14. NA TOCA DO LOBO

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Tento recuperar o fôlego enquanto subimos para o dormitório dos garotos. Ainda não consegui processar o que aconteceu, mas acho que não nos contaram que planejaram armadilhas altamente perigosas para este desafio.

Quando as portas são abertas, caminhamos para o quarto. Está vazio e mantém o estilo bagunçado natural da maioria dos garotos. Papai sempre me disse que nunca deveria criticar um lugar de garotos, pois aquele era o pequeno paraíso deles.

- Aquela é a cama de Brendolf. – Kol aponta para a cama.

Enquanto ele vasculha em baixo do colchão, abro as gavetas de uma pequena cômoda, à procura do pen drive ou qualquer informação possível relacionada à minha mãe.

- Encontrou alguma coisa? – eu digo, tateando a gaveta de camisetas.

- Nada. – diz Kol, baixando o colchão.

Vasculhamos também a cama de Pietro e de outros garotos do bando de Brendolf, porém sem sucesso. Ouço o som de madeira rangendo e olho para trás.

Como um lobo vigiando sua toca, Brendolf está parado à porta, apontando um revólver. O mesmo que usou para ameaçar Dimitri.

- O que estão fazendo aqui? – ele grita, atônito. – A mãe dos Renegados e o traidor.

- Abaixe a arma, Bren. – é a primeira vez que escuto Kol chamá-lo pelo apelido. Talvez eles fossem amigos antes dos últimos acontecimentos.

- O que você vai fazer se eu não abaixar? – diz Brendolf. – Algo parecido com isso?

Ele dispara para uma lâmpada, que explode em mil cacos.

- Vamos lá, campeões. – noto o tom de ironia em sua voz e eu não gosto disso. Olho de relance para Kol, que está boquiaberto. – Então, o que vão fazer comigo, hein?

- Eu não sei o que eles irão fazer. – uma voz familiar soa. – Mas sei o que eu farei.

Um dardo acerta as costas de Brendolf, que cai sobre os joelhos. Ele atira novamente, mas a dor o faz largar a arma. De soslaio, consigo ver uma silhueta alta e esguia na soleira da porta.

Dimitri.

Ele finalmente deu o troco.

- Vamos embora. – diz Dimitri, baixando a arma. – Ele não é um Híbrido. Um verdadeiro soldado não precisa de uma arma de fogo para demonstrar que é forte.

Respiro fundo e olho para Kol. Um silêncio permanece entre nós até que Dimitri caminha, acenando para que o sigamos. Andamos os próximos minutos de forma descontraída, porém com os ouvidos sempre apurados.

Quando viramos o corredor para uma sala vazia, eu pergunto:

- Como você sabia que estaríamos aqui?

- Eu não sabia. – diz Dimitri. – Eu vim aqui porque queria dar uma lição no Brendolf. Por isso o segui. O que encontraram?

Kol põe as mãos nos quadris, esboçando uma expressão vazia.

- Nada. Aparentemente ele não tem nada demais lá.

E novamente voltamos para a origem do sistema. Passo as mãos por meus cabelos, que parecem mais avermelhados sob a luz que trespassa as venezianas. Dimitri levanta um pouco a camisa, revelando três armas-âncoras em seu cinto.

- Onde conseguiu isso? – eu digo.

- Peguei na sala do Jonathan. – Dimitri sorri. – Estão vendo aquele prédio? – ele aponta para o edifício à frente, o qual também pertence à Sede. – Kim descobriu que aquele é o ponto de chegada. Como não podemos pular...

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