Capítulo 15

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Na manhã seguinte, acordei por volta das 08:00 da manhã. Levantei, arrumei a cama e fui pro banheiro fazer minhas higienes. Quando acabei, coloquei uma calça jeans preta, um moletom, pois estava frio, um tênis preto, fiz um coque bagunçado no cabelo, peguei a chave do carro e desci. Minha mãe estava na cozinha e, como sempre, nem sinal do meu pai.

Mãe: Já acordada filha?

Ana: Sim mãe, preciso sair - dei um beijo em sua bochecha

Mãe: Não vai tomar café?

Ana: Não, tenho um assunto importante pra resolver. No caminho eu paro pra comer algo

Mãe: Ok meu amor, se cuide

Ana: Pode deixar - abri a porta e saí.

A essas horas, presumo que a Luiza esteja acordando, então, ao invés de flores e chocolates, resolvi comprar um café da manhã pra gente. Passe em uma padaria e comprei pão de queijo, bolo de leite, tapioca recheada com queijo, Danone e dois capuccinos de chocolate. Paguei a conta e segui em direção a casa da Luh.

Foi nesse momento que o nervosismo me invadiu, senti minhas mãos suadas e tremendo. Senti um pouco de medo da reação dela também, mas agora já não dava mais pra voltar atrás.

Cerca de 20 minutos depois, parei o carro em frente a casa dela. Respirei fundo antes de descer.

Ana: Vamos lá Beatriz, coragem! - falei pra mim mesma.

Desci do carro e caminhei em direção a porta, respirei fundo novamente tentando afastar o nervosismo e toquei a campainha.
Demorou alguns segundos pra ela aparecer na porta com um pijama e a cara de sono mais linda do mundo.

Ana: Oi - sorri tímida - Bom dia

Luiza: Bom dia, o que veio fazer aqui?

Ana: Vim tomar café da manhã com você.

Luiza: Assim, do nada?

Ana: Não, precisamos conversar. Você tem duas opções: Me deixar entrar, a gente toma esse café maravilhoso que eu trouxe e conversamos, ou você me expulsa daqui e a gente nunca mais se fala.

Luiza: Para de ser palhaça - sorriu - entra logo vai

Ok, ela estava visivelmente brava, mas pelo menos um sorriso eu arranquei dela.

Luiza: Vou tomar um banho rápido, acabei de acordar. Enquanto isso você pode ir arrumando a mesa do café.

Ana: Tudo bem.

Ela então foi pro quarto tomar banho e eu fui fazer o que ela pediu. Cerca de 15 minutos depois, ela apareceu na cozinha novamente, usando um short e um moletom cinza. Sentou-se na mesa e me encarou.

Luiza: E então, sobre o que quer conversar?

Ana: Sobre nós duas, só me escuta, ok? - ela assentiu - eu sei que você está chateada comigo e você tem todos os motivos do mundo pra isso, mas eu só peço que você tente me entender. Eu sei que eu deveria ter te procurado antes, mas eu não tive coragem. Eu fui covarde, eu sei. Deixei que o medo falasse mais alto do que o que eu sinto

Luiza: E o que você sente?

Ana: Eu estou completamente apaixonada por você Luiza - coloquei minha mão em cima da dela - mas eu peço que você se coloque no meu lugar, não foi fácil pra mim admitir isso, eu tinha medo do que o meu pai faria se soubesse, tive medo do que as pessoas iriam pensar de mim, eu não aceitava que isso estivesse acontecendo comigo. Na minha cabeça, isso era errado e eu me sentia uma aberração por conta disso. Eu sei, errado mesmo é pensar assim, mas o que eu podia fazer? Foi isso colocaram na minha cabeça durante toda a minha adolescência.
Eu precisei me isolar e me afastar de vocês pra tentar entender o que estava acontecendo comigo, pra entender o que eu estava sentindo. E, quem sabe assim, o que eu sentia por você deixasse de existir. Mas não adiantou, parece que o sentimento só aumentou depois disso.

Luiza: E o que te fez mudar de ideia?

