15. ... Nenhum dos dois tinha outros amigos...

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Londres, Inglaterra, 10 de outubro de 2016
Terceiro dia da investigação contra o Instituto Kylle & Claire Kitle

Ter sido suspenso não foi tão ruim assim.

Jess conseguiu abrir uma investigação enorme dentro do Instituto. Passava o dia inteiro lá, mas me privou de tudo. Disse que era muito perigoso continuar com isso e que era para deixar a polícia investigar, mas eu estava certo de que eles não conseguiriam nenhuma informação útil. Se é a primeira vez em setenta anos que começam a suspeitar do maior Instituto de pesquisas médicas da Europa, era porque eles conseguiam esconder absolutamente tudo que, de fato, acontecia lá dentro.

Então eu comecei a minha própria investigação. De novo.

Você foi pra onde?!

Eu estava em casa com Coelho, de frente para o meu computador, tentando descobrir como fazer para continuar em contato com o Ship. Tudo o que eu sei é que tanto ele como o amigo dele, estavam proibidos de saírem do Instituto enquanto a investigação não acabasse, por serem os principais suspeitos.

Jess não me falou nem o que descobriu sobre o Edward, ou se descobriu alguma coisa. Tudo o que eu sei é que ela conseguiu prender ele lá dentro, em alguma sala especial, e disse para todos os envolvidos da Scotland Yard que era para ficar de olho nele.

— Eu fui praquele prédio, oras.

Yakitori seguia incomodado com a minha teimosia em não deixar esse assunto de lado. Sempre que eu falava com ele alguma coisa relacionada com o Instituto, ele dava um jeito de desconversar ou tentar me fazer parar de investigar. Claro, isso só me dava mais certeza de que tinha alguma coisa muito errada acontecendo naquele lugar.

Isso que você tá fazendo é muito perigoso — disse ele, por uma chamada de vídeo, enquanto eu analisava as minhas anotações no computador.

— Blá, blá, blá.

O prédio que pegou fogo, causando a morte de mais de trinta pessoas e da irmã de Jess, estava em péssimas condições. Não tinham extintores, seguro ou sistema de hidrantes, não tinha alarme nem detector de fumaça, as instalações elétricas eram antigas e irregulares... eu mesmo ouvi a polícia dizer que um prédio daqueles pegar fogo não era surpresa alguma. Se não fosse pela teimosia da Jess, ninguém teria aberto uma investigação. Tudo indicava que o incêndio era acidental.

O problema era saber o porquê de Samantha ter ido para esse prédio justamente quando pegou fogo, mas eu não estava muito ligado nesse assunto.

Eu não tenho problema nenhum de você continuar a sua investigação contra o Ship, mas... — Yakitori disse, outra vez com uma voz de desânimo e enrolação. — Por que contra o Instituto que ele trabalha? É um hospital como outro qualquer, o que você acha que vai encontrar lá?

— Não é um "hospital como outro qualquer".

— Ah, claro, é um Instituto enorme e muito respeitado mundialmente.

— Não, é o Instituto onde a minha irmã foi morta. Talvez eu estivesse errado, pode ser que não tenha sido o Ship diretamente, mas outra pessoa lá de dentro que possa ter matado ela.

Uau, é a primeira vez desde que eu te conheci que você aceita a possibilidade dele não ter matado a Anne. O que aconteceu? Começou a gostar dele?

— Não, mas não foi o Ship que matou a Sam.

Eu tinha dito pra Jess que não acreditava que o Ship teria alguma coisa a ver com a morte da irmã dela. Ela não gostou de ter ouvido isso.

Por que ele mataria Anne Scott?Onde histórias criam vida. Descubra agora