9.4 - Confabule planos impossíveis

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Meu coração batia descompassado, mas mantive um sorriso pleno quando tombei a cabeça para o lado e agi como Astrid faria:

- Uma semana fora e você já se esqueceu de sua futura esposa, Eris?

Seu quadril me prensou mais forte contra à mesa.

- Não brinque comigo, fêmea. - ameaçou ele. - Astrid jamais se mostraria preocupada com a minha mãe da forma que você fez.

Pisquei.

Alguém havia percebido no fim das contas.

Eris era mais observador do que Astrid sabia, do que Beron sabia.

O que eu faria? Talvez agir como se ele tivesse maluco fosse uma opção, mas ele poderia retalhar. O que Astrid faria?

Seus cabelos ruivos pareciam levemente desalinhados em comparação com as memórias de Astrid. Ele tinha algumas pequenas olheiras que transpareciam seu cansaço. Eris era um macho frio e perigoso - mas seu olhar...

A forma que ele encarara o próprio pai após ele quebrar o copo no rosto da própria mãe. Olhei para os lados, preocupada, mas estávamos sozinhos.

Segurei seu braço. Não é o que Astrid faria, mas sim o que eu Aster farei:

- Aqui não.

Ele estudou meus olhos e eu sentia que seus olhos âmbares tinham uma capacidade de congelar que talvez nem a Corte Invernal tivessem.

Eris se afastou, arrumando suas vestes e, voltou a caminhar apressadamente, abrindo a porta do que julguei ser o quarto de Astrid. Claro que ele entrou primeiro.

O quarto era confortável e luxuoso. Uma enorme cama com dossel enfeitava o meio do quarto. Janelas com cortinas bege combinavam com o bege dos móveis. Uma porta lateral indicava que era o banheiro. O carpete no chão combinava com as poltronas amarronzadas em volta da lareira de tijolos - confortável e aconchegante.

Fechei a porta quando passei. Eris já me encarava com as mãos nos bolsos da calça. Eu temi em falar em voz alta e alguém escutasse, então me aproximei o máximo que pude.

- Sou a irmã de Astrid. - confessei.

Pelo Caldeirão. Eu havia selado meu destino ao entregá-lo nas mãos de um dos feéricos mais assustadores existentes.

Ele arqueou a sobrancelha esquerda.

- Astrid me contatou após saber dos planos de seu pai.

- Planos?

- De matar sua mãe para se casar com ela.

Ele não reagiu. Não da forma que eu esperava que ele fosse reagir. Não mexeu nem um músculo sequer. Ele já sabia... Meus olhos captaram novamente as olheiras em seus olhos, ele sabia... Ele estava trabalhando por baixo dos panos para que isso não ocorresse.

Eris deu um passo à frente, deixando-nos mais próximos que o normal aceitável.

- Por que Astrid se preocuparia em ajudar? - ele questionou, mortalmente gélido. - Ela parecia bem feliz com a possibilidade de se casar com um de nós.

Dei um riso soprado que pareceu o ofender.

- Astrid quer o poder, mas ela não é estúpida a ponto de se casar com um macho como seu pai que faria com ela tudo que ele faz com sua mãe.

Ele pareceu ponderar minhas palavras, mas não recuou nenhum passo.

- E o que você ganha se passando por ela?

10 passos para conquistar um Grão-SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora