A covardia é um dom!

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Capítulo 14

Estranho, estou a dois dias dando aulas sem nenhuma surpresa.
Isso deve ser comum para muitas pessoas, mas os meus dias depois que reencontrei a Ana ficaram um pouco mais... animados. E esses dias calmos, sei lá, não estou acostumado!

No dia seguinte que conheci a Veronica e a Laurinha a Ana abriu a porta e não me olhou nos olhos, ela estava me evitando, fiquei me perguntando o que eu podia ter feito. Nos sentamos e começo a folhear um dos livros, subitamente ela diz:

— Eu realmente não queria tocar no assunto, mas... me desculpa! — a olho confuso. — A Veronica passou dos limites ontem, por favor aceite minhas desculpas. E eu agradeceria se você não tocasse no assunto. ela falava muito rápido.

— Sabe, estou horrorizado... volto minha atenção para o livro que estou segurando.

— Eu sei! diz com uma voz de choro. Desculpa, desculpa...

— Precisava mesmo dobrar a ponta da página? viro o livro e mostro a página amassada. Você não tem um marcador?

— Mas é o livro de matemática. — sorri. — É uma espécie de vingança!

Sorrio e ela suspira, aliviada. Percebeu que não vou tocar no assunto, voltamos a ficar confortáveis um com o outro.

Esse pequeno dialogo foi a única coisa diferente que aconteceu. Mas estou com uma impressão ruim, está tudo muito certo.
Minha cabeça começou a lembrar da frase "calmaria antes da tempestade"...
Merda! Estou ficando paranóico.

Agora estou aqui esperando a Ana voltar. O celular dela tocou e ela foi na cozinha atender, não quero ser enxerido, mas estou ouvindo sua voz um pouco alterada, é uma discussão.
Depois de alguns minutos ela retorna com um rosto vazio, olha para mim e levanta uma sobrancelha, depois vê os livros.

— Ah! Estou tendo aula! — a voz dela sai estranha, ela tosse e dá um meio sorriso. — Preciso ir no quarto resolver algumas... pendências! — sobe as escadas. Está andando de uma maneira robótica, o que aconteceu?

Depois de um tempo ela desce com os cabelos soltos e usando um sobretudo preto.

— Ana, está tudo bem? — pergunto preocupado.

— Claro! — joga o cabelo para o lado. — Só senti um pouco de frio! Eu demorei lá em cima porque a Raquel, digo, minha mãe me ligou e disse que vem pegar essa mochila. — aponta para a mochila que está carregando. — Estava procurando na bagunça do guarda-roupa, você sabe, é como se eu dividisse meu quarto com algumas... irmãs! É realmente um inferno! — dá uma risada nervosa.

Claramente ela não está bem e não quer me contar o que aconteceu. Não vou mais insistir no assunto.
Lá fora ouço uma buzina.

— Acho que é aqui.

— Não é não! — diz de maneira rápida. — É do vizinho, direto ouço. — ela senta e coloca a mão na cabeça. — Me deu tontura, você poderia ir me buscar um copo da água?

— Claro! — sabia que ela não estava bem! Vou para a cozinha, o bom de cuidar da Laurinha é que agora eu sei onde estão os copos... ouço a porta bater.

Vou para a sala com o copo vazio na mão, cadê ela?
Abro a porta e vejo a Ana em um carro com um cara que devia ter minha idade.
Ao me ver ela abaixa o vidro e grita:

— Dispenso a aula hoje, senhor tornozeleira eletrônica! — e sai cantando pneu.

Merda! Ela estava fingindo ser a Ana. Eu cai nessa!
Entro e ligo para a Raquel. Ela diz que não tem o que ser feito a não ser esperar, falou também que eu devia ir para a casa. Mas como eu vou embora desse jeito?

Minhas 8 NamoradasOnde histórias criam vida. Descubra agora