Capítulo Sete: Jeito exótico de presentear.

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Nada pode ser comparado a estar morando em outro país. Um lugar estranho, com muitos desconhecidos e nenhum parente ou amigo.
Sempre quis conhecer os Estados Unidos, desde pequena. Não tive a chance de ir e, agora, estou aqui, sozinha. Pareço feliz? Não para mim.
Meu celular toca. Olho no visor e é Marcos. Meu Deus! Até aqui ele me persegue?
Não atendi. Deixei cair na caixa postal. Chato! Já virei essa página! Ele que seja feliz com sua família, construída em cima da minha felicidade!

Ingrid foi super gentil em me deixar ficar no apartamento dela aqui nos Estados Unidos. Decidi sair um pouco. Não conhecia nada, mas precisava conhecer, já que era ali que iria morar.
Meu celular não parava de tocar. Não quis atender ninguém. Queria ficar incomunicável por um tempinho. Precisava deste tempo para mim. Sei que pai irá ficar chateado por isso, mas...
Fiz umas compras para abastecer a geladeira, tomei um delicioso Ice Cream de chocolate e voltei para o apartamento. New Jersey não é como imaginei. Imaginei uma agitação a mais, mas, enfim...
Após o banho e quando já tinha arrumado tudo resolvi deitar e assistir um pouco de TV. Peguei meu celular e vi que tinham quase duzentas mensagens e um outro tanto de ligações perdidas. Resolvi entrar em contato...
- Alô!
- Até que enfim! Poxa, sabe o quanto estamos aflitos aqui, esperando você ligar? Papai está ainda mais nervoso que o comum hoje, e a culpa é sua!-Falou Beatriz, soltando os cachorros para cima de mim.
- Nossa! Quanto drama! E onde ele está?
- Tomando banho. E aí? Como você chegou?
- Bem.
- Que desânimo! Já devo imaginar o motivo...
- Não comece ou desligo na sua cara!
- Veio aqui!
- Ah, Bia...
- Estava aflito!
- Bia, por favor! Não quero saber.
- Conversou com papai!
- Tchau, Beatriz!
- Espera! Pai está aqui! Tchauzinho! Aguente!
- Maryanna, você quer mesmo me matar, não é? O seu plano é que eu morra para você tomar conta de tudo que é meu! Não é possível...
- Papai, também estou com saudades!
- Deste jeito?! Me abandona e não atende minhas ligações!
- Queria esse tempo para mim! Tenho esse direito, não tenho?
- Tem. Mas primeiro me diz se está bem e depois pode desaparecer!
- Estou bem sim. Aqui não é como imaginei, mas já gostei muito, sabe!?
- Já saiu para onde?
- Fui fazer umas comprinhas. Precisei abastecer tudo aqui.
- Melissa, o...
- Pai, por favor! Se for falar daquele que desejo esquecer nem continue. Não quero saber de nada que venha daquela família!
- E da família Ayad, posso falar?
- Ayad?
- Do Sheik.
- Ah... Mas o que tenho eu com eles?
- Com eles, nada. Mas o príncipe Zayn ficou muito encantado com você. Não quis aceitar muito bem quando disse que você tinha se mudado para o exterior.
- Você disse para onde vim?!
- Não. Mas ele disse que descobre e te acha.
- O quê?!! É algum tipo de psicopata?!
- Vai parecer, mas até em casamento ele falou!
- Casamento?! COMIGO?!!
- Sim. Pare de gritar! Mais um pouco fico surdo!
- Papai, este homem é perigoso! Fiquei preocupada agora.
- Ele não me parece perigoso. Parece apaixonado! -Falou Rimena.
- Como sempre a ligação está no viva-voz, acertei?
- Sim.
- Oi para todos que estão aí! Sinto falta daí!
- Então por que não volta?
- Ah, pai, não é tão simples assim. Eu quero crescer, ser alguém melhor na vida, e não ter que ficar dependendo de você a vida toda, não me leve a mal por isso.
- Eu te entendo. Mas você sabe, se precisar de nós, é só voltar! Estaremos de braços abertos te esperando!
- Eu sei, pai! Eu te amo! Amo todos vocês! Bom, vou desligar! Preciso ajeitar umas coisas aqui!
- Fica bem, meu anjo!
- Vocês também, pai! Manda um beijão para a Angel para mim!
- Tinha que incluir essa mulher na conversa! - Beatriz não gostava mesmo dela!
- Bia, ao contrário de você eu gosto muito de Angélica. Ela tem sido uma amiga muito valiosa para mim de uns tempos para cá. Se a conhecesse melhor saberia que ela tem valor.
- Concordo, Mary! -Respondeu Rimena.
- Prefiro ficar com a minha opinião!
- Bom, tchau para vocês! Pai, amanhã entro em contato! Não fique aflito, tá bom?
- Pode deixar. Beijos!
Assim que desliguei fui ler as mensagens. Para meu espanto haviam várias de Rodrigo, algumas de Marcos e uma do tal príncipe. Como ele conseguiu meu número?
Fiquei curiosa com a mensagem dele. Na hora que quis abrir o celular chamou. Era um número desconhecido. Não costumo atender números desconhecidos, mas decidi atender.
- Alô!
- Ah, sua voz é como música aos meus ouvidos!
- Quem é?!
- Ah, me perdoe! Que indiscrição a minha! Aqui é Zayn! Lembra-se de mim?
- O príncipe!
- Sim! Fico feliz que tenha lembrado! Como estás, my lady?
- Bem. Desculpe-me, mas, me diga... Como conseguiu meu contato?
- Consigo o que quero, lady!
- Quem te passou?
- Fiz mal em te ligar?!
- Não, não é isto...
- Pois bem. Preciso te ver.
- Como?!
- Desde aquela noite que nos conhecemos não consigo mais dormir direito. Não tiro seus olhos de minha cabeça. Eles entraram e não saem mais! Assim só eu te vendo novamente para que eles voltem para você!
- Nossa! -Comecei a rir. -Me desculpe, mas essa é a cantada mais esquisita que já recebi!
- Cantada? Não, você não compreendeu. Falo sério! Não é brincadeira.
- Você acha que meus olhos ficaram na sua cabeça e que me vendo devolverá eles? É um modo de dizer, né?
- Lady, em nossa tradição se conhecemos alguém e não conseguimos tirar o olhar da pessoa de nossa cabeça nem para dormir é sinal que os olhos da pessoa estão em nós, em nossa mente. Não quero que tenha seus olhos aprisionados. Precisamos nos ver. -Isso não estava soando como tradição coisa nenhuma e, sim, uma cantada, da bem barata!
- Zayn, como já sabe estou morando no exterior agora. Você deve estar no Brasil.
- Estou em Nova York. Vim resolver uns negócios de papai aqui. Mas onde você me disser que está eu estarei em algumas horas! Em que país está? -E agora? O que fazer? Desligar? Desliguei! Fui tomada por um medo estranho, uma sensação inexplicável e que não fazia parte de mim.
O celular não tocou mais. Estranhei ainda mais. Decidi dormir.

A história de amor mais linda que já ouvi!Onde histórias criam vida. Descubra agora