Capítulo Três: Tentando superar ou me enganando?

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Eu estava deitada em minha cama, pensando em tudo que havia conversado com Marcos e o jeito que havia o tratado. Pensei melhor e percebi que não deveria ter o tratado mal por que, afinal de contas, não sou assim.
Resolvi ligar para ele. O celular dele chamou, chamou e ele não atendeu. Nem podia, havia saído com Guilherme e esqueceu o celular na casa do amigo. Resolvi ligar para a casa dele. Logo me arrependi:
- Alô!
- Alô! Quem fala?
- Vanessa, é a Maryanna! O Marcos está?
- O que você quer com ele?
- Oi?
- Perguntei o que você quer com Marcos?
- Preciso falar com ele.
- Vai me dizer que é particular.
- Sim, é.
- Olha só, acho que você está um pouco por fora de muita coisa, inclusive sobre assuntos particulares do "meu"(ela enfatizou esse meu. A cara dela fazer isso!) marido. Entre eu e ele não existem segredos, assuntos particulares com ele não existem mais por que ele divide tudo comigo agora!
- Sim...
- E tem mais, antes que você diga que não sabia e resolver se jogar em cima do Marcos achando que ele possa querer você, mesmo sabendo que ele te trocou por essa beldade que sou eu, estamos grávidos! E muito felizes! Por isso gostaria de pedir, não fique mais ligando para cá com desculpinhas para falar com o "meu"(enfatizando novamente) marido! Está surpresa pela notícia que estou esperando um bebê dele, Maryanna?
- Nem um pouco. Mesmo por que eu já sabia!
- Sabia? Quem te contou? O Rodrigo?
- Não, o próprio Marcos!
- Está mentindo! Como ele iria te contar algo tão íntimo se nem conversamos direito sobre isso ainda?
- Talvez por que ele saiu daí correndo e veio para minha casa me procurar para desabafar. E, antes que diga que estou de caso com ele ou algo do tipo, "ele"(agora quem enfatizou fui eu) veio aqui me procurar para conversar. Mesmo por que nunca teria um caso com ele, sendo que eu era noiva dele, estávamos prestes a nos casar. Não caio tão baixo a seu nível! Tchau, Vanessa! Nem precisa se dar ao trabalho em dizer que liguei! Desliguei na cara de Vanessa, que começou a quebrar umas coisas da sala como uma louca descontrolada. Rodrigo, que ainda estava lá, entrou na sala quase recebendo um vaso de plantas na cabeça.
- Vou ligar para Marcos agora! Ele precisa te internar! Você não está normal!
- Vai se danar, Rodrigo! -Ela tacou outra coisa na direção dele, que se abaixou, tentando ligar para o irmão.
Neste momento Marcos chegou, se assustando com o que estava acontecendo.
- O que está acontecendo aqui?!
- Graças a Deus você chegou, irmão! Me salvou de ser assassinado! Olha só o que esta louca fez aqui!
- Vanessa, o que é isso tudo? Minha casa está destruída!
Ela, fazendo cara de coitada, olhou para Rodrigo, de braços cruzados, e começou a falar:
- Ah, Marcos, são os hormônios da gravidez!
- O quê?! - Se espantou ele.
- Sim, é isso mesmo! Meus hormônios estão descontrolados! E seu irmão fica aqui, me tirando do sério!
- Eu? O que eu fiz?! Você é louca? Olha o que ela fez em minha boca!
Vanessa olhou sério para ele, que percebeu que havia falado demais.
- Como ela fez isso em sua boca, Rodrigo? Estavam se beijando?
- Eu? Beijar esse lixo que é seu irmão?
- Ei! -Retrucou Rodrigo.
- Marcos, você endoidou? Como pode pensar isso de mim?
- Ela tacou um de seus vasos valiosíssimo em cima de mim, eu desviei e cortei o lábio. Foi isso! - Ele mentiu, olhando para ela, que veio para o lado de Marcos dizendo:
- Eu estou me sentindo muito mal, Marcos. Não estou nada bem. Poderia me ajudar me levando para o quarto?
Marcos pensou em recusar, mas olhou para seu irmão, e decidiu ajudá-la.
- Vamos.
- No colinho, amor! - Respondeu ela, estendendo os braços. - Rodrigo, vá para casa. Estamos muito cansados e queremos descansar.
- Vou depois que conversar com meu irmão!
- Amanhã vocês conversam. Já disse que estamos cansados. Marcos, diz a ele...
- Nos falamos depois, Rodrigo. Boa noite!
- Ok, mano! Já que está me mandando embora eu vou.
- Pára de palhaçada, Rodrigo! Não estou te mandando embora.
- O que preciso falar com você é urgente. Mas, como você não se importa...
- Espere um pouco. Vou colocá-la no quarto e já volto!
- Ah não, Marcos! Isso não se faz. Me deixar sozinha no nosso quarto passando mal.
- Pare de drama, Vanessa! Não vou demorar.
Rodrigo sorriu e ela, vendo, fingiu um desmaio nos braços de Marcos, que falou:
- Rodrigo, precisamos levá-la ao hospital!
- Não é para tanto. Leve ela para o quarto e dê álcool para ela cheirar e voltar a si.
- Enlouqueceu? Ela está grávida! Vou levá-la ao hospital.
Vanessa, ouvindo que ele insistia em levá-la ao médico, fez que voltava a si.
- Ai. O que aconteceu?!
- Você teve um pequeno desmaio, Vanessa. Vou levar você ao hospital!
- Não, Marcos! Já estou bem! Me leva para minha cama, por favor! Preciso me deitar.
- Vai lá, mano. Fica com ela. Amanhã conversamos.
- Tá bom! Tenha uma boa noite, Rodrigo!
- Qualquer coisa você me liga. Ah, antes que eu me esqueça... -Marcos se virou para olhá-lo, com Vanessa em seus braços encarando Rodrigo, bem séria, e ele continuou: - ...a Mary te ligou! Vanessa atendeu ela e, por isso, surtou! Conversa com ele tudo que a Mary te disse, tá bom cunhadinha? Bye!
Vanessa sentiu vontade de matá-lo! Marcos perguntou:
- Ela ligou mesmo?
- Sim, ligou.
- E o que ela queria?
- Não sei. Ela não quis me dizer mesmo eu dizendo a ela para deixar recado para você. Por que ainda continua conversando com ela? Melhor. Por que foi correndo contar sobre a minha gravidez para ela? -Ele a colocou na cama e respondeu, calmamente:
- Vanessa, amanhã conversamos sobre isso. Vou tomar um banho. Estou muito cansado.
- Cansado de que, posso saber? Estava com ela, não é mesmo?
- Vanessa, pensa! Se eu estivesse com ela por que ela iria ligar para cá, me procurando? É cada uma! -Ele foi para o banheiro e ela falou, baixo, sozinha:
- Aí tem! Ah se tem! Vou acabar com o Rodrigo! Ah se vou! Pior de tudo é que o idiota beija bem! -Ela fechou os olhos lembrando-se do beijo.
***
- Como posso ser tão idiota? Nossa!
- Falando sozinha, Mary?
- Coisa minha, mana. Não queira nem entender.
- Já falei com você para esquecer o Marcos e seguir sua vida, minha filha. Ele não merece que fique sofrendo por ele, aquele descarado.
- Pai, quem foi que disse que eu estou sofrendo pelo Marcos? Já o superei!
- Quem disse? Seus olhos. Não é preciso ser sábio para perceber o que seus olhos entregam. Mary, te digo uma coisa, existem muitos homens descentes e que pensam, sim, em ter uma vida séria e responsável. Nem todos são iguais a ele.
- Eu sei disso.
- Pois então é só confiar que na hora certa o seu pretendente aparece.
- Ai, pai! Quem usa a palavra pretendente nos dias atuais?
- Não importa a palavra correta, Rimena! O que importa é que sua irmã entenda que não existe apenas este homem para amar. É isso! Bom, já estou indo.
- Já, pai?! Está tarde.