Ana: Primeiro saiba que esses dois meses não foram fáceis pra mim. Eu sofri muito, mal conseguia dormir direito e perdi as contas de quantas madrugadas eu passei chorando. Chorando por deixar o medo falar mais alto, por não conseguir assumir isso que eu sinto e, principalmente, chorei pela saudade que eu sentia de você e pela falta que você estava fazendo.
Foi então quando eu resolvi pesquisar sobre a cantora que você me indicou, o primeiro clipe que eu assisti foi o de geminiana, e chorei igual uma criança quando cai de bicicleta. Me via muito naquela história. Depois assisti algumas entrevistas dela e quando ela falou sobre como foi o processo de aceitação dela, foi que meu pensamento começou a mudar. Mas o que me fez estar aqui hoje, foi a conversa que eu tive ontem a noite com meu irmão. Ele me fez enxergar que não existe problema nenhum em ser homossexual e finalmente eu consegui me libertar da prisão que eu havia me tornado. Me disse também que eu estava correndo risco de te perder e por isso eu estou aqui Luh, eu não quero perder você.

Luiza: Devo admitir que também não foi fácil pra mim. Sofri muito com a sua ausência, procurando entender o porquê de você ter se afastado, depois de ter me dado aquele beijo.
Mas saiba que eu entendo você, entendo que não deve ter sido fácil pra você se descobrir e se aceitar e fico feliz por você ter conseguido fazer isso. Quanto a me perder, eu realmente estava pensando em desistir de você, porque pensei que você não sentia nada por mim. Mas eu confesso que não sei se conseguiria fazer isso, porque o que eu sinto por você é muito forte.

Ana: Então isso quer dizer que você também gosta de mim?

Luiza: Não - fez uma pausa - eu amo você, desde o dia em que pisei os pés naquela loja pela primeira vez.

Ana: Pois saiba que é recíproco. O que eu sinto por você é forte de mais pra lutar contra e agora a única coisa que eu quero é lutar por você.

Luiza: Você não precisa lutar por mim, eu já sou sua a muito tempo.

Um sorriso enorme nasceu em meus lábios, levantei e caminhei até ela, segurei em sua mão, fazendo com que ela se levantasse também. Passei minhas mãos em volta da sua cintura e ela passou as dela em volta do meu pescoço. E, assim, selamos aquele momento em um beijo calmo e apaixonado, onde eu procurei demonstrar tudo o que eu sentia. Finalmente eu me sentia em casa, dentro do abraço que era o melhor lugar do mundo.

Finalizamos o beijo com um selinho e nos sentamos novamente pra tomar o café.

Luiza: E agora, como ficamos?

Ana: Juntas - sorri pra ela que sorriu de volta.

Quando terminamos o café, resolvemos ir pra sala assistir um filme e passar um tempinho juntas. Ela deitou no sofá e eu deitei no meio de suas pernas, apoiando minha cabeça em sei peito.

Ana: Baby a gente podia sair pra almoçar. Eu, você, o Gustavo e a Priscila

Luiza: Eu topo princesa, liga pra ele

Peguei meu celular e disquei o número do meu irmão. Dois toques e ele atendeu. Coloquei no viva voz pra Luh escutar a conversa

Ligação on:

Gustavo: Pelo amor da Laddy Gaga, me diz que deu tudo certo e que vocês estão se pegando nesse momento.

Ana: Calma maninho - deu uma risada fazendo Luiza rir também - deu tudo certo sim, estamos vendo um filme nesse exato momento

Gustavo: FINALMENTE, OBRIGADO UNIVERSO - Gritou nos fazendo dar risada novamente

Ana: Escuta, eu liguei pra saber se você e a Priscila querem almoçar com a gente

Gustavo: Rolê de casal, eu super topo.

Ana: Ok, liga pra Pri e se arrumem, 12:00 eu passo pra pegar vocês

Gustavo: Tá certo meu amor, estarei esperando.

Ligação off;

Coloquei o celular em cima do centro e voltamos a atenção pro filme. Vez ou outra, trocavámos carinhos e alguns beijos. Ficamos assim, até que desse a hora da Luiza se arrumar pra gente sair.

Aeeeeee porra, finalmente meu casal está junto e eu não poderia estar mais feliz por isso.
Não tenho mais nada a declarar, então até o próximo. Beijos

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