Confuso

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Camila sorria olhando para as duas bandejas. As travessas e pratos de Lauren estavam limpos, sem nenhum sinal do que havia antes.

— Se sente melhor, Lauren?

— Claro... — Ela assentiu com a cabeça. Segurando a caneca de café, se recostou no travesseiro. — O café é ótimo!

— Quer mais um pouco?

— Sim. — Ela bebeu tudo e entregou a caneca. — Por favor. — Seus olhos brilhavam enquanto a fitava.

Camila sorriu e deixou o quarto. Momentos depois, retornou com um bule de vidro pela metade.

— Não é bom para você... você sabe! — ela anunciou, enchendo as duas canecas com o líquido escuro.

— Por quê?

— Por causa da cafeína, é claro. Afeta os nervos.

— Não tenho nervos. — ele declarou. — E está com um cheiro muito bom...

Camila sorriu, concordando.

— As enfermeiras fazem um café gostoso.

— Eu não falava do café. — ela comentou, sorrindo ao tomar um gole. — Embora também esteja bom.

Camila sentiu um leve arrepio lhe percorrendo a espinha.

— A que se referia, então? — ela perguntou, apesar de suspeitar da resposta.

Os olhos de Lauren adquiriram um brilho sensual.

— A você... esse seu perfume é delicioso! — A voz dela se tornou baixa e rouca. — Me faz pensar em noites suaves... cheias de luar. Eu gosto... do cheiro, e da sensação que me dá.

A emoção de Camila se intensificou. Determinada a não pensar em noites de luar, temendo uma reação proporcional ao elogio, ela avançou para se sentar na cadeira ao lado da cama, mas não conseguiu conter um suspiro espantado quando ela a segurou pelo pulso.

— Você também está emocionada, não é? — A voz dela estava mais baixa e rouca que antes.

— Não! — ela exclamou, enfatizando a negação balançando a cabeça. — Não sei o que você quer insinuar.

Excitada, ela tentou libertar o pulso. Lauren apertou os dedos, sem causar dor, mas de um modo estranhamente seguro e sensual.

— Negue outra vez, se for capaz. — Lauren sorriu, tomando dois longos goles do café e deixando a caneca ao lado da outra na bandeja.

— Fique mais um pouco aqui comigo. — Lauren suplicou, a segurando pelo braço.

O coração de Camila disparou. Aquela mulher, perigosamente atraente, aniquilava o bom senso dela. Mas logo Camila controlou a emoção, usando de toda sua força de vontade, e lhe lançou um olhar de reprovação.

— Pode largar meu braço, por favor?

Lauren, então, lhe soltou o pulso.

— Você fala tanto que provavelmente o ferimento abrirá de novo... — ela interrompeu, se afastando da tentação.

— Não vai acontecer isso. Estar ferida nunca atrapalhou minha vida!

Camila a encarou boquiaberta.

— Já foi baleada antes?

Ela concordou com um gesto de cabeça.

— Duas vezes. Uma na perna e a outra no ombro.

— É incrível!

— Não muito. Sou uma mulher da lei, afinal.

As palavras impressionaram Camila. Mulher da lei? Ouvira uma vez a expressão "homem da lei" num filme de cowboy na televisão.

Viajante - Camren GpOnde histórias criam vida. Descubra agora