1 - Tenha o que ele quer

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Certo, vamos lá. Se por algum acaso do destino você chegou até aqui, devo fazer algumas considerações importantes que julgo serem necessárias a essa altura do campeonato:

1 - Esse é um relato totalmente despretensioso sobre minha breve jornada de conquistar um macho importante após finalmente dar ouvidos à minha querida (não tão querida assim) mãe.

2 - Talvez você não compactue com a minha linha de pensamento e esteja esperando um relato heroico, mas no fim das contas, nem todos nós estamos destinados à grandeza.

3 - A partir de agora, você faz parte da minha história e talvez seja o meu único confidente e seu super-poder é poder ver oniscientemente todas as merdas que eu fiz.

Minha história começa como qualquer outra: pelo começo. Claro, isso soa completamente redundante, mas vamos ignorar esse fato, pois a ideia que quero expressar está correta.

O dia amanheceu como qualquer outro na Corte Diurna: belo, ensolarado, com promessas de alegrias e vitórias. Ironicamente, nenhuma dessas promessas foi cumprida, mas esse é apenas outro pequeno detalhe.

Eu, Aster, havia acabado de completar meus 18 anos. Para minha tristeza, agora minha mãe contava exclusivamente comigo para prover o resto da família, por conta disso, no dia do meu aniversário ela já tinha feito minhas malas e me despachado para a casa de uma longínqua tia na Corte Diurna.

Minhas ordens eram claras como o sol que me acordara no pequeno quarto que me foi dado: arranje um bom marido.

Minha família não era exatamente pobre. Não era rica, claro. Mas éramos afastados de todos. Sou de um Clã que vive em uma pequena ilha ao norte de toda Prythian e não pertencemos a nenhuma corte. Nossos antepassados fizeram um acordo de paz e não éramos exclusivamente fortes para que qualquer Grão-Senhor quisesse dominar o território e nos agregar a um exército.

- Aster! - escutei minha tia chamar e a julgar pela distância, provavelmente se encontrava na cozinha.

Saí do quarto após arrumar os lençóis de minha cama. Minha tia Aleyna era muito metódica e sistemática, estava vivendo na Corte Diurna há cerca de 200 anos após nossa família também a incumbir de arrumar um bom marido. Julgando que ela nunca havia voltado e que morava sozinha, eu sabia que ela havia fracassado.

Assim que cruzei o arco aberto que dava da sala para a cozinha, falei:

- Pois não, tia?

Ela me encarou por cima dos ombros sem parar de cortar freneticamente uma cenoura em pequenos pedaços. Uau, que habilidade boa com uma faca. Ela apontou com o queixo algumas cebolas e eu rapidamente me dirigi para ajudá-la com as preparações para o almoço.

- Irei fazer uma torta de carne! - ela exclamou, estranhamente animada.

- Está esperando visita?

Ela corou sutilmente e virou o rosto para o outro lado, fazendo-me esconder um pequeno sorriso.

- Se precisar, posso ir à feira comprar algumas rosas para enfeitar a casa. - sugeri, segurando uma urgência de chorar por conta da cebola.

- Não seja ridícula.. - Tia Aleyna comentou, repentinamente séria. - Não é um bom momento para você sair dessa casa, inclusive, evite até de aparecer nas janelas.

Franzi o cenho e parei de cortar as cebolas para encarar suas costas. Ela deixou as cenouras prontas e girou os calcanhares enquanto limpava as mãos em seu avental.

Tia Aleyna se parecia muito com minha mãe - o que a tornava bem diferente de mim. Tinha belos cabelos negros encaracolados que estavam presos em um penteado clássico, que fazia com que alguns cachos adornassem as laterais de seu rosto bronzeado. Seus olhos cor-de-mel me encaravam da exata mesma forma que minha mãe fazia.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora