7 - Beije-o

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O belo cavalo branco estava pronto. Eros, um andaluz – o preferido de Astrid. Bem diferente da minha égua que era da cor negra, uma belíssima frísio. Sempre opostas, o branco e o preto.

Minha mãe derramava lágrimas enquanto abraçava Astrid que retribuía com gosto. Ansel, Astor e eu nos entreolhávamos, sem saber se aliviados por Astrid estar indo embora ou aliviados pela paz que habitaria a casa – uma vez que mamãe pararia de gritar lições que julgava serem importantes e usar todos nós como atores para criar diferentes cenários para ensinar Astrid dos perigos do mundo afora.

Completamente ignorante. Sem saber que a própria filha era o principal perigo e melhor lá fora do que aqui dentro.

Astrid se aproximou, belíssima, impassível e eu contei todos os seus passos até nós. Primeiro, ela abraçou Ansel, dizendo para ele cuidar da casa. Depois abraçou Astor, pedindo-o para arrumar uma fêmea descente. E então, me puxou para um canto afastado, me abraçando demoradamente.

Falsa.

Retribuí o abraço, demorando-me no aperto falso conforme falei em seu ouvido:

- Cuide-se, Astrid, porque se um dia eu te encontrar lá fora, eu te matarei com minhas próprias mãos.

Ela afastou-se, sorridente. E apanhou meu rosto entre suas mãos gélidas, olhos castanhos-esverdeados nos meus olhos completamente esverdeados. Uma batalha de olhares.

- Sinto que você ainda não aprendeu, Aster. – ela murmurou, dando-me um beijo na testa. – Eu sempre jogo minhas cartas direito.

Então, se afastou para encontrar uma amiga que tinha os olhos marejados e braços abertos. Eu deveria saber que provocar Astrid não era sábio, deveria ter notado como ela sussurrou uma mentira no ouvido de sua melhor amiga. Deveria saber que... Astrid sempre joga as cartas certas.

Despertei assustada, sentando-me de supetão.

A primeira pontada em minha cabeça foi um sinal claro de que tinha exagerado na noite de ontem com Nara. Pelo Caldeirão, como me permiti beber tanto?

- Está tudo bem? – a voz grave de Helion me assustou e eu olhei em direção ao closet, vendo-o passar por ele completamente elegante.

Primeiramente, ele estava... uau. Na verdade, meu grande choque foi ocasionado pelo fato dele não estar usando seu costumeiro vestuário. Eu já havia o visto de calça antes, mas ele estava de parabéns. Suas roupas eram bem parecidas com as costumeiras roupas do Grão-Senhor da Corte Noturna, Rhysand – com um diferencial que eram brancas com detalhes em dourado.

Em segundo lugar, o que raios eu estava fazendo aqui?

Baixei o olhar para meu próprio corpo e suspirei aliviada quando notei que ainda estava vestida. Ele riu, fazendo-me corar bruscamente.

- Eu te disse que não te tocaria até que você pedisse, querida. – ele comentou, sentando-se na beirada da cama. – Acho que isso te tentou, já que você apareceu aqui pedindo para eu tirar sua roupa.

Pelo c-a-l-d-e-i-r-ã-o.

Eu mataria Nara.

- E ainda sentou no colo de Katrina, do meu círculo íntimo. – ele continuou, para minha tristeza. – Acho que ela ficou um pouco excitada.

Massageei minhas têmporas... Meu senhor, seja lá quem for Katrina, espero nunca mais a encontrar na vida. Onde eu iria enfiar minha cara?

Ele riu novamente e se levantou.

- Está indo para a reunião? – questionei e ele assentiu. – Helion...

Percebi seu corpo travar no lugar e seu olhar encontrar o meu, levemente assombrado. Não compreendi o significado disso – aliás, não estava em condições de raciocinar quase nada com essa maldita dor de cabeça.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora