9.2 - Confabule planos impossíveis

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Ao atravessar a porta para uma sala de reuniões, o mais difícil foi agir como se não tivesse acontecido nada - da mesma forma que eles agiam como se não tivessem ouvido nada, talvez por educação ou por pura pena.

Notei que o local mais parecia uma sala de gestão de guerra. Mapas em todas as paredes, nas mesas de madeira distribuídas dentro do espaço, a maioria das coisas constrastavam com a riqueza do palácio. Ali a maioria dos objetos pareciam gastos. O que indicava que Helion deve ter passado muito tempo ali - provavelmente confabulando planos contra Amarantha.

Mas eu não podia afirmar esse fato com certeza.

O olhar de Khalid passou de mim para um ponto atrás e, soube que Helion estava se aproximando. Então, tratei de limpar a garganta e agir como se não houvesse nada de errado.

Os olhos de Katrina me estudavam quando virei para Astrid e falei:

- Vou precisar de todos os detalhes que você puder me passar.

Astrid assentiu, mas sua boca se mantinha em uma linha fina.

- Tem uma linha tênue extremamente problemática entre a coragem e a estupidez. - Katrina pronunciou e eu suspirei, me sentando na poltrona defronte a ela. - Por mais que eu ache muito atraente quando fêmeas tomas as rédeas das situações que normalmente atribuem aos machos, eu realmente acho que deveríamos preparar um plano melhor e que envolva todos nós ao invés de deixarmos você se arriscar.

Eu sabia que suas intenções eram as melhores, principalmente por seu olhar preocupado em direção a Helion que acabava de adentrar a sala com um olhar duro.

- Talvez eu me arrependa disso, mas ela tem razão... - Khalid falou, saindo de perto da janela e se aproximando dos assentos. - Digo, Aster tem razão... Qualquer ataque que fizermos dá o direito de todas as outras Cortes retalharem pelo crime.

Assenti, confirmando.

- Isso não significa que ela dê conta de fazer isso sozinha! - Aiden exclamou com raiva. - Aster não é uma espiã ou um soldado treinado, é uma jovem de dezoito anos que está marchando contra o mais cruel dos Grão-Senhores, não importa por onde eu veja, é ridículo e vai terminar sendo apenas uma viagem de ida.

Helion nada disse enquanto andava para a enorme janela e observada o sol ardente e longínquo. Sabia que ele não conseguia olhar para mim, já que eu também não conseguia sustentar nenhum de seus olhares nesse momento.

- Mas Aster não é ligada a nenhuma Corte, se for pega fazendo qualquer coisa não conseguirão rastrear-la até nós! - Khalid rebateu e uma discussão entre os três do círculo íntimo se instaurou.

Meu ouvido parou de acompanhar a briga após Katrina apontar o dedo para Khalid e esbravejar algo que eu não tive muito interesse. Meu interesse era em Astrid que não havia desgrudado seu olhar intenso de mim em nenhum momento.

Suspirei e pronunciei no idioma dos Reed sem se importar se os outros iriam compreender ou não:

- Também irá me dizer que eu não devo ir? - questionei.

Notei Helion nos encarar com o canto de olho ao ouvir-me falar em outra língua, mas logo desviou o olhar.

- Muito pelo contrário, eu acho que você deveria ir. - Astrid respondeu também na nossa língua materna e a briga foi diminuindo aos poucos para tentarem compreender o que falávamos. - Acho que as intenções são as melhores, claro, mas eles esquecem que por baixo dos vestidos bonitos que usamos ainda somos tribais, ainda somos selvagens e bárbaros, não há nenhum feérico Reed que não saiba se defender quando necessário.

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora