O mistério da caixa

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Querido diário, sou eu, S/N novamente e estou em mais um dia cheia de tédio.

Já é o 30° dia de quarentena e eu não tenho literalmente nada pra fazer, os dias vão se passando e eu realmente perdi as contas de quantas vezes eu tentei criar uma rotina.

Tentei treinar em casa, tentei aprender a desenhar, aprender a cozinhar e colocar o estudo em dia, aliás, eu havia terminado a escola a alguns anos e me preparava para entrar na faculdade.

Não está fácil permanecer em casa, sem os meus amigos...

— s/n, vem jantar! — Grita a minha mãe como se toda a comida da terra fosse acabar.

— Arg... já vou! — falei revirando os olhos, como uma conduta costumeira, deve ser o tédio, me sinto cada dia mais chata!

O jantar até que estava gostoso, minha mãe sempre se esforçava para fazer uma refeição deliciosa, nos éramos pessoas simples, mas vivíamos felizes, mesmo diante da pandemia que assolava o mundo.

Naquela noite, minha mãe preparou uma canja de galinha e tinha um pouco de sorvete que sobrará do fim de semana passado, pelo menos era isso que eu achava.

Me volto para a geladeira animada com a ideia de devorar a última sobra de sorvete de chocolate....

—  Tá procurando o que? — disse minha irmã caçula com um sorriso travesso.

Sabia exatamente o que ela iria falar, mas ela aguardava a minha resposta com um sorriso sínico no rosto.

— o sorvete? Cadê?

— Eu comi — gargalhava ela com uma postura vitoriosa.

Apenas dei de ombros e me dirigi para o meu quarto.

Ainda com a necessidade daquela sobremesa gelada eu peguei meu celular e comecei a mexer de maneira costumeira, não havia nada interessante, apenas ia passando a tela para baixo, aguardando que alguma coisa inacreditável acontecesse comigo.

Quem eu quero enganar, tenho poucos amigos, não sou popular, não gosto de ir a festas barulhentas, nem um namorado eu tenho...

Ahhh... um namorado, que saudade de dar uns beijos, mas nessa quarentena, contato físico se torna impossível.

Canso de olhar para tela do celular que não tem nada de novo a me mostrar e resolvo dormir... afinal, amanhã pode ser um dia melhor.

****************

O sol nasce e eu escuto o barulho dos pássaros, o brilho e o calor do raio de sol afagam meu rosto e eu sinto que já é hora de levantar.

— Só mais 5 minutos — digo para mim mesma, como se desse satisfação a alguém.

— S/n, levanta, tenho uma tarefa pra você, vamos, já é meio dia e eu não criei filha pra ser preguiçosa — grita minha mãe como se a rua inteira precisasse saber que eu estava dormindo e que eu não passava de uma preguiçosa.

Levantei aborrecida, o que ela quer? Como assim são meio dia, olha a altura do sol, são no máximo 8:30, será que toda mãe é assim, aff....

— oi mãe?! — falei com ela com um tom aborrecido, de alguém que não queria ser acordada.

— S/n eu quero que você limpe o porão.

— O PORÃO???? Mas mãe, lá tá cheio de aranha e barata... não mãe, eu prefiro lavar por um mês a louça do jantar - disse quase implorando.

— Não senhora, o porão tem que ser limpo e só eu trabalho nessa casa, pega uma das máscaras descartáveis que eu comprei e pode ir limpar o porão.

Sabia que não conseguiria persuadi-la, então decidi terminar com essa agonia e fui logo iniciar meu trabalhado, afinal quanto antes eu começasse, antes eu acabaria.

Peguei o rodo, esfregão, panos, luvas, produtos de limpeza e a minha máscara. Parecia que eu me dirigia ao campo de batalha.

Não era fácil limpar o porão, eu morava em uma casa antiga e  lá ainda haviam objetos pessoais dos antigos donos, nada de valor, apenas velharia.

A família Tanaka eram os antigos proprietários, nunca soube muito a respeito deles, o que eu sabia é que eles haviam vindo do Japão para o Brasil e o último havia vivido aqui até seu falecimento e não tinha deixado herdeiros.

Descendo as escadas, parecia que eu estava entrando em uma cena de filme de terror, havia um piano velho, umas malas, bolas de futebol, caixas com os enfeites de natal da minha mãe, roupas velhas para doação... uma infinidade de quinquilharia.

— Não acredito que estou fazendo isso no meu domingo — resmungava em tom baixo.

Cada espanada que eu dava eu tinha a impressão que pulava uma aranha em mim, foi susto atrás de susto.

Quando finalmente limpei o grosso, estava prestes a subir para tomar um copo de água (não esperava que minha mãe fosse aparecer com um copo de limonada refrescante no fim na escada, eu que me vire), meu pé cedeu no piso.

— Que droga, maldita casa velha!!! — meu pé estava preso no buraco que cedeu devido a tábua apodrecida.

— Mãe! —gritei, mas ela não veio ao meu socorro. Terei que me virar.

Mexe, puxa, faz força...

— soltei! — disse com um ar vitorioso.

Quando retiro meu pé, observo que no buraco do piso havia uma pequena caixinha de madeira, uma caixinha antiga e com uns desenhos entalhados nela.

— O que é isso? — estava realmente curiosa, adorava um filme de mistério e fiquei empolgada no que poderia haver naquela caixinha misteriosa.

Não me demorei, terminei o serviço o quanto antes, tomei um belo banho, afinal estava imunda e logo parti para tentar abrir a minha caixinha.

No quarto, eu admirava a caixa em cima da minha cama.

Meu quarto era um lugar simples, bem parecido comigo, paredes brancas, uma cama, um Garda-roupas e uma escrivaninha para os estudos com meu notebook aberto.

— Onde abre? — não tinha fechadura.

Tentei puxar, desenroscar, nada... simplesmente parecia feita para não abrir, mas sempre que balançada, ela fazia um barulho como se tivesse algo dentro.

Passados alguns longos minutos, já estava desistindo, quando a manga da minha camisa prende em uma fenda da caixa e com um movimento ela destrava.

— finalmente... — disse em tom baixo, não queria ser atrapalhada por ninguém enquanto investigo o interior da caixinha.

Dentro da caixa, para a minha surpresa um color de prato com um pingente azul turquesa.

— Um colar? — fitava o objeto tentando entender o que ele fazia lá dentro. Porque alguém guardaria um color no chão? Não fazia sentido.

Olhava o objeto e meu interesse aumentava, imaginando mil histórias que aquele objeto poderia ter presenciado.

— S/N, o jantar tá pronto, vem comer — berrava a minha mãe como de costume.

— Já vou! — suspirei e num impulso para me levantar coloquei o objeto no pescoço.

Imediatamente tudo começou a girar, como se estivesse, o teto e as coisas ao meu redor giravam devagar, o som foi ficando grave, como se estivesse em slowmotion.

Tudo estava mudando, parecia não haver  gravidade no meu quarto, o meu corpo ficou leve e flutuava a centímetros da cama, não consigo me mover, minha vista escureceu e do nada, como se tudo voltasse ao mesmo tempo eu caio com tudo no chão.

De cabeça baixa, retomando a consciência eu olho para as minhas mãos,  minha vista ainda está embaçada. Espere, eu to no chão, literalmente, isso é grama embaixo de mim, não consigo falar... olho ao meu redor e a única coisa que consigo ver é que estou diante da entrada de uma cidade.

Vejo uma placa grande, olho ainda com a vista embaçada....

— KO....NO....HA! - tudo fica preto.

Uma aventura em Konoha (Kakashi x Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora