8 - Vá atrás dele

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Os dias se passaram rapidamente e cerca de duas semanas depois eu estava exausta de mim mesma – dos meus pensamentos que martelavam dia e noite sobre o ocorrido daquele dia.

Não ouvi falar de Helion desde então e quando eu fui procura-lo, fui barrada na entrada. Canalha. Eterno canalha. Ele estava me barrando como se dissesse para eu ficar longe dele. Mais tarde naquele mesmo dia, Nara veio ao meu encontro alegando que Helion havia ido resolver uns problemas na fronteira ao leste da Corte Diurna.

Eu constantemente esquecia como a Corte Diurna era grande e possuía outras cidadelas que despontavam nos milhares quilômetros de terra que o território tinha.

- Ele foi sozinho? – questionei, um pouco temerosa pela palavra "problemas".

- Não, levou Khalid e Katrina com ele. – Nara respondeu enquanto caminhava comigo em direção a um templo que ficava em cima de uma montanha não tão longínqua da capital.

Ela sugeriu de simplesmente atravessarmos para lá, mas eu precisava pensar, precisava do ar, precisava da paz – dos pássaros que cantavam quando árvores apareceram pelo caminho, pelo farfalhar das folhas e pela calmaria que somente a natureza parecia me trazer.

Fiquei abobalhada quando finalmente alcançamos o templo da montanha. Enormes colunas gregorianas, que pareciam se estender até o céu mantinham o teto de pedra de sol no lugar. Era enorme. Dava para caber cem feéricos enfileirados entre uma coluna e outra.

Mas o local estava praticamente vazio. Inclusive, assim que coloquei meus pés no primeiro degrau do templo, Nara travou no lugar.

- Te esperarei aqui fora. – ela disse somente, já se virando para encontrar uma árvore em busca de sombra.

Surpresa tomou conta de mim, mas coloquei meus pés em movimento.

Talvez o local fosse amaldiçoado e ninguém tinha coragem de me falar.

- Grande amiga... – murmurei, conforme cheguei no último degrau e passei o enorme arco de entrada.

Arfei ao ser recebida pelo vazio. Percebi que estava parada no que deveria ser uma antecâmara de entrada e a julgar pelas paredes rachadas, notei que era um local muito antigo. Dei passos receosos adentrando mais o local. Meus passos ecoavam e eu me perguntei porque raios eu mesma tinha insistido em conhecer locais novos da Corte.

Havia uma estátua no fim da câmara. Enorme e imponente. Percebi ser uma fêmea que segurava um caldeirão enorme – deveria se tratar da história da Mãe e do Caldeirão que todo mundo em Prythian conhecia.

Uma fêmea estava ajoelhada em frente a estátua, mas ela parecia tão pequena naquele chão de pedra que eu mal tinha a notado quando entrei. Mesmo a observando por trás, pude notar o véu dourado que ela usava – indicando que era uma sacerdotisa. Mas quando a alcancei e ela se virou, fiquei pasma.

Aquelas orelhas redondas me pegaram de surpresa... era uma humana.

Seus olhos castanhos desviaram da estátua para mim e ela sorriu complacente.

- Então a grande ladra veio.  – sua voz soou fraca e baixa, mesmo sendo ecoada por todo o espaço. – Estive te esperando.

Grande ladra?

Franzi o cenho, já procurando a saída do templo com os olhos para calcular a distância caso a mulher me assustasse demais e eu tivesse que sair correndo.

- Você é humana?

- Não pareça tão surpresa, depois da muralha ter sido derrubada, os humanos passaram a fazer parte pouco a pouco das terras feéricas.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora