Mirakuru

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IV – COMPETIÇÕES DE ABRIL

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CAPÍTULO XXI - MIRAKURU

O silêncio que se fazia era quase ensurdecedor. Depois de fecharem a loja, Natsu, Aki e Haru nos guiavam pelas ruas desertas e sombrias de Tóquio. Aquele lugar não parecia em nada com a paisagem brilhante e divertida que presenciamos no festival. Mesmo sendo madrugada, eu sentia o clima abafado e úmido do verão nos sufocando. 

Em determinado momento, com nossos passos sendo o único som presente em um dos becos em que entrávamos, Natsu para de frente a uma porta que estava escondida em meio a escuridão da noite. Aki tira uma chave que guardava dentro do bolso de sua calça e olha em volta, como se confirmasse que havia apenas nós naquele lugar.

A mão de Barry aperta a minha, em um sinal claro de que estava preparado para correr se fosse preciso. Engulo em seco, tentando conter a minha ansiedade. A demora por respostas e toda a situação em que estávamos me deixava com os nervos a flor da pele. Mas o que me surpreende é sentir a mão de Haru sobre o meu ombro.

Assustada, viro-me para encarar a garota de cabelos vermelhos escarlates, que sorri, provavelmente se divertindo com a cara que eu havia feito. Barry também se vira para encarar a garota. Respiro fundo, tentando me acalmar. O nervosismo não nos levaria a lugar algum e ainda me impediria de agir se fosse necessário.

- Vocês são tão desconfiados. - Comenta Haru, rindo. - Não se preocupem. Não vamos machucar vocês. Se fossemos fazer isso, teríamos feito muito antes. Vocês deixaram muitas brechas desde que chegaram a Tóquio. 

- Vamos. - Avisa Aki, abrindo a porta. 

Sem dizer nada, Natsu e Haru entram. Barry e eu nos encaramos antes de entrar. Aki fecha a porta e somente nesse momento percebo que o lugar era uma espécie de galpão abandonado com várias ferramentas e outros equipamentos que eu não conseguia identificar que estavam espalhados pelo lugar. Por estar escuro, eu não conseguia ver muita coisa e com a bagunça que estava o lugar, eu não fazia ideia do motivo de estarmos ali.

- Cuidado onde pisam. - Alerta Aki, logo atrás de nós. - Esse lugar tem muitos objetos perigosos.

Seguimos os irmãos até uma sala que ficava ao fim do depósito. Aki pega mais uma chave e abre a porta da sala. Eu estava começando a me perguntar qual o sentido de tantas portas e mistérios. Ao entrarmos, noto então que aquele lugar era um escritório. Havia uma grande prateleira de livros, uma mesa de madeira com cadeiras antigas, um sofá e um tapete que cobria boa parte do chão da sala. Natsu retira então o tapete e revela mais uma porta no piso que estava escondida. Ele levanta a porta com um pouco de dificuldade e Aki e Haru começam a descer pelas escadas que levavam ao andar inferior.

- Para onde vocês estão nos levando? - Pergunta Barry a Natsu com determinação. - Não iremos a lugar algum até que nos digam.

- Entendo que estejam inseguros, mas precisam confiar em nós. Eu prometo que vamos contar tudo o que vocês quiserem saber. - Afirma o rapaz de cabelo platinado, aproximando-se de nós. Ele me encara intensamente e dá um bonito sorriso malicioso. Era como se eu estivesse diante daqueles bad boys de filmes que com apenas um olhar consegue nos fazer suspirar. No mesmo instante, Barry entra na minha frente, impedindo que eu conseguisse ver Natsu.

- Sem gracinhas. - Resmunga Barry, enciumado. Preciso rir de seu comportamento. Mesmo em uma situação extrema como nós estamos, ele não deixa de lado a sua insatisfação pelos olhares de Natsu sobre mim. Aquilo era adorável. Se fosse em outro momento, eu talvez aproveitaria a cara de pau de Natsu apenas para provocar Barry. Eu nunca me canso de ver como ele fica fofo quando está com ciúmes.

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