Depois de pegar meu irmão e minha namorada, seguimos rumo a minha antiga casa. Parei em frente e respirei fundo por alguns minutos. Eu não sei o que me espera lá dentro, mas sei que não é nada bom, conheço o Carlos bastante pra ter certeza disso. Ele jamais vai voltar atrás, jamais vai se arrepender do que fez e falou e jamais vai pedir perdão por todas as vezes que me machucou física e psicologicamente.
Sai dos meus pensamentos quando senti a mão de Luiza sobre a minha.
Luiza: Amor, tá tudo bem? - Perguntou preocupada
Ana: Sim baby, está. Eu só... Só tô com medo - engoli seco
Luiza: Relaxa princesa, eu vou estar do seu lado, independente do que seja
Gustavo: Também vou estar maninha - colocou a mão no meu ombro - estamos contigo nessa
Agradeci a eles e em seguida descemos do carro, adentrando a porta da frente. Quando entramos na sala, minha mãe nos recepcionou e nos guiou até a cozinha. Carlos estava sentando em uma das pontas da mesa, como sempre e, ao lado dele, havia um homem que eu conhecia bem. Era o líder da igreja que a minha família frequenta, de nome Augusto. Era um cara de meia idade, cabelos grisalhos, alto e um pouco magro. Eu só não entendia o que ele estava fazendo ali, mas acho que estou prestes a descobrir.
Carlos: Que bom que chegaram, sentem - se - falou friamente
Fizemos o que ele pediu e um breve silêncio se estabeleceu no local, até ele quebrar novamente.
Carlos: Bom, acho que vocês devem estar estranhando eu ter reunido vocês aqui, depois de tanto tempo. Os chamei porque temos um assunto importante pra tratar.
Ana: E isso inclue o Augusto? - perguntei seca
Carlos: Sim, inclue. Ele vai explicar tudo a vocês, peço que escutem e prestem atenção.
Nada dissemos, apenas ficamos em silêncio esperando o homem se pronunciar, o que não demorou muito.
Augusto: Bom, eu e o pai de vocês andamos conversando esses dias e ele andou me contando umas coisas sobre vocês e pediu a minha ajuda.
Ana: Ajuda? Pra que?
Carlos: Beatriz não interrompa. Você já vai saber
Augusto: Vamos falar sobre o Gustavo primeiro - olhou pro meu irmão - Seu pai me contou que você engravidou sua namorada - revirei os olhos - Apesar de ser um erro grave, nós podemos concertar isso. Você pode conversar com a família da moça e podemos marcar um casamento antes que fique mais evidente a gravidez dela. Assim, ninguém vai precisar saber que você fez isso sem ser casado com ela. A cerimônia pode ser bem simples, apenas para os familiares e eu posso organizar tudo.
Gustavo: Olha aqui, eu não quero ser rude com você e nem com esse homem que se diz meu pai. Não vai haver casamento, eu tenho consciência do que eu fiz e já assumi a minha responsabilidade de pai. Os pais da minha namorada já estão sabendo e, ao contrário do meu, ficaram super felizes com a notícia e aceitaram muito bem o neto. Então eu não preciso da sua ajuda, eu sei cuidar da minha vida e resolver meus próprios problemas. Obrigado!
Carlos: Gustavo não seja desagradável - falou rude
Augusto: Não se preocupe Carlos, o rapaz só está irritado. Vamos falar sobre o problema da Beatriz agora, depois chegamos a uma conclusão final
Ana: Até onde eu sei, não tenho nenhum problema - cruzei os braços e olhei pra ele bastante séria
Augusto: Não foi o que seu pai me contou. Ele me disse que você caiu em uma grande tentação de estar se relacionando com alguém do mesmo sexo que você
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O sabor da liberdade
Ficção AdolescenteSinopse: Essa não é uma história fácil de ser contada, mas se faz necessária. Sei que, como eu, muitos se questionam com relação a sua sexualidade, principalmente quando você convive com família e amigos super religiosos e em um ambiente familiar co...