Tem certas coisas na nossa vida que acontecem e a gente não sabe como, onde ou o porquê.
Foi assim que eu estava me sentindo naquele momento. Porque alguém me derrubaria desse jeito, ainda mais desse jeito?! Porque? Eu nunca fiz mal a ninguém na escola, nunca fui de ficar falando mal das pessoas, foi o que eu disse no começo, eu sempre fui muito na minha.
Por um momento eu estava tonto, tinha batido a cabeça no chão. Eu não estava preparado pra cair, eu estava totalmente lerdo nos meus pensamentos como sempre. Nunca imaginaria isso. Então fui com tudo no chão sem tempo de me proteger.
Levantei a cabeça olhando pra frente quando sinto meu nariz quente demais e estava doendo. Levei a minha mão até ele e quando fui ver minha mão, estava cheia de sangue.
Comecei a entrar em desespero quando vi aquele sangue ali, eu não podia ter quebrado o nariz ou alguma coisa assim.
Então do nada ouço uma voz atrás de mim.
- Até que horas o viadinho vai ficar no chão se lamentando?
NÃO ACREDITO NISSO! Era Lorenzo que estava falando comigo.
Virei meu rosto e era realmente ele. Eu não consegui disfarçar meu olhar de medo e de dor.
- Por-porque você fez isso? Eu disse em seguida colocando a mão na cabeça. A dor estava ficando mais forte.
- Cala essa sua boca nojenta, viado. Ele me olhou fazendo cara de raiva. - Você acha mesmo que eu não notei você me observando a aula inteira?! Parecia que queria me comer com os olhos.
Ele cuspia as palavras com desprezo olhando diretamente pra mim, que ainda continuava no chão.
Eu não acreditava no que estava acontecendo ali, porque ele estava fazendo isso? Nem se quer eu toquei ou falei com ele. Como ele pôde ter feito essa crueldade comigo?
- Por isso então você pega e me derruba desse jeito? Olha o que você fez comigo!!!
Eu gritei. Uma lágrima saiu dos meus olhos, eu não queria que ele visse minha dor. Não queria que me visse daquele estado, mas eu não pude conter.
- Você merece muito mais que isso. Eu já percebi que você tá "encantado" por mim. Você é um viado tão miserável que nem consegue disfarçar.
Ele disse pegando no meu queixo e depois me deu um tapinha cara.
- E olha aqui, seu viado de merda. Para com essa porra! Eu não gosto de viado, eu adoro uma bucetinha. E mais, eu namoro a Raquel, que por algum acaso eu já sei que vocês não se gostam. Ela é uma gata e eu acho que você tem inveja dela, claro! Um viado como você, com certeza queria ter nascido como ela. Ele falava rindo de mim.
Eu só conseguia olhar pra baixo e pensar em tudo que estava acontecendo, eu chorava mas em silêncio. Não deixei nenhum barulho de choro sair de mim.
Levantei minha cabeça com ódio nos olhos, peguei minha bolsa e levantei.
- Ui, o viado tomou coragem agora. Vai fazer o que?
- Eu não vou fazer nada. Até porque eu já vi que você é uma pessoa doente. Falei enxugando minhas lágrimas com uma cara de desprezo pra ele.
- humm, isso mesmo! Pode me chamar de doente. Eu não ligo a mínima pro que um viado igual a você acha de mim. Agora, vaza daqui.
Eu olhei mais uma vez pra ele, dei um sorrisinho sínico e saí.
Não sei porque eu sorri daquele jeito, acho que eu não queria sair como sofrido dali sabe? sei lá, ou então eu não estava conseguindo raciocinar.
Cheguei em casa, minha mãe veio na minha direção, com uma cara de preocupada.
- O que aconteceu com você, Gustavo???? Ela colocou as mãos em meu rosto.
- Calma, mãe. Peguei nas mãos dela e tirei, calmamente. - Eu tô bem, não aconteceu nada demais.
- Como assim não aconteceu nada demais, Gustavo. Você está com o nariz super inchado.
- Eu só caí da escada no colégio mãe, mas estou bem. Calma.
Eu não podia contar a verdade pra ela, sabe se lá o que minha mãe iria fazer, ainda mais se ela contasse a verdade também pro meu pai, ele iria querer matar o Lorenzo.
- Tá, filho. Vai cuidar disso então. Você tem certeza que só foi isso, Gustavo? Ela me olhou nos olhos.
- Tenho sim, mãe. Deixa eu ir tomar um banho porque meu corpo está todo dolorido.
- Tudo bem, meu filho. Ela pegou no meu rosto e me deu um beijo.
Saí e encontrei meu pai na sala, falei com ele, dei um beijo nele e fui pro meu quarto. Escolhi uma roupa qualquer e fui em direção ao banheiro.
Olhei no espelho e minha cara estava totalmente inchada. Meus olhos vermelhos por causa do choro e meu nariz super inchado. Entrei no box, tomei meu banho, me sequei e coloquei minha roupa. Saí do quarto e nem quis saber de almoço. Fechei a porta, e fui em direção a minha cama.
Comecei a chorar, foi totalmente automática o choro. Eu não estava acreditando no que tinha acontecido a pouco tempo.
Como assim o Lorenzo me machucou? Como assim ele falou aquelas coisas horrorosas pra mim? O que foi que eu fiz pra ele, gente? só fiquei olhando pra ele, o que tem demais nisso?!
Eu afoguei minha cabeça no travesseiro e comecei a chorar, até estava soluçando. Milhões de pensamentos passavam por minha cabeça e eu não sabia o que fazer.
Até que de tanto chorar, eu acabei pegando no sono, com a cara toda molhada e o travesseiro encharcado.
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Encantado.
RomanceGustavo é um garoto de 18 anos, cheio de decepções e frustrações; Gustavo não quer de jeito nenhum se "encantar'' por alguém. Até que um novo garoto, diferente de todos aqueles que presenciou, entra na escola. Fazia muito o tipo dele, aquele tipo pe...