Capítulo Trinta e Nove: Inesperado!

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Os meses se passaram e Amin estava superando todas as expectativas de seu pai. Assumiu as empresas no Brasil e ainda teve tempo de ajudar Said com algumas do exterior, mesmo no Brasil. Mary estava cada dia mais entrosada com os assuntos das jóias e pesquisava muito sobre o assunto. Não queria fazer feio diante do sogro e queria que ele realmente visse que ela tem capacidade administrativa. Só que com o passar dos meses ela percebeu que estava se sentindo diferente, algo estranho estava acontecendo com ela, mas ela não queria alertar Amin sobre nada, para não deixá-lo preocupado à toa.
- Mary, está com uma carinha abatida... O que aconteceu hoje?
- Muitas coisas. Muito trabalho!
- Não está se esforçando demais, amor? Não quero que fique doente de tanto trabalhar.
- Imagina. Nunca fiquei doente de trabalhar e sempre trabalhei. Só estou cansada mesmo. Nada que um bom banho não resolva.
- Mary, senta aqui um pouquinho para conversarmos. – Me sentei na cama perto dele. Seu semblante estava sério e percebi que o assunto não era bom por seu tom.
- O que aconteceu, amor?
- Estamos há quase um ano casados e...
- Nossa! Quase um ano já! Como o tempo passa voando!
- Sim, muito rápido. Mas, o que eu dizia, estamos casados há um tempinho já e você ainda não quis tocar no assunto que foge sempre.
- Assunto? – Me pus de pé, fingindo que estava pegando algo no closet para disfarçar. Sabia bem que assunto era aquele...
- Maryanna, por favor! Já está na hora de falarmos sobre isto!
- Amin, preciso mesmo tomar um banho! Estou muito suada! Conversamos na hora de comer, tá bem?
- Tudo bem. Vou deixar você tomar seu banho. –Consegui fugir. Mas no jantar não poderia escapar.
Quando terminei o banho notei que Amin não estava mais no quarto. Provavelmente estava na sala, me esperando para jantar. Ouvi vozes vindas da sala e percebi que eram conhecidas. Até demais.
- Nem ouvi a campainha!
- Ei, maninha! Espero que não estejamos atrapalhando o casal!
- Imagina, Rimena! Como vai, Jonas?
- Bem. E vocês?
- Cansados. –Amin soltou, com tudo. Senti que ele não gostava muito de Jonas, acho que pelo fato de ser irmão de quem era...
- Mana, precisava muito conversar com você e Jonas se ofereceu para me trazer aqui.
- Se ofereceu?
- Sim. Estávamos na academia e ele aceitou me trazer aqui. Podemos conversar?
- Agora iremos jantar. Aceitam jantar conosco? –Pensei em convidá-los para fugir mais uma vez do bendito assunto... Amin me encarou, bem sério, sendo notado por Jonas, que falou:
- Não queremos incomodá-los.
- Imagina. Será um prazer, não é mesmo amor? –Olhei para ele, séria, e ele assentiu com a cabeça.
Jantamos e não conversamos muito. Rimena puxou um assunto, vez ou outra, tentando interagir, mas ela mesma percebeu algo pesado no ar. Após o jantar ela me puxou para o quarto e os dois ficaram na sala, assistindo futebol.
- Vocês estão juntos? –Perguntou Amin, direto.
- Bom, ainda não. Mas, quase.
- Rimena não estava noiva...
- Do meu irmão. Está ainda.
- Hum.... Então você está, como dizem aqui no Brasil, furando o olho do seu irmão?
- Não. Quer dizer, eu acho que não. Não tenho nada com ela ainda. Apenas nos gostamos. E já dividimos isso um ao outro.
- Agora só falta Rimena terminar com seu irmão, acertei?
- Sim. Mas não é tão fácil assim. Eles são noivos, né, e meu irmão vai me odiar para sempre por querer a noiva dele.
- Ah, vai mesmo, pode ter certeza! Eu sei bem como é isso! Meu irmão queria a Maryanna, mesmo ela não tendo os mesmos sentimentos por ele. Ele ficou obcecado por ela e queria me matar, dizendo que a roubei dele. Uma loucura só!
- Então, no caso, você roubou a noiva do seu irmão?
- Não. Ela não era nada dele. Nós nos apaixonamos. E foi assim!

No quarto...
- Mary, olha bem o que eu te disse, acho que estou grávida!
- Rimena, você é mesmo doida, não é não? Imagino o que papai irá fazer ao descobrir isso. Vai colocar o Ricardo para casar, mesmo se ele não quiser.
- Aí é que está o problema...
- Que problema? Ah, já sei, ele não quer mais casar com você? Nossa, agora que papai mata ele mesmo!
- Não, não é esse o problema! O problema é que eu não quero me casar. Não com ele!
- Meu Deus, Rimena! Você está... Peraí... Peraí um minutinho... – Será mesmo que o que estava passando em minha mente seria verdade?
- É isso, mana! Se eu realmente estiver grávida o bebê nem de perto é do Ricardo. O pai do bebê é...
- O Jonas!
- Sim. –Ela respondeu, abaixando a cabeça meio sem graça.
- Rimena, pelo amor de Deus, como você pode ser tão louca assim?! Noiva de um e grávida do irmão do seu noivo?! Meu Deus! E agora?!
- Não sei, Maryanna! Não me deixe ainda mais nervosa!
Fiquei um pouquinho calada, pensando. Rimena olhou para mim, sem entender nada. Pensava, pensava e não conseguia chegar a uma solução para ela.
- É, Rimena, não sei o que te dizer. Sinceramente.
- Me ajuda, mana! Preciso saber se isso aconteceu, realmente.
- O que quer que eu faça?
- Me ajuda comprando um teste de farmácia para mim. Liga para lá e pede para entregarem aqui. Lá em casa não posso fazer isto!
- E esse entregador vai trazer o que aqui para disfarçar? Remédios para dores?
- Sim, pode ser. Liga! Vai lá na sala, disfarça, e fala com eles que estou deitada, com um pouco de dor de cabeça, e pede Jonas para ir para casa que irei dormir aqui.
- E quem disse que você vai dormir aqui?
- Não vou, boba! Só para ele ir embora mesmo. Depois peço um Uber para ir para casa e não chegar com ele. Anda! Vai logo!
Liguei para a farmácia e fiz uns pedidos para disfarçar o pedido especial de Rimena. Fui até a cozinha, disfarçando, e os dois estavam na maior empolgação com o futebol. Amin me olhou, disfarçadamente, pensando que eu não estava vendo seu olhar a me observar, deu um jeito de vir até perto de mim na cozinha...
- Amor, até que horas sua irmã ainda pretende ficar aqui?
- Ela disse que está querendo dormir aqui.
- Por quê? Ela sabe que estamos em constante lua de mel ainda?
- Acha mesmo que vou ficar falando nossas intimidades com a minha irmã?
- A questão é, ela vai querer dormir aqui e esse cara junto! Avisa a ela que nossa casa não é motel!
- Amin!
- O quê?
- Bom, deixa eu voltar lá para dentro. –Passei pela sala. – Jonas, Rimena não está passando bem. Ela vai dormir aqui hoje. Disse que você pode ir para casa!
- Posso vê-la?
- Acho melhor não. Ela estava querendo dormir um pouco para ver se melhora. Amanhã vocês se falam, está bem?
- Ok! Vou lá, então!
- Calma aí! Vamos terminar de assistir ao jogo! – Encarei séria para Amin, mas ele nem sequer percebeu meu olhar.
Voltei para o quarto e falei com Rimena o que Amin havia feito. Ela, meio aborrecida, decidiu ir até a sala, mas a campainha tocou.
- É o rapaz da farmácia!
- Já?!
- Sim. É aqui pertinho! Fique aí! Vou buscar tudo!
Fui até a sala, sob os olhares curiosos dos dois. Peguei a sacola, paguei e agradeci pela entrega. Ia voltando para o quarto e Amin me parou, dizendo:
- Ei! Espera aí! –Parei para olhá-la e ele continuou: - Rimena está passando muito mal? Se for o caso podemos levá-la ao médico...
- Não é necessário. Ela está apenas com uma leve enxaqueca. Vai passar. Comprei um remédio e umas coisinhas para ela melhorar. Sempre dão certo! Deixe eu ir lá.
- Mary, ela está acordada?
- Não. Adormeceu. Vou acordá-la depois para a medicação. Me dêem licença.
Voltei para o quarto e Amin, desconfiado, veio devagar até a porta do quarto para ouvir o que estávamos conversando...
- Irmã, será que ele desconfiou?
- Acho que não. Nem pode nem sonhar com isso. Já pensou?
- Estou tão ansiosa! Nem posso acreditar!
- E você acha isso bom?
- Você não acha?!
- Não acho que seja o momento, né?
- Ah, e tem momento para um bebê?! – Amin ficou boquiaberto, com os olhos arregalados.
