Pov. Hinata.
Estou cansada, não, na verdade estou exausta; minhas pernas ardem em protesto, depois de ficar tanto tempo em pé, meus olhos estão turvos pelo cansaço e meu Byakugan não está funcionando direito por isso, o ar entra com dificuldade em meus pulmões e meu coração bate descontrolado pela falta de sono. Mas apesar de tudo isso, não posso parar, não posso baixar a guarda; as criaturas chegam cada vez mais, e agora temos o problema de não saber quem é aliado e quem é impostor. Ao meu redor há vários corpos caídos sem vida, o cheiro de morte e sangue está impregnado em minhas roupas, e pode parecer cruel, mas acabamos nos acostumando com isso, não enjoamos ou damos importância, apenas seguimos lutando sem cessar; há também gritos de dor, desespero e angustia, há quem já tenha sucumbido ao cansaço e quem se mantém firme. Nossos mortos ficam no mesmo lugar onde suas vidas foram ceifadas, não podemos parar nem para enterra-los ou avisar as famílias que seguirão esperando o seu retorno; não temos tempo para outras preocupações ou receios. Estou cercada por sons de estilhaçar os tímpanos, são sons de Kunais se chocando, de Jutsus sendo realizados, papeis bomba explodindo, partes da floresta queimando, gritos de ordens, de chamados desesperados, de carne sendo rasgada e sangue jorrando ao chão. Estou no limite do meu Chakra, preciso poupa-lo agora, não posso fazer muito por meus companheiros, só posso abater quantos inimigos puder somente com meu Taijutsu; e assim o faço, sigo atacando e nocauteando quem se mostra um impostor, assim como tento manter distância dos Zetsus brancos, eu chuto e soco cada um que tenta me atacar; me concentro em fazer golpes certeiros em pontos vitais e finalizo com a Kunai, ceifando também a vida dos inimigos. Já fomos informados que as demais Divisões estão na mesma situação, e quando soubemos disso, eu e Neji pensamos imediatamente em papai; a angustia de não saber se ele está bem corroei minha alma.
Sinto meus joelhos cederam, fraca e fatigada como estou uma vertigem me atinge, e vendo minha fraqueza, o impostor que eu lutava vem com tudo para me matar, mas é estraçalhado por Akamaru que fica sempre perto de mim, o enorme cão me olha abanando o rabo, contente por ajudar. Afago suas orelhas e me ponho em pé novamente, seu dono se encontra longe de nós lutando bravamente, Shino saiu para outra missão e ainda não retornou, e Neji está muito longe de mim; fomos todos afastados uns dos outros no meio do ataque que sofremos, vi nos olhos do meu irmão o desespero quando percebeu que estavam nos separando, mas não tive tempo de fazer nada e agora não posso pensar nisso, só rezo a Kami que todos eles fiquem bem. Me preparo para mais ataques, dessa vez com uma Kunai em cada mão, aproveito a pequena trégua e com a ajuda de Akamaru, cavo buracos ao redor de nós dois formando um perímetro de defesa, coloco ali meus últimos papeis bomba, e um gatilho para acionar a armadilha.
Me mantenho focada em qualquer movimento estranho a minha volta, mas estou tão cansada que sinto meus músculos tremendo, a sede também não ajuda muito, sem falar que estamos lutando desde a madrugada; acredito mesmo, que só não me deixei levar, por causa da tensão desse momento. Mas também têm outra coisa me incomodando, já tinha dias que eu sentia meu pequeno bebê se mexer dentro de mim, mas hoje ele não está fazendo isso, não o sinto, apenas o seu Chakra e eu estou muito assustada. Leva algum tempo até o próximo impostor tentar me atacar e cair na armadilha, e ver que funciona me tranquiliza um pouco; até que sinto uma forte dor em meu ventre, me ajoelho no chão com as duas mãos na barriga, sentindo aquela pontada horrível. Começo a me desesperar, estou sozinha aqui e não há nenhum médico ninja por perto, os demais estão muito concentrados em suas lutas, não têm condições de me ajudar. Mais uma pontada, mais forte, e nessa hora as lágrimas banham meu rosto, o medo me atinge inteira; eu não quero perder o meu bebê, por favor, não permita isso Kami! Olho para o Akamaru que uiva baixinho, ele sabe o que está acontecendo, seu focinho me cheira agitado.
— Akamaru, eu preciso de Neji, traga-o aqui! — digo sentindo mais uma pontada.
Vejo o enorme cão correr entre os combatentes, e minha visão começa a ficar com pontinhos negros, tento ficar quietinha e infundo Chakra nas mãos, aplicando o Ninjutsu médico que aprendi em meu ventre, preciso aguentar e salvar meu filho. Então várias explosões acontecem ao meu redor, avisando que os inimigos ativaram todas as minhas armadilhas. Droga! Tento me por em pé e a dor é insuportável, parece que tenho uma faca pegando fogo em meu ventre; saco as duas Kunais e me preparo, cambaleante e com a visão turva, tento usar o Byakugan, mas isso só faz a dor aumentar. Vejo três inimigos se aproximando e praguejo, era para todos serem pegos; me posiciono para me defender, agora não vou poder atacar. Quando eles chegam mais perto, a dor mais forte que já senti toma conta de mim, fazendo eu me curvar sobre meu corpo, impossibilitada de me defender.
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O Despertar dos Sentimentos
RomanceNunca em minha vida, algo fez tanto sentido como naquele momento. O momento mais horrível e doloroso que já passei. A sensação de impotência, o desespero em cada súplica, o gosto amargo do ódio; aquele turbilhão de emoções que me foram apresentadas...