Pedido

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— Não sei como funciona. — Camila admitiu, impaciente com a própria ignorância. — Mas isso não é importante agora.

Lauren parecia vidrada no programa de Natal.

— Hein? — Lauren virou o rosto e piscou. — Oh, sim, você também não sabe como funciona. Eu também não sei como os automóveis a vapor funcionam, mas vi um. — Ela ergueu as sobrancelhas. — Você já viu algum?

— Se vi um automóvel?

Lauren assentiu com a cabeça.

— Eu tenho um carro.

Lauren franziu a testa.

— Não imagino como alguém pode querer um automóvel. Eles fazem um barulho infernal.

Camila sentiu um arrepio estranho por todo o corpo ao notar outra vez que ela não fingia nem fazia brincadeira de mau gosto. Lauren falava sério. "Talvez", ela ponderou, se sentindo derrotada, "seja melhor pedir auxílio psiquiátrico."

— Por que me olha assim? — ela quis saber, a tirando do devaneio. — O que planeja dentro dessa cabeça linda?

Diante dessas palavras, o primeiro pensamento que cruzou a mente de Camila foi: "Ela me acha mesmo atraente?" Em seguida ela se recriminou. Que diferença fazia se ela a achava ou não atraente? Sua aparência tinha pouco a ver com o assunto.

Ainda assim, um arrepio de prazer a invadiu.

— Não estou planejando nada. Tento apenas descobrir o que você espera ganhar alegando ter sido baleada em Montana em 1918.

Lauren se sentou ereta para lhe lançar um olhar duro.

— Pretendo. — ela anunciou num tom duro e ameaçador. — Descobrir algum sentido nesta história maluca.

Camila sentiu a fúria do olhar dela. Com medo de estar lidando com uma lunática, ela ergueu as mãos num gesto pacífico.

— Está bem, se acalme.

— Não sou criança uma que precisa de papinha na boca e de canções de ninar. — ela rosnou, lhe lançando um olhar fulminante. — Traga minhas coisas!

— O quê? — ela indagou, surpresa. — Por quê?

— Quero minhas coisas agora!

Camila sequer tentou recusar o pedido. Levantou num pulo e foi até o armário, onde estavam as roupas, o chapéu e as botas num saco plástico grande na primeira gaveta. Sem parar para examiná-los, apanhou tudo e franziu a testa diante do peso do saco plástico, depositando tudo sobre a cama.

— Obrigado. — Lauren murmurou com sarcasmo.

— Disponha. — Camila imitou o tom dela. — Posso saber o que pretende fazer com isso?

— Vou lhe dizer. Pretendo sumir daqui.

— Mas não pode! — ela gritou em protesto.

— Não? — Ela sorriu com ironia. — Então espere...

Camila não duvidou dela, mas também sabia que precisava detê-la.

— Não esqueça do ferimento. — ela murmurou, infundindo autoridade no tom de voz. — Não está em condições de deixar o hospital.

Lauren moveu o ombro e fez uma careta de dor.

— Já viajei com ferimentos piores. — Ela a encarou com um olhar quente e brilhante. — É uma pena, mas preciso ir embora. Você é tentadora e eu gostaria muito de conhecê-la melhor... — E suspirou. — Mas prefiro perder a chance porque não suporto ficar aqui ouvindo você me chamar de mentirosa.

Viajante - Camren GpOnde histórias criam vida. Descubra agora