- Vamos logo! Vamos acabar com tudo isso! Vamos aqui na suíte mesmo! Assim eles não desconfiam de nada.
Amin esperou a porta bater e entrou no quarto, sem ser visto. Rimena havia deixado a caixa do teste em cima da minha mesinha de cabeceira e ele, devagar e sem acreditar no que estava vendo, pegou a caixa e sentiu uma enorme felicidade, sussurrando baixinho:
- Não posso acreditar! Obrigado, meu Deus! – Sua felicidade estava estampada no rosto com o tamanho do seu sorriso! Rapidamente ele saiu do quarto, deixando a caixa do teste no mesmo lugar que estava.
Na sala ele, sorrindo e com cara de bobo, largou-se no sofá. Jonas, o encarando, perguntou:
- Aconteceu alguma coisa, Amin?
- Sim. Aconteceu.
- Cara, você está pálido! Peraí. Vou pegar água para você!
- Não, não precisa. Estou bem. Jonas, acho que vou ser pai, cara!
- É sério?!
- Bom... Dependendo do que der no resultado... Maryanna está lá dentro, fazendo o teste. Por isso ela estava tão estranha e parecia nervosa.
- Cara, meus parabéns! Nossa, que felicidade é se tornar um pai, não é mesmo? Bom, eu falo mas eu ainda não sei. Mais imagino.
- Felicidade? Não sei nem descrever o que está se passando dentro do meu coração, sério mesmo!
E lá no quarto...
- Ai, que demora!
- É assim mesmo. Espere!
- Já deu os minutinhos, não?
- Rimena, calma! Vai acabar tendo um troço! Quer ir para o hospital, quer? Amin está pronto para te levar!
- Vira essa boca para lá! Olha, olha! Já está dando o resultado! Por favor, por favor...
- Esse por favor significa o que? Que você quer ou não quer?
- Que eu estou aflita!
- Duas listas, grávida. Uma lista não. Já estamos vendo uma.
- E vai continuar com apenas...  Uma... Maryanna, por que está se formando a segunda lista?
- Rimena... Você fez o teste digital também?
- Sim. Está... Ai meu Deus! Não pode ser. NÃO PODE SER!
- Shiii! Cala a boca! Quer que eles venham aqui?!
- Maryanna, os dois testes deram...
- Parabéns! Você está realmente grávida! –Abracei ela e ela, desesperada, desatou a chorar. – Ei, calma! Não fique assim! Você está grávida e isso é maravilhoso!
- Maravilhoso? Maryanna, você tem noção do que está falando? Estou grávida, mas noiva de um cara que não é o pai do meu bebê! Olha isso!
- Sim, eu sei. Compreendi isso sim. Mas o que se vai fazer?
- Como isso pode ter acontecido?!
- Ah, eu preciso mesmo explicar isso para você, irmã? Como se faz um bebê?
- Palhaça! Isso são horas para brincadeiras?! Olha como estou nervosa!
- Vou buscar uma água para você!
- Não. Fica aqui comigo, abraçadinha! Preciso me sentir assim, protegida.
Ficamos sentadas na cama, quietinhas, abraçadas. Amin veio no quarto, nos vendo daquela maneira. Rimena deu um jeito de esconder as caixas dos testes para que ele não visse.
- Rimena, você não está melhor?!
- Sim, cunhado. Obrigada!
- Não parece que está bem. Está até chorando.
- É por que estava contando umas coisas meio tristes para Mary.
- Tristes nada, felizes. Se anima, mana! As coisas acontecem de acordo com a Vontade de Deus!
- Do que vocês estão falando?!
- Nada! –Respondemos juntas.
- Hum.... Sei... Bom, queria saber se vocês estão precisando de alguma coisa? O Jonas já foi embora.
- Foi?! Ainda bem. –Respondeu Rimena.
- Hã? –Perguntou Amin, sem nada entender.
- Eles estão meio brigados, amor. Não liga não. Mana, você pode ficar no quarto de hóspedes, se preferir.
- Posso mesmo? Não quero ir para casa hoje. Estou muito sem chão.
- A briga foi tão feia assim?!
- Nem imagina o quanto, cunhado! A briga será ainda mais feia com Ricardo. Nossa! Não quero nem pensar, Mary!
- Então não pense nisso agora! Vem! Vou arrumar tudo lá para você!
Saímos do quarto, deixando Amin ali, procurando os testes. Ele achou, os dois, na lixeira do banheiro. A burra deixou bem à vista!
Ele pegou os testes e os olhou. Viu e foi pesquisar o que significava. Em um misto de alegria e ansiedade ele soltou um grito abafado de euforia, ao perceber que o resultado havia dado positivo. Pulando no quarto como um louco ele começou a chorar muito. Como uma criança. A felicidade foi tanta que ele não parava de chorar de tanta felicidade!

