, a fim de retornar ao Aviax. Enquanto me desvencilho da grama alta, Kol surge em meu encalço:

- Há uma maneira de descobrir se tem alguma possibilidade do pen drive estar envolvido com o Sistema de Híbridos. Aquele garoto – Kol acena para o garoto encurralado há algumas horas. –, soube que chama Dimitri. Ele deve saber o que está por trás disso.

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