Preciso de uma ordem de despejo para o monstro que mora debaixo da minha cama.

650 162 167
                                    

Capítulo 48

Não consigo me concentrar!
Aliás, durante toda a semana andei distraído.
Tentei com todas as minhas forças lembrar do que aconteceu quando eu estava bêbado e nada!
Para falar a verdade tive duas lembranças e nenhuma delas me mostrou um bom cenário.
Lembro de ter me deitado no sofá. Como eu tirei a Nicole com cólica de lá? Que patético!
E lembro de ter segurado a mão dela. Que vontade de me bater! Ela já não vai com a sua cara, imbecil!
Tento encarar a tela e desisto. Tenho a impressão que a pessoa que está mascando chiclete furiosamente ao meu lado não está mais interessada do que eu.

— Fica difícil agir como se fossemos apenas amigos quando você fica me encarando assim dentro de um cinema, honey. — sussurra no meu ouvido. Sorrio e seguro a sua mão.

— Não somos "apenas amigos" faz tempo, honey. — sussurro de volta.

— Mesmo se eu te chamar de "oppa"? — solto a mão dela por impulso. — Isso daria um bom vídeo. "Como assustar um homem com apenas uma palavra". — tento me desculpar mas ela fala mais rápido. — Pediu para eu ser patient with you. Don't worry, estou te esperando. — se aproxima. — Sei que só estamos vendo esse filme legendado por minha causa, mas estou achando um tédio, sorry. — faz um biquinho. Dou risada e algumas pessoas nos olham feio. Seguro a sua mão novamente e saímos do cinema. Enquanto caminhamos de braços dados a vejo mexer o ombro desconfortavelmente. — I hate this nicotine patch! — vira as costas e aponta onde estava o adesivo de nicotina antes de sair de casa. — Me deu alergia. E esse chiclete is terrible! — vai até a lixeira e joga o chiclete. — A chapinha foi tão fácil de largar mas o cigarro... — para de falar e volta a se mexer incomodada. Me aproximo e beijo o seu ombro.

— Vai conseguir, honey! Eu acredito em você.

— Também acredito que vou conseguir. Já passamos por coisas piores. — segura o meu braço e voltamos a caminhar. — Li o resto do nosso arquivo hoje. — a encaro preocupado. A Ana já mencionou esse arquivo mas elas nunca compartilharam isso comigo e eu nunca tive coragem de perguntar. Sei que é algo pessoal e doloroso. — Não foi algo fácil de ler, but I'm feeling stronger now! — me encara séria. — O medo não vai mais me paralisar, me recuso a voltar para o escuro, oppa. Ele já nos deixou lá por muito tempo. — sorri. — Você não vai precisar tapar meus ouvidos again, that terrible som não me persegue mais. — sorrio. Ela realmente parece mais tranquila agora. — Mas devo admitir que estou preocupada com a unnie Ana. Ela andou muito estranha durante a semana. — paro de andar. Achei que era coisa da minha cabeça, mas também senti que ela estava estranha nas mensagens que trocamos. — Não se preocupe, I'll help her. Não vou deixar mais esse problema nas mãos da Nicole. — sua mão desliza pelo meu braço e entrelaça os dedos nos meus. — E se falássemos about us now? Ainda está desconfortável com essa nova "nós"?

— Não tem como ficar desconfortável com você por muito tempo. — aperto a sua mão. — Decidiu como devo te chamar?

— Que tal "ficante"? — nos encaramos por alguns segundos em silêncio e depois começamos a rir. — Tá legal, oppa. Isso foi muito cafona! — trago sua mão até a minha boca e a beijo.

— Você pode, honey. — me inclino e falo no seu ouvido. — Aliás, você pode, ficante. — ela abre um grande sorriso e ficamos nos encarando sem nos preocuparmos com os olhares curiosos que estávamos recebendo.

Nosso final de ano foi mais ou menos assim, estava muito mais à vontade com essa nova pessoa. Acredito que logo voltaremos de onde a Veronica e eu paramos. Estava bastante orgulhoso dela, o esforço para largar o cigarro estava finalmente dando resultados.
Por outro lado Emily piorou. Quanto mais perto das festas de final de ano, mais triste a Ponto de Interrogação ficava. Se negava a aparecer, já estava com saudades da minha parceira nerd.
Minha relação com a Nicole não mudou nada depois daquele dia vergonhoso (ás vezes agradeço por não lembrar de muita coisa). A bad girl continuou com a vida normalmente, aliás, quando voltei do cinema com a Veronica/Kim ela apareceu e foi se arrumar. Quando me viu a encarando soltou um: "Quê? Disse que respeitaria o relacionamento de vocês, não que iria ficar enjaulada". Nunca passou pela minha cabeça a prender...
Ana terminou o supletivo, mas ao contrário do que esperávamos, ela não estava radiante. Me contou (sem nenhuma emoção) que elas decidiram fazer um Técnico em Artes Dramáticas. Estávamos preocupados com a falta de animação dela.
E a Laurinha, continua Laurinha! Quando estava passando o recesso de fim de ano na casa da minha mãe, a pestinha me ligou várias vezes. Achei estranho, parecia que estava aparecendo mais! Assim que voltei fui visitá-la.

Minhas 8 NamoradasOnde histórias criam vida. Descubra agora