No dia seguinte...
Acordei e a mesa já estava posta, completamente arrumadinha e cheia de delícias de café da manhã. Olhei em volta e não vi Amin. Será que foi Rimena antes de ir embora?
- Bom dia, mana! Estou atrasadíssima! Nossa! Não precisava se preocupar comigo desta forma, mana! Que belo café da manhã! Pena que estou muito atrasada para sentar e comer com vocês! Cadê meu cunhado?
- Não sei. Mas não fui eu...
- Bom, deixa eu ir! Eu agradeço mesmo, viu? –Ela me deu um beijo e já foi saindo como uma louquinha!
Sentei sozinha para começar a tomar o café, sem saber onde Amin estava. Sumiu assim, do nada?
O celular dele tocou, estava em cima do balcão da cozinha.
- Amor, seu celular tá tocando! –Chamei, na esperança de ele responder e eu descobrir onde ele está. Nada. Fui ver quem estava ligando e era um número desconhecido. Voltei e continuei com meu café.
De repente a porta se abriu e ele entrou, com um embrulho enorme nas mãos. Olhei para ele, meio assustada. O que seria aquilo?
- Amor, onde você foi?
- Fui ali na rua comprar uma cesta de chocolates que vi na vitrine quando passei ontem. Ela estava bem convidativa e como sei que ama chocolates...
- Amo sim. Mas... E esse outro embrulho?
- Curiosa! Na mesma loja que comprei os chocolates vi esse aí e não resisti. Trouxe para você também. Espero que goste, pois são dois presentes e um amor grande junto! Abra!
A cesta de chocolates por si só já me fez babar. Mas, e aquele embrulho?
Abri, devagar e, para minha surpresa, era um enorme urso de pelúcia, estilo daqueles de anúncio de comercial de refrigerantes, porém bem maior.
- Amin...
- Gostou? Olha a carinha dele!
- Amin...
- E este é super completo, por isso o tamanho. Ele tem uma caixinha de som bluetooh, entrada para cabo USB, câmera de última resolução e ainda toca uma linda musiquinha, tranquila, tranquila. Relaxante.
- Amor, onde vamos colocar este urso enorme? Ele é enorme!
- Colocamos no nosso quarto, por enquanto. Depois colocamos ele no outro. Mas ele pode ficar conosco. No nosso quarto tem muito espaço. E vai ser bom para você ir colocando a musiquinha tranquila para relaxar e dormir.
- Amin...
- Você não gostou?
- Gostei. Gostei sim, amor. Obrigada! –Ele sorriu e veio me abraçar, carinhosamente.
- Vou te mimar bastante, viu? Amo te mimar!
- Mas, por que isso agora?!
- Como assim, por que?! Por que... –Neste instante o celular dele voltou a tocar, fazendo ele interromper a fala. –Amor, me dê licença! Assuntos chatos do trabalho, viu? –Ele saiu, me deixando um tanto desconfiada.

*Parece que Amin está confundindo tudo, concordam? Mary precisa contar a ele o mais rápido possível para que ele não comece a comprar o enxoval, completamente sem saber que, quem está grávida, é Rimena.
E Rimena? O que fará agora que está grávida e que o bebê não é de seu noivo e, sim, de seu cunhado? Como será a reação de Ricardo ao saber da traição de sua noiva e, pior, com o próprio irmão?
Parece que isso tem tudo para ser um barril enorme de pólvora, não é mesmo? *
(Capítulo dividido em duas partes!)

A cada capítulo uma nova emoção!

a Cissinha!

A história de amor mais linda que já ouvi!Onde histórias criam vida. Descubra agora