Enigmas

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IV – COMPETIÇÕES DE ABRIL

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CAPÍTULO XXVII - ENIGMAS

Diferente de quando saímos de casa, o caminho de volta para Hawkins teve um trânsito muito mais pesado e caótico. Suspiro, frustrada, vendo a enorme fila de carro que se fazia na rodovia principal que ligava Gas City a Hawkins. Observo a carta em minha mão e a chave dourada que brilhava em meu colo, que me trazia uma das poucas recordações que tenho de minha mãe sem estarmos brigando por nunca conseguirmos concordar uma com a outra.

- E então, Cait? Quando vai nos contar o lugar onde nós estamos indo e como você descobriu o lugar onde sua mãe escondeu as provas? - Pergunta Haru, sem esconder a curiosidade que sentia. - Eu li diversas vezes essa carta e ainda não faço ideia de onde estes documentos estão. Pela forma como você reagiu, tem alguma coisa a ver com a música que sua mãe cantava para você. Por acaso ela enterrou as provas em um jardim? Ou está em uma biblioteca? Quer dizer, ela cita William Shakespeare, certo? Isso por acaso é um código de vocês duas?

- Acho melhor você contar de uma vez por todas tudo o que sabe ou ela não vai parar de falar. - Afirma Natsu com um sorriso divertido, enquanto a irmã revira os olhos e dá língua para o rapaz de cabelos platinados, que ri ainda mais e balança a cabeça de forma negativa. - Está vendo como ela é super madura?

- Cala a boca, Natsu-nii. - Resmunga a garota de extravagantes cabelos escarlate. Ela então me encara com seus olhos pidões, quase como um daqueles animais fofos que nos encaram com esperança de receber carinho. - Eu não aguenta mais de curiosidade. Por favor, Cait, fala logo. Para que fazer tanto mistério?

Rio do comportamento desesperado da garota, que mais se assemelhava a uma criança e não uma mulher de vinte e cinco anos. Vejo meu namorado também me encarar com expectativas. Ele também estava segurando a curiosidade que sentia para saber como eu descobri a possível localização dos documentos que comprovam a participação de Ted Wheeler no Projeto MKUltra e dá mais detalhes dessa pesquisa que foi responsável por inúmeras mortes.

 - Tudo bem. - Respondo, rindo. Volto a encarar a carta deixada por minha mãe na loja de penhores e suspiro, observando o terrível engarrafamento a nossa frente. - Desde que eu me lembre, minha mãe e eu nunca nos demos bem. Nossas personalidades difíceis de lidar e a impaciência característica de nossa família nos faziam estar sempre em conflito. A única coisa que nós conseguíamos concordar era quando o assunto envolvia pesquisas científicas. Como pesquisadoras natas, procurar por novas descobertas era uma paixão que nós duas compartilhávamos.

"Por causa disso, ao invés de me levar para parquinhos ou locais onde geralmente os pais levam os filhos para que eles gastem a energia quase infinita deles, minha mãe me levava a locais onde pudéssemos pegar amostras para realizar pesquisa e explorações acadêmicas. Eu amava visitar os lugares exóticos que ela sempre encontrava ao redor de Hawkins. Ela foi a minha primeira e mais forte fonte de inspiração para me tornar pesquisadora." - Conto, sorrindo nostálgica. - Havia um lugar em especial que eu amava visitar. Em um trecho isolado do Rio White , nós encontramos uma pequena cachoeira quase inexplorada cercada por muita vegetação e animais exóticos. Ao ler essa carta, eu me lembrei daquela época. E mais do que isso, passei a pensar sobre em que momento ela começou a cantar essa música. Foi então que comecei a procurar pistas na letra e descobri o que ela quis dizer.

- E o que ela quis dizer? - Pergunta Barry, encarando-me com curiosidade.

- Quando eu prestei atenção na forma como minha mãe escreveu a música, eu notei algo bastante interessante. - Afirmo, voltando a encarar a carta em minhas mãos. - Se vocês prestarem atenção na forma como ela escreveu, minha mãe separou a música por versos em estrofes de maneira incomum.  Sete versos na primeira estrofe da música,  dois versos na segunda estrofe, três versos na terceira e cinco estrofes na última. Minha mãe sempre teve problemas com harmonização. Jamais permitiria que algo assim acontecesse.  Então gravei em minha mente os números 7, 2, 3 e 5. Em seguida, eu prestei atenção nas primeiras letras dos versos e então, eu tive certeza de onde ela escondeu as provas.

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