2 - Prove-se necessária

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Depois que Helion - ainda era estranho chamá-lo assim, então eu apenas me dirigia a ele por nome no pensamento - me deu um livro para ler, ele saiu e voltou apenas no começo da noite. O que de fato me deu tempo para ler o livro todo. Era um romance.

Não imaginava que o Grão-Senhor tivesse livros assim em sua coleção, mas era apenas mais um de seus lados que eu não sabia. Na verdade, além da sua versão egocêntrica, eu realmente não sabia nada sobre ele.

Agora ele estava deitado no sofá em uma pose pouco convencional, enquanto apoiava sua cabeça com uma mão e a outra segurava o livro. Acho que ele sabia que ela aquela pose deixava certas coisas a mostra, já que ele parecia portar um sorriso malicioso por trás do livro.

- Quinta palavra da décima página. - ele demandou.

- Parceira. - eu respondi e ele passou algumas páginas.

- Segunda frase do quarto parágrafo da página 102.

- "Perguntei-me se ela não estava mentindo não apenas para mim, mas para si mesma".

E continuamos a sessão de perguntas e respostas por mais algum tempo. Eu sabia que estava acertando. Esse tipo de habilidade era rara, mas eu não era a única que possuía. A julgar que Helion estava realmente me testando, era porque ele nunca havia encontrado alguém que pudesse guardar informações com a precisão que eu podia.

Isso inflou meu ego.

Tentei não parecer ansiosa demais quando ele finalmente se sentou como se deve e me encarou. Enquanto lia solitária esse livro de romance, me peguei pensando algumas coisas como amor, parceiros, dever... Estaria eu fazendo o certo ao tentar fisgar alguém que não era meu destinado?

Aliás, isso daria mesmo certo?

Ele tinha mais de 500 anos e eu apenas 18. Onde eu estava com a cabeça quando achei que isso daria certo?

A frase que ele pediu para que eu recitasse: "Perguntei-me se ela não estava mentindo não apenas para mim, mas para si mesma". Será que fora uma indireta para mim?

Levantei-me de supetão, um pouco assustada com o rumo de meus próprios pensamentos.

- Darei um tempo para o senhor pensar se sou realmente necessária, acredito que saiba onde me encontrar.

Não dei tempo para a resposta e parti a passos largos, tentando não martirizar por muito tempo. Mas durante todo o caminho de volta para a casa de minha tia minha mente me traíra. Isso era errado em tantos níveis que quando cheguei em casa nem me importei com minha tia e um homem estranho trocando carícias no sofá e apenas me tranquei no quarto e escorreguei de costas na porta.

"Mas eu não quero me casar, mãe".

"Ninguém se casa porque quer, Aster. Casamento é uma troca. O homem te dá estabilidade e você, infelizmente, lhe dá todo o resto".

"E se mesmo assim eu quiser percorrer meu próprio caminho sozinha?"

"Não seja estúpida, Aster! Escute sua mãe apenas uma vez. Vá, vá e ache um bom marido".

Não sabia por quanto tempo fiquei naquela posição perdida em lembranças de casa, mas quando dei por mim, adormeci ali mesmo.

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Quatro dias depois e nada.

Me permiti respirar levemente aliviada. Meu plano tinha dado errado? Sim. Minha mãe iria ficar muito brava por eu não ter fisgado o melhor marido? Claro. Mas minha consciência estava completamente em paz? Absolutamente.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora