Cavalheirismo

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— Qual é o seu nome? — indagou, a fitando com mais curiosidade.

— Lauren Jauregui. — Ela terminou o café. — A que horas mesmo vem o jantar?

— Logo, logo. — Camila a tranquilizou, sorrindo e balançando a cabeça. — Posso continuar?

— Claro, doutora...

— Onde você mora?

— Fort Worth.

Camila ergueu a cabeça, a fitando.

— No Texas?

— Existe outro?

— Mas... — ela recomeçou, intrigada.

— Vamos terminar logo isso? — ela interrompeu, irritada.

— Claro. Qual sua ocupação?

— Delegada dos Estados Unidos.

— Sério?

Camila a fitava com uma expressão admirada. A maneira como os lábios dela tremeram a fez sentir um arrepio pelo corpo como se fosse uma advertência.

— Doutora, acha que eu a enganaria?

— Incrível. — ela revidou. — Não tinha ideia de que o governo dos Estados Unidos contratava delegadas.

Lauren Jauregui não pareceu insultada, mas interessada.

— Como assim? Você acha curioso?

Camila ergueu os olhos para o céu, quase cansada.

— Esqueça! Data de nascimento?

— Treze de junho de 1883.

"Agora chega!" pensou Camila. Não toleraria mais as gracinhas dela por mais um segundo sequer. Levantando a cabeça, a fulminou com o olhar, preparada para explodir, mas as palavras zangadas se perdera em seus lábios quando deparou com o olhar sereno dela.

Ela não estava brincando!

Camila sentiu o cabelo da nuca se arrepiar, e teve a estranha sensação de se encontrar no meio de uma história de ficção científica e terror.

Pigarreou para tentar eliminar o nó na garganta e disse a si mesma para se controlar:

— Quer dizer 1983... não é? — sussurrou apreensiva.

— 1983? — Ela explodiu em gargalhadas. — Moça, você é maluca?

Camila experimentou uma sensação assustadora. Não queria nem pensar, muito menos investigar. Ela estava brincando, se convenceu, ou era completamente louca. Sim, talvez fosse uma louca...

Um arrepio lhe percorreu o corpo quando algumas cenas lhe voltaram à memória: a maneira como ela estava vestida quando a vira pela primeira vez, o modo como ela reagia desde que recuperara a consciência. Fitou novamente seus frios olhos verdes. Agora relembrava a expressão assustadora de seu rosto quando exigira saber o paradeiro do revólver. Aqueles olhos, cuja expressão era curiosa, a deixavam trêmula de medo e angústia.

Não era possível! Ela possuía a aparência e a fisiologia de uma mulher de trinta e poucos anos. A menos que tivesse descoberto a lendária fonte da juventude...

— Está me dizendo que tem mais de cem anos?

Lauren ficou boquiaberta.

— Mais de cem anos? — repetiu, a fitando com um ar desconfiado. — Moça, você é maluca, completamente maluca!

Viajante - Camren GpOnde histórias criam vida. Descubra agora