10 - Liberte-se

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Alerta de gatilho: este capítulo contém cenas de violência.

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Os olhos do Grão-Senhor passaram de Eris para mim com uma rapidez impressionante, mas também com uma raiva indescritível.

Tentei me policiar a não ter medo. Não tínhamos feito nada de errado, a menos que ele tenha ouvido nossa conversa por trás da porta - o que eu duvidada, parecia que tinha acabado de chegar ali.

Beron bruscamente puxou Eris pelo colarinho e eu arfei. Ele arrancou o ruivo da entrada do quarto e o jogou com um rosnado em cima de um dos guardas que o acompanhava. Eris não revidou quando se colocou de pé.

- Leve-o! - Beron ordenou fechando a porta atrás de si com uma força tão grande que a parede estremeceu.

Eu deveria me preparar.

Ele iria me atacar a qualquer momento.

O que Astrid faria? O que Astrid faria?

Ele avançou no exato momento que me coloquei de pé e eu não tive tempo de pensar no que Astrid faria quando sua mão atingiu meu rosto com força.

O baque foi tão grande que eu caí sentada novamente na cama. Fechei os olhos, sentindo lágrimas se formarem por conta da dor.

Beron me prensou na cama, com o peso de seu corpo sobrepujando o meu e prendendo meus pulsos com suas mãos em cima da minha cabeça.

Minha cabeça rodava e meu coração parecia que explodir. Se eu saísse do personagem, eu...

- Eu disse para se manter longe desse de Eris. - ele rosnou em minha face, próximo demais. - Eu lhe disse que não compartilho.

Seu corpo esmagava o meu e minhas pernas estavam presas, meus braços estavam presos. Eu estava rendida. Fraca. Impotente. Como sempre fui.

Aquilo era apenas um reflexo do que eu realmente era.

- Estávamos apenas conversando, Grão-Senhor... - falei, com o olhar abaixado. - Somos apenas amigos, jamais trairia a confiança do senhor.

Sua mão se soltou de meu pulso esquerdo e se emaranhou em meu cabelo, puxando-o com força e me levantando da cama somente para me jogar com força contra a parede do quarto. Minha cabeça encontrou a parede bruscamente e tudo girou.

De repente eu não estava mais no quarto, estava na floresta, com meu pai me estendendo sua mão ensanguentada. E quando tudo girou novamente, estava em casa, minha mãe arrumava seus cabelos castanhos encaracolados atrás da orelha e batia em um quadro negro, chamando minha atenção e a de Astrid. E então, meu irmão Ansel nos caçoava por estarmos aprendendo etiqueta enquanto ele aprendia a batalhar.

A voz de meu pai soava clara: Não tema seu poder, controle-o.

Minha voz infantil respondia: Eu tenho medo de mim mesma, pai.

Então, as mãos de Beron estavam em meu pescoço me levantando do chão.

- Você deve estar me tachando de idiota, pirralha. - minhas mãos apertaram seu pulso, enquanto eu me sentia sem ar pelo aperto. - Você ficará aqui nesse quarto até eu resolver minhas questões.

Eu sabia que questões eram essas: ele mataria Aurelia.

Agora.

Por conta de minha burrice, ele iria adiantar seus planos para se livrar dela e me domar. Colocar-me sobre o seu comando, me usar.

Meus pulmões imploraram por ar e eu já não conseguia manter o aperto em seu braço, sentindo-me desfalecer.

Quando ele me soltou, fui direto ao chão.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora