A Chegada (Nem tudo o que reluz...) - IV

182 40 348
                                    

(2231 Palavras)

De repente, as luzes internas da cabine encheram o espaço. O violeta e o amarelo cortaram o cinza da sala.

– Parada total! – Mandou a segunda oficial.

– Alerta de proximidade! Colisão imediata! Permissão para dispersar? – Em meio ao show de luzes, a voz digital do sistema operacional surgiu.

– Ativar dispersão imediata – bradou o primeiro imediato, almejando futuros reconhecimentos.

– Cegxon, cancele essa ordem, desativar dispersão imediata! – Falou rapidamente o capitão.

– Senhor, vamos bater! – Retrucou, como se estivesse dando um sermão no capitão.

– Bater no que, senhor? Estamos parados, senhor – falou o capitão, sarcasticamente.

– Nove passos para bombordo – falou o capitão entre suspiros (ele olhava a ampússola, trêmulo). Os manobristas inclinaram o corpo e o globo de wa deixou as hélices na diagonal. A hélice inferior permaneceu funcionando dando giros lentos para evitar afundar, enquanto as hélices inclinadas faziam com que o hidro-bala se movesse uma estela de medida (cerca de quatro metros) para a esquerda.

Novamente, as luzes violeta e amarela ainda mais intensas iluminaram cada canto da cabine.

Alerta de aproximação extrema! Vários objetos não identificados rentes ao casco! Recomendada dispersão máxima imediata – falou novamente a neutra voz do computador, alheia à preocupação.

– Capitão, estamos cercados! Cerca de trezentos... não, mil... Senhor, mais de trinta mil objetos estranhos em volta! – Falou a segunda oficial preocupada.

– Motor, ative o modo de exposição. Liberar proteção e ativar camada submarina, por favor – disse o capitão, nervoso.

– Capitão, o senhor sabe o que está fazendo? Esteja certo de que não nos arrependeremos de suas decisões! – Disse o primeiro oficial incisivo.

– Pela primeira vez concordo com você. Eu também espero saber o que estou fazendo e espero estar totalmente errado – respondeu tocando em seu ombro.

As paredes começaram a se abrir descendo para o chão e rapidamente uma película de vidral se estendeu, tomando o lugar das paredes, forrando toda a cabine, impedindo que a água entrasse ou a pressão esmagasse tudo e, ainda, permitindo a vista para o exterior nitidamente.

– M-Motor, por favor, ative o modo de expansão, três estelas de alcance – disse o capitão hesitante. – Luzeiros se acenderam iluminando tudo ao redor, como que pequenos sóis.

– Meus céus!!!! – Tentou dizer a segunda oficial, engulhando.

– Que horror! Que os céus tenham piedade! – Exclamou sentimental um dos maquinistas.

– E-Eu não... E-Eu pedi tanto aos céus para que o que eu achasse fosse somente devaneios, mas... pelo jeito não pedi com forças o suficiente – falou o capitão lançando-se em sua cadeira para desativar o modo de exposição. (Nunca ficar às cegas foi tão invejável).

Enquanto as paredes subiam, elas tornavam a ocultar de todos os milhares de corpos de mulheres, idosos, homens e crianças que flutuavam dramaticamente.

O primeiro oficial estava congelado, sua boca não destilava mais veneno. Nada que falasse apagaria da sua mente o que havia visto por todos os lados. O motor removeu o elmo, jogando-o sobre a poltrona, não queria ver nada, já era o bastante ter visto tudo em dígitos, linhas e contornos.

O fim dos meiosOnde histórias criam vida. Descubra agora