- Bia, sabe bem como são as coisas lá no restaurante. Para receber meus fornecedores este é o melhor horário.
- Vou com você, pai! Preciso ocupar minha cabeça com serviço. Aí você aproveita e faz aquela deliciosa sopa de ervilhas com bacon para nós dois depois.
- Ok, minha filha, eu faço. Mas já não posso te garantir se será apenas para nós dois. - Pensei que papai estivesse falando dos fornecedores. Me enganei.
Quando chegamos no restaurante, para minha surpresa, Rodrigo já estava lá, com a prancheta nas mãos, trabalhando.
- Pai, por que não me disse que ele estaria aqui?
- Mas eu falei que não seríamos apenas nós dois. -Respondeu ele, irônico. - O que tem demais ele estar aqui? Essa sua antipatia por ele já está acima dos limites, concorda?
- Não. Não gosto dele e ponto! Um cara galinha, sem vergonha, que não respeita nenhuma mulher.
- Maryanna...
- Ora, pai, eu vou embora!
- Ah, mas não vai mesmo! Dê o seu melhor sorriso, disfarce a decepção ao vê-lo e vamos trabalhar! É para isto que viemos aqui!
- Boa noite, Sr. Jefferson! Boa noite, Maryanna!
Saí de perto sem respondê-lo, entrando no restaurante. Meu pai pediu desculpas pela minha grosseria, mas Rodrigo pediu que não se preocupasse, pois já estava acostumado comigo.
Meu pai ficou do lado de fora com os fornecedores e eu, na parte interna do restaurante. Rodrigo entrou, me encontrando focada e desprevenida. Estava sentada toda largada e minha saia deixou parte de minhas pernas a mostra. Isso o fez ficar encarando-as.
- Maryanna, queria te fazer uma pergunta, posso? - Dei de ombros sem nem ao menos olhá-lo. - Sabe o que é? Eu gostaria de entender por que você tem tanta birra de mim? Seria por que está apaixonada por este meu charme e quer lutar contra isto? Preciso entender. -Levantei os olhos por cima dos óculos, séria. Ele sorria um pouco, meio de lado.
- Rodrigo, gostaria de entender como meu pai continua contigo aqui. No mínimo ele deixa você ficar por pena por que sabe que nenhum outro restaurante irá aceitar alguém tão folgado e abusado como você!
- Ai! Magoei! Precisa me tratar tão áspera assim?
- Poderia me deixar trabalhar? Estou ocupadíssima aqui!
- Posso te ajudar, se quiser.
- Prefiro me virar aqui! Poderia me deixar sozinha? Obrigada!
Rodrigo saiu, ainda me olhando meio sério. Ficou analisando por que eu não respondi o que ele me perguntou.
Adiantamos bem o que precisava ser feito e isso levou boa parte da madrugada. Quando já estávamos exaustos e terminávamos tudo meu pai surgiu com aquela enorme panela de sopa de ervilhas com bacon e o aroma invadiu todo o ambiente.
- Hum... Conheço este perfume delicioso de longe!
- Esta sopa foi solicitada e eu fiz questão de fazer! Sirvam-se todos!
- Me perdoem, mas eu serei a primeira por ter solicitado esta delícia! -Estilo gulosa, modo on. Rodrigo sorriu, me olhando.
Apreciamos aquela delícia que meu pai fazia super bem. Rodrigo, pelo visto, adorou. Só fiz rir dele com a ponta do nariz suja de sopa. Me aproximei dele, com um guardanapo na mão, entregando a ele, dizendo:
- Toma! Limpa a sopa que sujou seu nariz. - Sorri, meio sem graça. Ele, completamente sem graça, limpou e, agradecendo, falou:
- Você está com sono.
- Meus olhos me entregam, né?
- Sim. Já terminamos tudo por aqui. Acho que podemos ir para casa.
- Pai, vamos embora?
- Quem me dera, minha filha! Ainda tenho uma pilha de notas para revisar. Deite ali no sofá do escritório e durma. Vou procurar ser o mais rápido possível.
- Se eu estiver liberado e você quiser, Maryanna, te levo para casa.
- Vá com ele então, Maryanna. Não quero trabalhar preocupado com você toda torta ali.
- Podemos ir então? -Fiquei sem reação, olhando para ele. Ele estava com a mão estendida para mim e algo me tirou a reação, me fazendo olhá-lo de forma que não havia olhado antes, como homem. Ele tinha lindos olhos que eu não havia notado, e um sorriso de aquecer o coração. -Maryanna? Ei! Você está me escutando?
- Maryanna, minha filha, o que houve?!
- Hã? Nada não, pai! Estou cansada, só isso.
- Achei que estava com medo que a levasse em casa, medo de mim.
- Eu? Medo de você? Até parece! Você é muito feio mesmo e causa certo espanto, mas eu não me assusto fácil!
- Maryanna! -Reprimiu meu pai.
- Deixa, Sr Jefferson, não se preocupe. Já estou acostumado com o jeito de sua filha. Afinal, quase chegamos a ser da mesma família! - O encarei, meio séria e sentida, e perguntei:
- Por que tinha que tocar neste assunto? Não quero nem lembrar que um dia tive algo com seu irmão! Poderia me deixar esquecer?
- Me perdoe! Não quis lhe causar uma lembrança ruim.
- Podemos ir logo? -Perguntei, áspera.
Fomos para casa o percurso inteiro calados. Percebi que ele me olhava enquanto íamos. Por ser um pouco perto do restaurante não demoramos a chegar.
- Bom, está entregue.
- Muito obrigada por ter vindo comigo, Rodrigo!
- Ei, espere! -Ele me fez parar e saiu do carro. Estava de costas e não quis virar para encará-lo. O que era aquilo que estava sentindo agora? Um misto de sensações e sentimentos estranhos. Não queria nem olhá-lo. -Queria te pedir desculpas novamente, pelo assunto que toquei lá no restaurante. Me desculpe!
- Tudo bem. -Respondi, sem encará-lo.
- Mary, espere! -Ele segurou meu braço levemente, me fazendo virar para olhá-lo. -O que houve? Por que não queria me olhar? Está tão chateada assim?
- Poderia me soltar?
- Sim. Mas responda a minha pergunta.
- Boa noite, Rodrigo!
- Está fugindo de mim, Maryanna? Qual o seu medo?! De mim ou de você mesma?
- Do que está falando?! -Perguntei, encarando-o, bem séria.
- Me diz, por que se esquivou na hora que fiz a pergunta mais cedo? E por que está querendo fugir de mim agora?
- Rodrigo, me perdoe, mas prefiro evitar aproximações desnecessárias. Já passei por muitos desapontamentos com a sua família!
- Com o meu irmão, você quer dizer.
- Boa noite!
- Só quero que saiba uma coisa e grave isso em sua cabeça, eu não sou ele! Não ajo como ele! Você pode baixar a guarda?
- Não posso baixar a guarda nunca. Primeiramente quando se diz respeito a você! -Entrei quase correndo em casa e ele, parado no mesmo lugar, ficou com cara de quem nada havia compreendido.
Me encostei na porta, fechando meus olhos, pensando nos dele. Levei um enorme susto com Rimena dizendo:
- Você se decepcionou com um, por que vai inventar de se apaixonar pelo outro? Não vai dar certo!
- Que susto! Do que está falando, doida?
- Deste ar suspirante pelo seu príncipe que veio te trazer em casa, sem o cavalo branco. Pensa que sou boba? Vá dormir e sonhar com ele! Boa noite!
Fiquei ali, sem saber o que dizer ou pensar. Será que ela tem razão no que diz?
▪Será que Mary vai esquecer tão fácil o Marcos e partir para outra? E logo para um outro chamado Rodrigo? E Rodrigo, não estará fingindo para se aproximar dela e descartá-la depois?
O que acham que irá acontecer com este trio?▪

A cada capítulo uma nova emoção!

a Cissinha!

A história de amor mais linda que já ouvi!Onde histórias criam vida. Descubra agora