"...Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre sempre acaba..."Cassia Eller - Mudaram as estações
Acho que a pior parte de uma mudança são as lembranças que vão ficar na casa antiga. Becca e eu estamos embalando o que irá conosco, são poucas coisas, mas ainda sim é doloroso saber que não é mais nesse quarto que vou dormir. Saber que nada será mais como antes. Mesmo sem meu pai, eu tinha esperança de que, ficando nesta casa, tudo seria mais fácil. Sentiríamos sua presença, mas agora, parece tão distante.
- Arruma essa casa, Sam. – Ela diz, enquanto abre a mala em cima de sua cama. – Isso foi ideia sua.
- Não, não. Você não vai jogar isso em cima de mim. – Levanto da cama para pegar a minha mala. – Você que tomou a decisão. Aliás, combinamos que foi uma decisão das duas, nada de jogar a culpa na outra. – Faço questão de lembrá-la.
- Estou brincando. – Ela ri. – Sei o que está pensando, também não consigo assimilar. – É bom saber que ela me conhece tão bem.
- Sim. – Rio em apoio. – Não sei... Não é como se eu odiasse a ideia de ir, só odeio a ideia de que a casa fique. Como uma casa não vai ficar, Samantha? É ridículo, talvez se papai estivesse aqui eu também teria essa sensação. De odiar que ele fique aqui. Sozinho.
- Eu também não gosto. – Ela caminha até o meu lado. – Ele prometeu que não vai vende-lá, foi uma das condições, lembra? – Faço que sim com a cabeça. – Então, quando nos formarmos, voltamos pra cá e tudo voltará ao normal. – Ela sorri.
- Sim. Vamos acreditar nisso. – Sorrio de volta e ela vai para sua cama arrumar as malas. – Ele disse que iria alugar, certo? – Pergunto.
- Sim, amanhã antes de sairmos o corretor vai estar aqui para pegar uma das chaves. – Ela explica. – Ela ainda vai ser sua, o dinheiro do aluguel vai ser todo direcionado a você. – Ela diz e sorri.
- Tudo bem. – Tento sorrir de volta. – E você, como está com tudo isso?
- Estou tentando decidir o que pensar. – Ela diz, enquanto dobra suas roupas para organizá-las na mala. – Eu realmente não queria ter que cruzar com ele, ficar na casa dele durante esses três dias vai ser bastante difícil. – Ela parece se questionar. – Eu mal lembro de como ele é. Desde que percebi que ele não iria voltar, não quis ter nenhum tipo de contato com ele.
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8° ANDAR (SENDO REESCRITA)
Ficção AdolescenteMudanças são difíceis, mas necessárias. A vida é assim, a gente pode planejar cada passo que vai dar e em como um fenômeno natural que ninguém espera tudo muda e você não pode fazer nada para evitar. Foi assim com Rebecca e Samanta. Tudo era lá e...