Tão Estranho

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Que ideia maluca era aquela de lhe oferecer abrigo em sua casa?

Lauren era uma estranha, não apenas para ela mas para toda a comunidade. Camila se arrependera do convite impulsivo momentos depois de tê-lo feito, mas não tivera coragem de retirá-lo. Lauren parecia tão perdida e vulnerável...

Enquanto ela se questionava, Lauren avaliava o apartamento. Ao vê-lo aí, reduzindo as dimensões de seu espaço particular, Camila sentia-se cada vez mais agitada.

Trinta horas haviam se passado desde que ela a convidara, e durante aquele tempo cada minuto tivera uma atividade programada.

A reação de Lauren à oferta fora imediata e agradecida, seguida de uma pergunta sobre quando ela poderia deixar o hospital. Ela vira o ferimento quando Camila trocara o curativo, e sabia que estava quase cicatrizado. Alegando estar forte o bastante para enfrentar um leão da montanha, Lauren a pressionou para libertá-la.

Como a opinião profissional de Camila coincidia com o argumento, ela propusera um acordo, se comprometendo a lhe dar alta se ela se comportasse por mais um dia. Lauren prometeu que obedeceria às determinações médicas e Camila não teve opção senão manter a promessa.

Analisando a situação, ela decidira que quanto mais cedo Lauren estivesse instalada em seu apartamento, e longe dos olhares e perguntas curiosos, melhor.

O primeiro olhar curioso ela enfrentou quando estavam para deixar o hospital. Levando o formulário de entrada, o qual ela e Lauren haviam refeito e, em sua opinião, criado uma bela obra de ficção, ela deparara com Normani Kordei, a jovem patrulheira que estivera presente ao local da chegada de Lauren ao século XXI.

— Vou ver sua paciente. — Normani anunciou. — Parei aqui esta manhã antes de deixar o serviço, mas a enfermeira me disse que ela estava dormindo. — Ela sorriu com um ar cansado. — Preciso de algumas informações para o relatório. Espero conseguir encontrá-la acordada.

— Lamento, Normani. Acabo de sair do quarto, e ela estava dormindo. — Camila mentiu: — Talvez eu possa ajuda-la. — Ela mostrou o formulário de entrada. — Tenho todas as informações importantes sobre ela, mas devo avisá-la de que não são muitas.

— Veremos. — Normani resmungou, examinando o papel. Retirando um bloco do bolso, ela tomou notas. — Ela lhe disse algo sobre o ocorrido?

Camila e Lauren haviam ensaiado uma história, por isso ela estava preparada para a pergunta.

— Sim, mas é quase insignificante.

— Alguns policiais têm mesmo muita sorte. — Normani suspirou. — Certo, estou ouvindo. Pode começar.

— Bem, pelas informações superficiais que ela me deu, calculo que Lauren Jauregui seja um tanto nômade. Não uma qualquer, uma cigana ou algo assim, mas uma andarilha. — ela se apressou a esclarecer. — Como viu no formulário, ela é do Texas... Forth Worth, e passava por Conifer quando o acidente aconteceu.

— Acidente? — Normani arqueou as sobrancelhas, cética.

— Isso mesmo. A Sra. Jauregui insiste que foi um tiro perdido, pois ela não conhece ninguém na região, e não tem inimigos. Ela acredita que talvez tenha sido um disparo acidental, um mero acaso.

Ela prendeu o fôlego quando terminou, segura de que Normani rejeitaria a teoria, mas, para seu espanto, ela só a fitou.

— É possível. — Normani murmurou com ar pensativo. — Ela possuía alguma identificação? Licença de motorista? Número do seguro social?

Viajante - Camren GpOnde histórias criam vida. Descubra agora