Pov. Sasuke
Risos, conversas, felicidade, pessoas, estou cercado por tudo isso, e pela primeira vez em muitos anos, não me incomodo nem um pouco, consigo acompanhar a conversa, consigo entender as brincadeiras; é um sentimento estranho estar em meio a tudo isso, ter essa paz e tranquilidade, fico dividido entre querer estar perto, querer participar de tudo, e o medo de macular essas coisas com meu passado, o medo de perder tudo isso. As vezes me pergunto como alguém como eu, mereceu o direito de recomeçar, realmente não entendo a vida, principalmente quando olho para o Naruto e lembro tudo que ele perdeu, ou quando lembro do meu irmão e do fardo que ele carregou sozinho; essas duas pessoas que guiaram meus passos até aqui já sofreram mais do que qualquer um pode imaginar, e boa parte do sofrimento deles fui eu que causei, e mesmo assim os dois conseguiram me olhar sorrindo. É nessas horas, quando penso nessas coisas, que a culpa me consome, é como um avalanche de emoções conflitantes brigando por espaço dentro de mim, em um momento eu queria poder ser capaz de voltar ao passado e consertar os meus erros, e no outro quero manter o que tenho agora; realmente não entendo a vida e nem a mim mesmo.
— Ei verme, você vai ficar sem carne se não se apressar. — Naruto me chama de volta ao presente.
— Eu só me distrai um pouco. — respondo e começo a grelhar alguns pedaços de carne.
— Qual é verme, foi sua ideia fazer isso hoje, não começa a viajar aí. — ele reclama e me dá um peteleco na testa.
— Para com isso seu idiota! — empurro ele pra longe.
— Esses dois nunca mudam. — Kiba comenta do outro lado da mesa.
— O dia que eles mudarem o mundo acaba. — Neji concorda.
— Você também não pode falar nada Neji, continua o mesmo ranzinza que era na Academia. — Naruto provoca o Hyuuga.
— Agora eu tenho que discorda Naruto, ultimamente a Tenten tem feito ele deixar de ser um velho reclamão. — Lee faz piada e apesar de não ter muita graça, todos riem.
— Pra falar a verdade, nenhum de vocês mudou muito. — Sai passa a analisar tudo como se fosse algo sério — Naruto e Sasuke continuam brigando e competindo entre si, Neji continua ranzinza, Lee ainda se empolga com tudo, Chouji ainda ama churrasco, Kiba e Akamaru ainda são inseparáveis, Shino ainda fica só observando a maioria das vezes e Konohamaru continua seguindo o Naruto por aí; acho que o único que mudou um pouco foi o Shikamaru, que ficou mais preguiçoso do que era.
— E você que agora é mais tagarela. — Shikamaru retruca meio emburrado, mas ele nem tem como negar.
Aproveitando o embalo, Chouji pede mais uma rodada de saquê e carne, é questão de minutos para que eles comessem a relembrar histórias dos nossos tempos de Genins, e logo quase não se entende nada do que falam, tamanha é a algazarra que fazem e apesar de todos terem que trabalhar no outro dia, ninguém se preocupa muito em moderar com a bebida; enquanto todos se ocupam de desafiar Chouji numa competição totalmente perdida de quem come mais rápido, percebo Naruto me encarando sem parar. Suspiro meio resignado com isso, pensei que ele estivesse entretido com os outros, ou que estivesse bêbado a essas alturas, mas pelo visto me enganei; quando noto que não vai adiantar tentar disfarçar nada, resolvo partir para uma abordagem diferente, não quero incomodar com mais isso, não as vésperas do casamento dele.
— Me conta como conseguiu manter a calma durante essa missão? — pergunto para desviar sua atenção.
— Eu não estava calmo, acho que nunca vou ficar quando o assunto for a minha Hinata, apenas me conformei que ela sempre vai ser cobiçada, algumas vezes pode ser sério como hoje, outras vezes será apenas besteira, e quando admiti isso pra mim, consegui pensar de uma forma mais racional. — Naruto responde e apesar do que disse, parece meio irritado — Agora me conta o que aconteceu? E não adianta mudar de assunto.
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O Despertar dos Sentimentos
RomanceNunca em minha vida, algo fez tanto sentido como naquele momento. O momento mais horrível e doloroso que já passei. A sensação de impotência, o desespero em cada súplica, o gosto amargo do ódio; aquele turbilhão de emoções que me foram apresentadas...