9.5 - Confabule Planos Impossíveis

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Helion revirou os olhos pela décima quarta vez enquanto andava lado a lado com Astrid após quatro dias de viagens de volta para a Capital.

Quatro longos dias com suas provocações e brincadeiras.

Ele podia ter atravessado diretamente para a Capital, mas precisava da cavalgada e do sol contra sua pele, precisa pensar. Principalmente, quando sentia pontadas de angústia e desespero passando por seu corpo durante vários períodos.

Sabia que era Aster.

E, toda vez Khalid e Aiden usavam todas suas forças para o manterem ali impedindo que ele voasse para a Corte Outonal e criasse uma guerra.

Helion não sabia mais diferenciar o que era seu desespero e o que era o dela, seus pesadelos com ela o acordavam todas as noites - mas na primeira noite com ela longe, pensou ter ouvido sua voz alegando que sentia sua falta.

Ou talvez fosse sua própria mente criando ecos de sua voz.

Assim que chegaram ao palacete, Astrid gemeu, dando graças ao Caldeirão e outros nomes que ele não conhecia. Ela tinha feito questão de reclamar durante todo o caminho sobre o quanto odiava o sol em sua pele alva.

Ele era conhecido por ter uma paciência eterna, mas Astrid havia conseguido a proeza de esgotar ela com maestria. Pegou-se pensando se podia enterrá-la na areia.

- Olha só que maravilha, agora você está debaixo de um teto luxuoso e pode reclamar para as paredes. - Helion murmurou, exausto.

Astrid sorriu, sabendo que tinha conseguido o irritar. A ruiva sabia que era a única forma dele distrair seus pensamentos de sua irmã e do que estava acontecendo na Corte Outonal.

Depois que seu pai morreu - pelas suas próprias mãos - sua mãe ficou maluca. Ela sabia o que o laço fazia com parceiros e, ela odiava o quanto ele a encarava esperando que fosse Aster.

- Um doce por seus pensamentos, Grão-Senhor. - ela sibilou e Helion travou no lugar com dor nos olhos, como se tivesse se lembrado de algo. Astrid fez uma careta. - Que afetado.

O Grão-Senhor suspirou, estalando o pescoço que estava rígido.

- Estou pensando que toda vez que olho para você penso que não saberia separar vocês duas, mas toda vez que você abre a boca, fico chocado com o quão diferente vocês são.

Ele voltou a caminhar nos corredores do palacete e os guardas abriam o caminho para ambos passarem. Astrid sorriu, levemente orgulhosa de ter atingido seu objetivo.

- Bem, eu estou pensando algo mais profundo. - ela comentou, desviando de uma servente que passava com uma bandeja em mãos. - Estou pensando que boa parte de eu ter feito o que fiz foi para impedir que Aster caísse nas mãos de um feérico noventa vezes mais velho que ela e cá estamos.

Ela apontou para ele e Helion apertou os olhos, abrindo a porta de seu quarto, achando que a pararia, mas ela não o fez.

- Claro, você é um feérico velho e atraente? Sim, mas continua velho.

- Foi por isso que me abraçou aquele dia? - Helion perguntou estalando a língua. - Por que sou velho e atraente?

Astrid riu, mas não respondeu sua pergunta, em grande parte porque uma bela fêmea entrou correndo no quarto e pulou em cima dela, abraçando-a como se sua vida dependesse disso.

A ruiva arregalou os olhos e Helion demonstrou uma pitada de dor.

A falta de entusiamo de Astrid fez a morena a soltar e a encarar com os olhos franzidos. Estudando os olhos castanhos da ruiva com afinco, que apenas sorriu divertida e estendeu a mão:

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora