Capítulo Vinte Um: Início de guerra interna.

26 4 9
                                    

Amin havia me levado a um lugar lindo e haviam algumas pessoas lá. Algumas cumprimentaram ele amigavelmente e outras apenas nos olharam.
- Amor, vamos sentar ali.
- Amin, onde estamos? Que lugar é este?
- Chamamos aqui de templo ou, como dizem no Brasil, congregação ou igreja. Se bem que aprendi que nós somos igreja.
- Você me trouxe a uma... -Olhei para ele, meio curiosa.- ...igreja?!
- Sim. Já havia ido a uma antes?
- Depois de adulta não. Ia quando era criança. Minha mãe... -Parei por um instante, baixando minha cabeça. Senti um enorme vazio ao falar dela e ao sentir tudo voltando novamente.
- Amor, não precisa falar nada agora, se não quiser. Percebi que não sou o único que tem segredos. - Olhei para ele, assentindo com a cabeça, olhando para frente novamente. - Se você quiser ir embora vou entender, mas adoraria que ficasse.
- Não, quero ficar.
- Está se sentindo bem? Só quero que fique se estiver bem.
- Estou bem sim. Só não quero falar sobre ela agora.
- Tudo bem. Daqui a pouco começa. Você vai gostar.
Depois de um tempo começou e eu fiquei muito encantada. Até o final.
- Já terminou?
- Sim. Você gostou?
- Muito! Ouvi muitas coisas que me deixavam muito em dúvidas mas que, agora, estou começando a compreender. Queria mais.
- Você sempre será muito bem vinda aqui, Maryanna! -O mesmo homem que nos cumprimentou na hora que chegamos falou, se aproximando de nós. -Como me apresentei antes, sou o Calebe! Está é minha esposa, Danielle. Estes são Felipe e Alda, nossos amigos que são amigos de Amin também.
- É um prazer conhecê-la, Maryanna! Amin fala muito de você! - A Alda falou, sorridente.
- O prazer é meu!
- Você gostou de estar conosco hoje? -Perguntou Danielle.
- Sim, gostei muito mesmo. Estava aqui falando com Amin agora.
- E então, Amin? Vamos conosco hoje?
- Amor, eles vão comer uma pizza. Quer ir?
- Sim, claro. Adoro pizza!

