12 - O fim

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- Não se mexa! - Nara ralhou pela oitava vez enquanto tentava delinear meus olhos verdes com um líquido preto que ela alegara ser muito caro para eu fazê-la borrar daquela forma.

Quando eu voltei, eu achei que teria que implorar por perdão a todos aqueles que eu havia decepcionado. Achava que teria que explicar minhas motivações e provar que eles eram melhores para mim do que eu jamais fui para eles.

Mas no primeiro abraço coletivo, eu soube que estava em casa. E quando eu digo abraço coletivo, eu realmente me refiro a todo mundo: até mesmo Astrid participou, embora por breves segundos, antes de se afastar e dizer:

- Bom saber que não morreu no caminho.

Os amigos de Helion: Aiden, Khalid e Katrina, me receberam como se eu fosse parte da família.

Durante o caminho de volta, os longos dias na floresta, eu passei a conhecer Lucien e ele pareceu muito disposto a me conhecer. Nos surpreendemos com o quanto pensávamos iguais acerca de alguns assuntos. Helion tentou esconder o sorriso toda vez que nossa discussão ficava acalorada e eu zombava de Lucien alegando que "eu era sua madrasta, portanto, por lei, eu estava certa".

E três dias depois, lá estava eu, sendo arrumada pelas mãos hábeis de Nara para a minha grande cerimônia de casamento.

Eu odiava festas grandes. Mas Helion as adorava. Depois dele alegar que era muito belo para se contentar com festas pequenas, eu fiquei sem argumentos. Era um bom ponto, ele era realmente atraente. Após tudo que ele havia feito por mim, participar de uma festa como aquela era o mínimo que eu poderia fazer para ele.

Nara, contudo, havia se superado:

Eu não reconhecia a pessoa que me encarava de volta no espelho. Nada de branco, Nara dissera. Branco era para pessoas que queriam demonstrar pureza. De acordo com ela, eu tinha que mostrar força. Principalmente para aqueles velhos do Conselho de Corte Diurna que eu passaria a ver com frequência, quando contássemos a eles que agora eu era Emissária de Omari com uma agenda perigosa.

O vestido era, de certa forma, parte armadura. Completamente dourado, da cabeça aos pés, a parte dura do busto - que era oficialmente ouro desenhado no formato de meu corpo - era enfeitado por adornos que circulavam meus seios e subiam para meu pescoço fechando-se atrás como uma gargantilha. Em meus braços, as longas mangas igualmente douradas pareciam escamas e a longa saia ia aos meus pés e continuavam em uma cauda.

Meus cabelos ruivos presos naquele coque despojado com os adornos nele, faziam-me parecer uma princesa na guerra. Se eu estivesse empunhando uma espada eu poderia muito bom estar indo para o campo da batalha e eu me sentia invencível.

- Não se preocupe, os velhos do conselho que não infartarem quando te verem hoje, vão infartar quando vocês darem as notícias a eles. - Nara comentou, fazendo-me girar no lugar, apreciando a obra de arte que ela havia montado.

Uma leve batida na porta e uma fêmea adentrou o quarto. Eu não havia a visto antes, mas Nara deu um breve sorriso para ela antes de sair alegando que precisava achar os brincos certos.

A fêmea era belíssima. Vívida. Seus cabelos castanhos dourados e os olhos acastanhados com pequenas sardas adornando sua pele perfeita lhe davam um ar inocente, que hora parecia combinar com seus olhos astutos, hora não.

- Você realmente tem uma áurea diferente. - Ela disse, analisando-me, após Nara fechar a porta atrás de si.

Bem, eu poderia dizer a ela que éramos de espécies diferentes, embora fôssemos ambas feéricas, mas havia algo de diferente na áurea dela também. Como se ela fosse algo diferente.

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2021 ⏰

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