3 - Negue-o

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Após tomar o café da manhã que fora servido em meu quarto por uma senhora feérica amigável, eu me dirigi ao quarto de Helion. Após duas batidas incertas, eu escutei um entre.

Foi uma surpresa encontrar o quarto arrumado e com ele se arrumando. Ele não trajava seu costumeiro robe aberto nas laterais. Mas sim uma simples calça de um tecido mais mole e estava em frente a um grande espelho escolhendo entre duas partes de cima.

- Qual dessas? - ele questionou, me olhando pelo reflexo do espelho.

- A segunda.

Ele pareceu satisfeito com a resposta e a vestiu. Caía muito bem nele esse tipo de roupa. Ele indicou com a cabeça e havia dois livros grossos em cima de sua cama.

- Você parece melhor hoje. - comentei, despretensiosa. - Achei que estaria cansado depois de duas pessoas.

Ele deu uma risada seca.

- É aquela famosa história, tenho muito amor para dar.

- E para receber? - questionei, encarando-o por cima do ombro.

Acho que o peguei de surpresa, já que seus olhos o traiu por alguns segundos. Como se ele tivesse se lembrado de alguém. Ele poderia dizer que eu era previsível, mas ele também era. Helion era o tipo de macho que quando foi derrotado dentro de seu próprio romance com alguém especial, escolheu o modo de vida completamente oposto. E sinceramente, eu não o julgava.

Como ele não respondeu, eu foquei no primeiro livro ao me sentar em sua cama. Franzi o cenho. Eu não entendia nada do que estava escrito. Não era na língua comum.

Ele pareceu notar minha confusão.

- É um livro muito antigo. Você não precisa de fato entender para replicar, não é? - ele perguntou e eu assenti. - Então apenas guarde as páginas com o máximo de precisão que puder.

Eu assenti e passei a focar minha atenção inteiramente o livro. Tentando ver se conseguia entender qualquer palavra que fosse.

- Preciso resolver umas questões em outra Corte hoje, devo estar de volta ao anoitecer. - ele anunciou, já se dirigindo para a porta do quarto. - Pedirei que tragam suas refeições para cá.

Meu silêncio foi sua resposta. Provavelmente, foi o suficiente, já que ele simplesmente saiu sem mais delongas.

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Após "ler" - já que não era realmente ler se não há como saber o que está escrito -, passei para o segundo livro. Era mais pesado. Falava sobre a criação das Cortes. Era um enorme privilégio sequer poder tocar em um livro desses, destinado somente ao Grão-senhor do conhecimento.

Helion poderia ser várias coisas, mas era muito inteligente. Eu finalmente entendia o perigo de alguém de fora por as mãos em uma preciosidade dessas. Se bem que eu também era uma forasteira.

Duas batidas na porta tiraram minha concentração do livro. E eu só tive tempo de escondê-los debaixo do travesseiro e apanhar um romance que havia trazido para disfarçar. Ao contrário de Helion, eu imaginava que o ladrão já estava aqui dentro.

- Entre...

A porta se abriu e a mesma feérica que estava na cama do Grão-senhor ontem, adentrou o quarto arrastando um carrinho com algumas bandejas em cima. Ela me reconheceu, pois me deu um pequeno sorriso.

- Meu nome é Nara, Helion me pediu para trazer suas refeições ao longo do dia.

Helion. Ela tinha intimidade o suficiente para chamá-lo pelo primeiro nome. Ela era estonteante. Do tipo de mulher que você encara e questiona sua própria sexualidade. O tipo de mulher que estaria sempre na cama do Grão-senhor.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora