Capítulo Treze: Muito além do que se espera!

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Estava sentada ao lado de Rimena quando Rodrigo chegou. Seu sorriso se estendeu assim que bateu os olhos em mim.
- Mary! -Expressou, e quase veio correndo a meu encontro.
- Olá, Rodrigo! - Me pus de pé para cumprimentá-lo. Achei que um breve aperto de mão seria suficiente e me antecipei em estender a minha. Em vão. Ele veio com tudo me abraçar, ignorando minha mão ali no ar.
- Como é bom te abraçar! Como é bom sentir o seu cheiro! - Neste instante Zuleika apareceu, voltando da cantina. Perguntou a Rimena:
- Quem é esse?
- É o ex namorado ou o atual namorado dela.
- Não entendo.
- Nem queira. Difícil explicar.
- Rodrigo, espere! - Falei, me afastando dele. -Precisamos conversar!
- Sim sim, claro! Temos muito o que falar, um para o outro. Senti falta de nossas conversas.
- Mana, por que vocês não vão até a cantina? Lá vocês podem conversar mais a vontade tomando um bom café. Café sempre ajuda em decisões difíceis. -A encarei, séria, mas compreendi o que ela queria que fizesse.
- Ela tem razão. Vamos?
Assim que saímos dali alguns minutos depois Amin chegou. Ele perguntou:
- Onde está a Maryanna?!
- Está com o namorado, na cantina. Estão conversando. - Falou Zuleika.
- Namorado?! -Perguntou ele, com um semblante estranho. - Não sabia que a senhorita Maryanna -Mudou para senhorita? - tinha namorado!
- Na verdade eles não são exatamente namorados. Ele é ex dela, que se sente como atual. Basta saber se ela acha que ele é o atual! -Respondeu Rimena, olhando fixamente para ele. -Vai lá! Aí você descobre e nos conta! -Essa Rimena...
- Não, senhor! Vamos aguardá-la aqui mesmo! -Eita, mas parece um pit bull raivoso esse Zurnyn.
Fomos até a cantina do hospital. Ele me olhava com os olhos brilhando, como uma criança que ganha um brinquedo novo. Chegava me deixar sem graça com aquele olhar.
- Você está tão diferente. Seu cabelo ficou lindo assim, do jeito novo.
- Obrigada! Me sinto do mesmo modo.
- Está diferente. Mais iluminada. Ainda mais linda!
- É... Qual café vai querer? Eu vou pedir um capuccino de chocolate com caramelo...
- Qualquer um. Estou tão feliz de estar contigo novamente que nem faz diferença.
- É, Rodrigo, eu...
- Sabe a vontade que tenho? -Meu Deus! Tenho até medo de perguntar!
- De tomar o café? Angel disse que o daqui é ótimo!
- Que café o quê! A vontade que tenho é disso! -Ele, no impulso, me puxou para ele, me dando um enorme beijo na boca. Não consegui correspondê-lo, mas mesmo assim ele ficou agarrado em meu pescoço, me beijando.
Amin, que não ouviu Zurnyn, foi até a cantina me encontrar, mas ao chegar na porta nos viu em meio ao beijo que, na verdade, não existia. Completamente sem graça e se sentindo mal ele saiu dali sem ser visto.
Voltando para perto dos outros Rimena o perguntou:
- Eles não estão lá?!
- Estão. Estão sim.
- Uai... Então...
- Sua dúvida se eles estão ou não juntos se confirmou. Eles estão juntos! Pude perceber isto através do beijo que estão dando e não quis atrapalhá-los! Bom, faz o seguinte, avisa a ela que fui para o hotel. Se precisarem de algo, Zuleika, me avise. Estou com o outro celular.
- Sim senhor!
- Vamos, Zurnyn! - Os dois saíram. Rimena, disfarçadamente, mandou uma mensagem para meu celular, celular este que é de Amin: "Sonsa! Seu príncipe esteve aqui e viu você de amasso com este aí! Saiu daqui agora e, pelo visto, ficou muito chateado com o que viu!" -O meu celular alertou com a chegada da mensagem. Me afastei de Rodrigo, contra sua vontade.
- Por que não deixa para lá?! Não deve ser nada importante!
- Mas é. Rimena me chamou! É algo com papai! -Respondi, disfarçadamente. -Fique aqui tomando seu café que eu já volto!
Fui até onde elas estavam.
- Cadê ele?
- Se está se referindo ao senhor Amin ele acabou de sair! Mas... ... como sabe que ele esteve aqui? -Perguntou, olhando para Rimena.
- Vá atrás dele! Ainda dá para alcançá-lo!
Corri até a entrada do hospital, em vão. Ainda pude vê-los saindo.

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- Senhor? O senhor ouviu o que eu disse?
- Hã? O que, Zurnyn? Me perdoe! Estava aéreo.
- Senhor, o que tens?
- Nada. Só estou um pouco cansado pelo serviço de hoje.
- Somente isso mesmo, senhor?
- E o que mais seria?
- Não sei... Escute, posso arrumar uma coisa para deixá-lo relaxado! Toda vez que seu pai vem ao Brasil ele contrata um serviço de massagistas que o deixam totalmente renovado. Se quiser ligo para elas! É uma equipe e tanto, senhor! Até eu já experimentei das tais massagens.
- Não gosto desse tipo de serviço, Zurnyn!
- Senhor, não é o tipo que está pensando. Na verdade algumas são sim, mas outras só fazem a massagem mesmo. São ótimas para aliviar as tensões do nosso serviço.
- Pare o carro aqui!
- Mas, aqui?! Aqui é uma...
- Sim, eu sei o que é!
- Tem certeza que quer ir lá?! Senhor, seu pai não irá gostar de saber que foi.
- E quem disse que ele precisa saber? Se ele souber vai brigar com você, também. Tendo em vista que você irá comigo lá.
- Eu, senhor?! Por alá! Seu pai nunca permitiria tal afronta!
- Pare de palhaçada, Zurnyn! Não estamos fazendo nada demais, pelo contrário... Em breve falarei a ele sobre minha escolha e ele terá que aceitar, de uma forma ou de outra. Não pode mandar me matar por isso, né? Sou seu filho e maior de idade, e tenho direito a minhas escolhas do que é melhor para mim! Vamos logo!
- Que alá me perdoe!
•••••••••••••••••••••••••••••••
Fiquei muito chateada por Amin ter visto Rodrigo me beijar. Nossa! Me afastei o máximo que pude dele no hospital e ele ficou sem entender nada. Até que em um momento...
- Maryanna, me diz o que aconteceu? Está certo que está preocupada com seu pai, mas por que está fugindo de mim? Fui te abraçar e você saiu. Fui te carinhar e você saiu. O que há? É aquele outro que tá na Arábia, o tal príncipe? Vocês estão juntos?
- Não, não estamos.
- Então o que é?!
- Não estamos mais na mesma sintonia, Rodrigo! Será que não percebeu?
- Não. Aliás, até nos beijamos!
- Você me beijou.
- E você permitiu. E gostou!
- Ai, Rodrigo, não complica ainda mais as coisas para mim. Estamos há tanto tempo longe um do outro e eu pude perceber que não era mesmo amor o que sentíamos um pelo outro. Gostei de estar com você, de me sentir amada por alguém. Mas percebi que amar é muito além de um sentimento na hora da carência.
- Eu servi de que para você, então? De umas espécie de Step velho para quando precisasse e se precisasse?
- Não é nada disso...
- Ah não? Pois é isso que estou vendo! Você, antes de viajar, se dizia toda apaixonada por mim. E eu amo você! E agora você vem com esse papo de que não estamos na mesma sintonia? O que fizeram com você lá?! Uma lavagem cerebral? Ou te compraram com tamanha riqueza deles? Por que se foi isso eu não estarei mesmo nunca a altura. Sou pobre perto deles!
- Olha, Rodrigo, eu vou fingir que não ouvi essa sua ofensa comigo, tá bom? Vou voltar para perto do meu pai que é para isso que estou aqui!
- Espere! - Ele segurou em meu braço e o que me estremecia antes agora me dá certa raiva.
- Me solte!
- Não antes de terminarmos de conversar!
- Já falamos tudo! Tudo até demais! Chega! Me deixe em paz! -Puxei meu braço da mão dele com força, fazendo-o se admirar. Fui para o lado da Rimena e, para minha surpresa, uma dor de cabeça ainda maior chegou ao hospital:
- Olá, Mary! Como vai?
- Meu Deus, Maryanna! Você tentando se livrar de um e chega o outro! Eita, que você não tá bem hoje! -Falou Rimena, baixinho, em meu ouvido. -Cuidado!
- Oi, Marcos! O que faz aqui?!
- Isso eu também quero saber! -Falou Rodrigo, vindo para o nosso lado.
- Você não perde tempo, em, irmão? Como pode?! Para te responder, minha linda, vim ver como está o seu pai. E como fiquei sabendo que estava aqui vim te ver também. Fazia tempo. Estava com saudades! Olha o que lhe trouxe! Seus bombons favoritos! Os de cereja! - Marcos ia me entregar, mas Rodrigo bateu na caixa, jogando tudo no chão, o encarando com fúria.- O que é isso, mano? Que falta de educação!
- Marcos, suma daqui! Você não é bem vindo!
- Vai querer me expulsar, Rodrigo?!
- Se for preciso... -Rodrigo estava chegando, frente a frente com Marcos. Para evitar uma briga eu entrei no meio e falei:
- Vão embora! Os dois!
- Como é?! - Perguntou Rodrigo, admirado.
- Isso mesmo que você ouviu! Não quero saber de brigas aqui! Estamos em um hospital e meu pai está logo ali naquele quarto. Onde já se viu? Querem brigar? Vão para a calçada e se matem lá, se quiserem. Eu não estou nem aí para o que vão fazer. Mas aqui não!
- Mas Maryanna...
- Vão ou vou ter que chamar os seguranças do hospital?
Os dois foram saindo, me olhando. Rodrigo parou na entrada com o olhar muito triste, mas saiu.
- Onde já se viu...?
- Mana, você já parou para pensar que pode ter aberto mão de um homem lindo e que queria casar com você por causa de um relacionamento com um príncipe que nem sabe se vai dar certo? -Perguntou Beatriz. Como sempre ela tem ótimas conversas que me servem de injeção de ânimo.
- Bia, eu não tenho intenção nenhuma em casar com príncipe nenhum.
- Ah sim, tá bom...
- Por quê vocês vivem querendo ver coisas onde não existem? Tenho uma amizade grande com Amin e não tenho interesse em casar com ele.
- E quem estava falando de Amin aqui? Eu falei foi do tal que ficou na Arábia, Zayn né? Ah! Mas não é nele o seu interesse, não é mesmo?
- Quer saber, vou embora! -Dei um beijo no rosto dela, um em Rimena, que reclamou:
- Por que você não cala essa sua boca enorme, em, Beatriz? Caramba! Não vai embora não, Mary! Fica!
- Melhor eu ir. Angel, qualquer coisa me liga. Qualquer hora, tá bom?
- Pode deixar, meu anjo. Descansa. Dorme um pouco.
- Você está cheia de olheiras mesmo! Como o lindão vai te querer assim?-Nossa! Beatriz estava mesmo disposta a me encher! Saí dali a encarando, bem sério.
No carro Zuleika, que havia ouvido toda nossa conversa anterior, falou:
- Senhorita Maryanna, me permite dizer uma coisa?
- Não. Por que me chamou de senhorita!
- Perdoe-me! Maryanna, posso lhe falar?
- Claro que pode.
- Faço muito gosto se você e o senhor Amin se casarem. O senhor Zayn tem a vida dele já estruturada. Será o sucessor do Sheik e não poderá abdicar de suas esposas sem que isso lhe cause maiores dores de cabeça. Principalmente nos negócios. Já o senhor Amin ainda não se casou, tem uma prometida. Mas ela não gosta dele, tem outro homem em mente. E se você se casar com ele ela ficará livre para este outro.
- O caso é que eu não tenho interesse nenhum em me casar, Zuleika. Ainda mais com um homem que eu mal conheço.
- Mas ele não é mau, senhorita!
- Não foi isso que falei. Mal conheço significa que eu não tenho intimidade com ele o suficiente para nos casarmos.
- Intimidade? Mas para se ter intimidade não é preciso casar antes? Hum... Esse negócio de culturas diferentes é que não vai dar certo! A fala de vocês é outra!
- Pois é. É isso. Nunca daríamos certo! Motorista, nos leve ao Shopping.
- Ao Shopping? Que vamos fazer lá?!
- Você vai ver!
Fomos ao Shopping e nos distraimos muito. Fizemos compras, conversamos animadamente e comemos. Depois de um tempo Zurnyn ligou para Zuleika perguntando se iríamos demorar. Ela apenas respondeu que não e desligou. Por que sinto que há algo entre esses dois?
Depois de um tempo fomos embora. Zuleika estava animadíssima! Parecia nunca ter feito algo tão agradável como o nosso passeio.
- A partir de hoje teremos mais momentos assim, viu?
- Com certeza, Mary! Adorei nosso passeio! Chegamos!
- Uai, o que o Zurnyn faz aqui no saguão? Tá sério... Cara de bravo. - Nos aproximamos dele e ele estava mesmo bravo.
- Onde estavam?!
- Estávamos no hospital. E na volta...
- Yala Yala! (Vamos! Vamos!) Precisamos subir, rápido!
- Onde está Amin?
- No quarto. - Zurnyn não nos levou a nossa suíte e, sim, a deles.
- Por quê estamos aqui?
- Entrem! O senhor Amin quer falar! -Nós entramos. Olhei em volta e não o vi. - Chegamos, senhor!
- Maryanna, venha aqui no quarto! Sozinha! -Olhei para Zuleika, espantada. Ela me olhou de volta sem nada entender. Zurnyn me apressou, detendo ela pelo braço para que não me seguisse. Eu fui até lá, apreensiva. A suíte dele era ainda mais luxuosa do que a nossa!
Me aproximei da porta do quarto e parei. O que ele queria comigo lá?
- Maryanna... Entre! - Ele pediu. Fui entrando, devagar.
- Não podia falar...- Percebi que ele estava deitado, sem camisa, e com uma espécie de curativo enorme na altura do ombro.- ...comigo... O que aconteceu?!- Me aproximei ainda mais, quase correndo.-Está ferido! O que houve?!!
- Sofri um atentado! Tentaram me matar.
- Como assim?!! Onde foi isso?!! Aqui?!! -Perguntei aflita enquanto colocava a mão, de leve, sobre o curativo. Ele deu um leve gemido de dor e eu tirei a mão: - Perdão!
- Não foi nada. Foi perto da...- Percebi que ele parou de falar e me pareceu apreensivo em contar.
- Perto da?
- Na rua. Saí um pouco do carro e estavam me vigiando sem que eu ou Zurnyn percebéssemos. Quando vimos o homem se aproximou de mim e me deu uma facada.
- Nossa! Mas quem iria fazer uma coisa dessas?! Seria assalto?!
- Duvido muito. Minha família tem muitos inimigos, Mary. Mas, deixa isso para lá. Minha preocupação era com você. Você está bem?
- Sim, estou. Estava...
- Com seu namorado! Aposto que mataram bem a saudade!
- Como?! - Me espantei. Percebi que a fala dele tinha um tom a mais muito estranho, uma espécie de ciúme.
- Me desculpe! Falei demais! Sei que eu não tenho nada haver com a sua vida particular.
- O que você viu?
- Vocês se beijando. Foi isso que vi.
- Ah sim! Casal de namorados apaixonados se beijam, concorda?
- Como já disse, não tenho nada...
- Amin, se eu fizer uma coisa para lhe explicar o que estava acontecendo lá, promete que não vai mandar me matar?
- O quê? Mandar te matar? Mas por que faria isto?!
- Por isto... - Dei um beijo nele muito quente na boca, fazendo-o se assustar, mas retribuir o meu beijo. Zurnyn chegou na porta com Zuleika, nos vendo em meio ao beijo. Ele ia entrar no quarto para impedir, já bravo, mas foi contido por ela, que a puxou para longe dali.
Nosso beijo ainda continuou por um bom e delicioso tempo. Ele havia passado a mão em volta de meu pescoço e, sem perceber, havia sentado na cama em meio as suas pernas. Após pararmos lentamente de nos beijar ele, me olhando fixamente, não dizia nada, apenas me olhava com semblante sério.
- Preciso ir! - Falei, interrompendo aquela troca intensa de olhares. Continuar ali podia ser perigoso demais. Para ele!
- Vai sair assim?!
- Amin, fique aí! Não venha atrás de mim!
- E se eu não deixar você sair?
- Sei que vai deixar.
- Pois não vai! -Eu estava parada perto da porta e ele se aproximou de mim devagar. Estava me dando certo calafrio aquele olhar dele. -Não vai sair assim! -Ficou frente a frente comigo. Nossas respirações se misturavam, quentes. Nossos olhos não se desviavam um do outro e com seu lábio bem próximo ao meu novamente ele falou:
- Você é muito além do que eu imaginava. Sabe que estamos unidos, não é? Um beijo cela uma união de almas que se amam e não tem mais volta.
- Me deixe ir. Por favor!
- Claro, pode ir. Mas meus olhos não te deixaram dormir e você vai voltar!
Saí do quarto e da suíte dele quase correndo. Zuleika, sem nada entender, ficou parada. -Vá com ela, Zuleika! -Ordenou ele. Ela foi. - É, Zurnyn! Estou bem ferrado agora!
- Nem imagina o quanto, senhor!

▪O que dizer sobre essa intensidade toda que ocorreu? E tudo movido ao ciúme de Amin por Rodrigo.
Como será daqui para frente? Vocês conseguem imaginar?
Eu sim...▪

A cada capítulo uma nova emoção!

a Cissinha.

A história de amor mais linda que já ouvi!Onde histórias criam vida. Descubra agora