Tento recuperar o fôlego enquanto subimos para o dormitório dos garotos. Ainda não consegui processar o que aconteceu, mas acho que não nos contaram que planejaram armadilhas altamente perigosas para este desafio.
Quando as portas são abertas, caminhamos para o quarto. Está vazio e mantém o estilo bagunçado natural da maioria dos garotos. Papai sempre me disse que nunca deveria criticar um lugar de garotos, pois aquele era o pequeno paraíso deles.
- Aquela é a cama de Brendolf. – Kol aponta para a cama.
Enquanto ele vasculha em baixo do colchão, abro as gavetas de uma pequena cômoda, à procura do pen drive ou qualquer informação possível relacionada à minha mãe.
- Encontrou alguma coisa? – eu digo, tateando a gaveta de camisetas.
- Nada. – diz Kol, baixando o colchão.
Vasculhamos também a cama de Pietro e de outros garotos do bando de Brendolf, porém sem sucesso. Ouço o som de madeira rangendo e olho para trás.
Como um lobo vigiando sua toca, Brendolf está parado à porta, apontando um revólver. O mesmo que usou para ameaçar Dimitri.
- O que estão fazendo aqui? – ele grita, atônito. – A mãe dos Renegados e o traidor.
- Abaixe a arma, Bren. – é a primeira vez que escuto Kol chamá-lo pelo apelido. Talvez eles fossem amigos antes dos últimos acontecimentos.
- O que você vai fazer se eu não abaixar? – diz Brendolf. – Algo parecido com isso?
Ele dispara para uma lâmpada, que explode em mil cacos.
- Vamos lá, campeões. – noto o tom de ironia em sua voz e eu não gosto disso. Olho de relance para Kol, que está boquiaberto. – Então, o que vão fazer comigo, hein?
- Eu não sei o que eles irão fazer. – uma voz familiar soa. – Mas sei o que eu farei.
Um dardo acerta as costas de Brendolf, que cai sobre os joelhos. Ele atira novamente, mas a dor o faz largar a arma. De soslaio, consigo ver uma silhueta alta e esguia na soleira da porta.
Dimitri.
Ele finalmente deu o troco.
- Vamos embora. – diz Dimitri, baixando a arma. – Ele não é um Híbrido. Um verdadeiro soldado não precisa de uma arma de fogo para demonstrar que é forte.
Respiro fundo e olho para Kol. Um silêncio permanece entre nós até que Dimitri caminha, acenando para que o sigamos. Andamos os próximos minutos de forma descontraída, porém com os ouvidos sempre apurados.
Quando viramos o corredor para uma sala vazia, eu pergunto:
- Como você sabia que estaríamos aqui?
- Eu não sabia. – diz Dimitri. – Eu vim aqui porque queria dar uma lição no Brendolf. Por isso o segui. O que encontraram?
Kol põe as mãos nos quadris, esboçando uma expressão vazia.
- Nada. Aparentemente ele não tem nada demais lá.
E novamente voltamos para a origem do sistema. Passo as mãos por meus cabelos, que parecem mais avermelhados sob a luz que trespassa as venezianas. Dimitri levanta um pouco a camisa, revelando três armas-âncoras em seu cinto.
- Onde conseguiu isso? – eu digo.
- Peguei na sala do Jonathan. – Dimitri sorri. – Estão vendo aquele prédio? – ele aponta para o edifício à frente, o qual também pertence à Sede. – Kim descobriu que aquele é o ponto de chegada. Como não podemos pular...
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Indomável
AksiyonEm meio a um clima de ação, romance e mistério... Tessa Drummond nunca acreditou que pudesse ser indomável. Vivendo em um Brasil distópico, no ano 2172, Tessa deverá enfrentar desafios que exigirão muito mais daquilo que ela acredita ser capaz de co...