Nem havia percrbido que a tarde havia ido embora e já era noite. Fomos a uma ótima pizzaria! Os amigos de Amin eram muito animados, espontâneos e era muito bom ouvir suas conversas alegres. Eu, por sua vez, estava meio calada, quieta na minha.
- Amor, algum problema? -Amin perguntou, baixinho.
- Problema?
- Sim. Está tão quietinha... Quer ir para casa?
- Vamos ficar mais um pouco, se quiser. Estou gostando da companhia de seus amigos.
- Nossos. Você, sendo minha namorada, breve será minha noiva e iremos nos casar. Não temos mais meus amigos e seus amigos e, sim, nossos. Quero dividir tudo com você.- Sorri para ele e percebi naquele instante que não adiantaria fazer nada para me afastar dele. Ele sempre estaria dentro de mim, do meu coração.
Depois de um bom tempo fomos embora. Amin queria que eu fosse para o palácio, voltasse para lá, mas eu não aceitei. Ele me levou para o hotel. Quando chegou eu o deixei subir até minha suíte. Senti que ele queria conversar mais comigo.
- Você quer um suco, um café?
- Obrigado amor. Quero só que sente aqui comigo. Preciso conversar com você! -Sabia!
- Pode falar, Amin! Estou escutando.
- Vem aqui! Está com medo de mim?
- Não. Não tenho medo de você.-Mas, sim, do que ele queria falar. Sentei perto dele no sofá e ele, olhando em meus olhos, bem sério, começou a falar:
- Você sabe que eu amo você, né? Amo tanto que o meu desejo, se este também for o seu, é nos casarmos. E isso, para mim, é muito sério. Por isso te mostrei uma parte essencial de minha vida hoje. Sou evangélico.
- Nunca podia imaginar isto, já que a religião predominante daqui é o Islamismo.
- Minha família é toda tradicional. Meu pai é rígido a este respeito. Até os empregados de lá do palácio foram contratados com este pensamento. Tivemos boas cozinheiras e governantas que foram mandadas embora por não serem do Islamismo.
- Nossa! Mais isto é intolerância religiosa!
- No Brasil sim. Aqui é muito mais normal do que parece. Aqui os costumes são completamente diferentes.
- Por isso você esconde que é evangélico?
- Não escondo. Na verdade eu deixo oculto de quem não precisa saber. No caso meu pai e meus irmãos.
- Alguém no palácio sabe?
- Zurnyn sabe. Automaticamente Zuleika também deve saber, já que estão juntos.
- Amin, não vejo motivos para você ter medo de seu pai! Você é um homem livre! Pode fazer o que quiser.
- Mary, não é tão simples assim...
- Por quê, posso saber?
- É... É algo muito mais complexo do que imagina. Você não entenderia.
- Pode experimentar me contar. Estou te ouvindo, atentamente, e tudo que disser para mim será muito bem absorvido.
Não imaginei o quanto seria mesmo absorvido. Ele começou a me falar sobre seu pai, seus negócios de família de armas ilegais e tráfico de armas, e em tudo que ele e sua família estavam envolvidos. A cada palavra dele meu coração estremecia, mas mantive meu semblante sem muito espanto para não deixá-lo desconfortável por tudo que ouvia. No final ele disse:
- E é isso! É ou não é mais complexo do que se possa imaginar?
- Bom...
- Você não imaginaria que fosse tão grave assim, não é mesmo?
- Na verdade não mesmo. Me perdoe por dizer.
- Não precisa me pedir perdão. Eu sabia que não entenderia mesmo. E se, por isso, quiser se afastar de mim eu vou te entender perfeitamente e te respeitar.
- Você quer que eu me afaste?!
- Como é?!
- Você quer que eu me afaste de você?
- Que pergunta é essa agora? Onde queremos nos afastar de quem amamos?
- Então, se não quer que eu me afaste como fala como se quisesse? Por que ao dizer que sabia que eu não entenderia você já está, por si próprio, querendo arrumar um jeito de me afastar de você!
- Não é nada disso!
- Pois foi o que pareceu. Eu nunca julgaria você por nada, Amin. Sabe por quê?
- Por que?
- Por que é isto que fazemos quando amamos alguém. Confiamos e não julgamos! - Ele, me olhando com ternura, sorriu um dos seus sorrisos mais lindos que existe no mundo e, se aproximando de mim, me beijou. Nosso beijo foi muito intenso e transmitiu todo o nosso sentimento, um para o outro.
Parei o beijo devagar e ele, me olhando sorrindo, parecia não entender o por que de ter parado.
- Mary, não precisa se preocupar em me beijar. Nunca farei nada com você que você não queira.
- Não é isso, Amin. É que... -Baixei os olhos para o chão, completamente sem jeito. Havia decidido que chegou o momento de esclarecer muitas coisas, já que ele também estava.- ...preciso contar uma coisa muito séria para você!
- Uma coisa? Muito séria? Amor, você está me assustando!
- Preciso que me deixe falar até o final, sem me interromper! Senão não conseguirei falar.
- Sim, pode deixar. Não vou interrompê-la.
- Sabe, naquele dia que te contei que me enganei sobre a gravidez aconteceu uma coisa que não consegui te contar. Aconteceu na época do engano.
- Sim, estou ouvindo. - Ele me apressou, com olhar sério.
- Amin, talvez o que você fique sabendo aqui hoje pode abalá-lo de tal forma que vai querer separar de mim para sempre. E eu não te culpo por isso. Pelo contrário, a culpa é toda minha!
- Amor, você está me deixando preocupado.
- Vou falar tudo logo de uma vez. É o seguinte... -Neste momento o celular de Amin tocou. Ele olhou no visor e decidiu não atender, dizendo que eu continuasse. Mas o celular dele não parou de tocar, deixando-o aflito. -Atende, Amin!
- É bába(pai)! Deve ter acontecido algo! Me mandou vinte e cinco mensagens. Vou atender. Só um instante. -Ele atendeu! Bom... Parecia que o destino não queria que eu contasse nada a ele sobre algo bem grave do passado. Melhor assim! -Mary, preciso que vá comigo ao palácio!
- Agora?! Uma hora dessas?!
- Você me ama, não é mesmo?
- Sabe que sim!
- E quer ficar comigo, não?
- Sim, Amin. Mas o quê...
- Pois então chegou a hora de enfrentarmos tudo e todos pelo nosso amor. Está comigo? -Ele estendeu a mão para segurar a minha e eu, olhando em seus olhos, sorri, dizendo:
-Sempre!-E peguei em sua mão.
No carro ele estava calado. Não queria muito falar. Parecia nervoso...
- Amor, o que seu bába (pai) queria?
- Você vai ver.
- Amin...
- Calma, Mary! Você vai entender tudo!

A história de amor mais linda que já ouvi!Onde histórias criam vida. Descubra agora