Uma aventura em Konoha (Kakashi x Leitora)

Sentimento a flor da pele

Me apressei para tomar um banho, afinal não queria que a tragédia do dia anterior se repetisse. Por isso como uma boa moça levei as minhas roupas para o banheiro e me troquei lá mesmo. Me espremendo como uma sardinha em uma lata no minúsculo banheiro.

Saio do banho e vejo Kakashi sentado na beira da cama, com seu livro em mãos e uma marmita ao lado dele.

— Trouxe o seu jantar — Disse sem tirar os olhos do livro.

— Você não vai comer? — Perguntei terminado de secar o cabelo.

— Já jantei! Comi enquanto esperava o seu ficar pronto — disse ainda com os olhos vidrados nas páginas.

Droga, mais uma chance que eu perdi de vê-lo sem a máscara.

Sem esperar outro convite, pego a marmita que estava enrolada em um pano e a desembrulho sentada no chão. O cheiro era delicioso. Peixe e arroz. O agradeci pela refeição e comi, comi tudo, estava faminta.

Estava com receio de parecer mal educada ou esfomeada, mas em nenhum momento ele me olhou. Sempre com os olhos rápidos transcorrendo as linhas das páginas dos livros.

Terminei o jantar, estava satisfeita, durante o dia não conseguimos fazer uma refeição decente, andávamos enquanto comíamos algo fácil, uns biscoito de arroz que Kakashi trazia consigo.

Pronta para dormir deitei no cantinho da cama, deixando bastante espaço para ele. Me enrolei em um lençol fino que estava sobre a cama.

— Boa noite! — disse me cobrindo.

— Boa noite! — disse ele, ainda lendo o livro, na verdade ele não lia, devorava o livro em sua mãos.

Eu estava sem um pingo de sono, quando Kakashi decide fechar o livro e se dirige ao meu lado. Faziam dias que ele não deitava em cama confortável, não que essa fosse, mas era uma nuvem, se comparada ao sofá da sua sala.

Eu me mexi a noite inteira, tirava coberta, colocava coberta, afofava o travesseiro, colocava a mão na cabeça, entre as pernas... nada parecia resolver a minha insônia.

Kakashi permanecia imóvel, na mesma posição que havia deitado. Dois braços sob a cabeça, uma perna reta, outra semi flexionada. Não parecia dormir, aparentava apenas descansar os olhos. "Como pode ser tão bonito?" Eu penso olhando a silhueta do seu rosto que estava de perfil, pelos traços marcados na máscara, dava pra notar. Quem dera que a máscara simplesmente escorregasse, eu pensava sorrindo.

A noite foi assim, dormi muito pouco e muito mal, enquanto meu acompanhante sequer se mexia.

Acordamos cedo no dia seguinte, tomamos café e nos preparamos para sair.

No caminho, Kakashi me deu uma bandana da folha, duas kunais, e um par de luvas que lembravam meia arrastão, elas vinham do pulso até o cotovelo.

Eu olhava as kunais como alguém que precisa de uma manual de instrução. Segurava errado, e estava muito preocupada, se eu precisar usar eu não saberia.

— Não se preocupe, você não precisará usar. Faz parte do seu disfarce — disse sorrindo. Era incrível como a todo momento ele parecia ler os meus pensamentos.

Caminhamos por mais meio dia até chegar em uma linda casa com estilo oriental. Eu adentrava e me impressionava com o requinte e riqueza do lugar.

Lá encontramos Yumi, uma moça bonita e bem jovem que deveria ser levada ao país do som para seu casamento arranjado. Esperamos ela na porta, ao passar por nós, ela sequer nos olhou, não cumprimentou seus empregados, apenas entrou na carruagem e seguimos viagem para o nosso destino.