9 - Confabule planos impossíveis

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Eu ia matá-la. Nunca havia sentido tanta raiva na minha vida – nem mesmo quando presenciei a morte de meu próprio pai. A única constância nesses dois cenários era ela.

Como ela se atrevia tocá-lo?

Não me importei com o chão que ralou meus braços quando saímos rolando pela varanda, não me importei com a dor latejante que se instaurou em meu pulso quando a soquei, imobilizando-a no chão ao montar em sua barriga.

Astrid gritou, puxando meus cabelos com uma força absurda. E eu passei a gritar todas as ofensas que tinha em meu enorme vocabulário. Vadia, ordinária, cria de Hybern, projeto do Caldeirão que deu errado.

- Me solte sua descontrolada! – ela gritou ao desferir um forte tapa que acertou minha face em um alto estalo.

Ela puxou mais meu cabelo, impulsionando-nos para o lado, de forma que eu desequilibrei e estava por baixo dela agora. Ah, mas eu não deixaria barato. Rosnei para ela e minhas garras se fecharam em seu pescoço arrancando sangue.

Astrid chiou em dor, com suas garras já se fechando em meus pulsos para que eu a soltasse. Dentes estavam a mostra e eu sibilei em dor quando suas unhas perfuraram minha pele da mesma forma que eu estava fazendo com ela.

Mas então Astrid voou de cima de mim pelas mãos hábeis de Helion que a jogou para Khalid que havia chego ali em algum momento. Não deixei isso me parar e nem ela. Ela se desvencilhou do loiro, avançando novamente em mim e eu já estava de pé com os dentes a mostra, avançando nela também.

Porém, fui interceptada por Helion que me segurou firmemente, se colocando na minha frente e seu braço em minha barriga me alçando levemente no ar. Comecei a me debater chutando o ar como se pudesse atingi-la e ela repetiu o mesmo quando os braços de Khalid a mantendo ali.

- Eu. Vou. Te. Matar. – gritei para ela.

Ela riu com escárnio e eu me deliciei com o sangue que saía de seu pescoço. A boca de Helion se mantinha em uma linha fina e eu notei que minhas unhas estavam fincadas em seu braço, fazendo-me arregalar os olhos.

Ele não estava demonstrando nenhum pingo de dor, na verdade, seu olhar me indicava que era melhor eu o atacar para me acalmar do que atacar outros. Mas quando retrai minhas próprias unhas e notei seu sangue escorrendo em sua pele negra, doeu em mim.

Demais.

Suas mãos já estavam em meu rosto para me tranquilizar, mas eu dei dois passos cambaleantes para trás como se eu tivesse cometido alguma espécie de crime.

Minhas mãos com seu sangue reviraram meu estômago.

- Ei... – Helion superou novamente a distância, segurando meu rosto novamente. – Foi apenas um pequeno corte, veja... Já sarou.

Ele liberou uma das mãos de meu rosto e levantou seu braço, mostrando que o corte já havia cicatrizado devido seu alto fator de cura.

Helion me lançou um olhar tranquilizador antes de me abraçar fortemente.

Astrid – já calma, mas ainda imobilizada – olhou de Helion para Katrina que cruzava o quarto de camisola e, depois, para mim. Raiva ainda iluminava o seu rosto, mas... ela fez uma pequena reverência com a cabeça em entendimento. E disse para Helion:

- Então é por isso o seu repentino interesse na minha história familiar.

Passei a tremer e Helion me apertou mais forte, sem me machucar. Era apenas para elucidar que ele estava ali por mim. Mas quando Astrid se chacoalhou, desvencilhando-se de Khalid, dando as costas para sair dali o desespero me atingiu.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora