Minhas 8 Namoradas

Em cozinha fechada não entra mosca!

Capítulo 30

Achei que a Ana e eu voltaríamos a conversar normalmente depois de ontem, mas na aula de hoje só conversamos sobre a matéria.
Ela não estava distraída como no último mês... parecia triste.
Agora estou aqui esperando a Nicole se arrumar...

— Ainda aqui, tornozeleira eletrônica? — ela interrompe os meus pensamentos.

— Já sabe que sempre espero o Uber com você. — Nicole vai em direção a porta. Andei pensando em um passeio neutro, já que o convite para algo que ela gosta de fazer não deu certo. — Nicole. O-o que acha de ir ao cinema qualquer dia desses? — a bad girl me encara com uma sobrancelha levantada.

— André. — ela respira fundo e fala como se estivesse explicando isso pela milésima vez. — A Ana e eu somos pessoas diferentes no mesmo corpo. — faço uma expressão confusa. — Não precisa me convidar para esses "rolês de casais", não sou sua namorada. — Nicole abre a porta, vai para a calçada e pega o celular.

— Eu sei que não somos namorados. Também não namoro a Ana. — falo baixo, ela nem levanta os olhos do celular. Resolvo tentar mais uma vez. — M-meu amigo vai participar de um musical nesse final de semana, não é um "rolê de casal"... quer ir assistir comigo? — Nicole suspira e me encara.

— É o tipo de passeio que a Brisa adoraria fazer. — um carro estaciona na nossa frente. — A Brisa e a Ana são a mesma pessoa agora, de qualquer modo, não é comigo que você quer sair. Tchau. — entra no carro. Poxa, eu realmente queria sair com ela...

No dia seguinte consegui uma carona e acabei chegando mais cedo na casa delas. A porta se abre e... é ela!

— Oi! — digo mais animado que o normal. — Quanto tempo...

— Você está adiantado. — a Ponto de Interrogação me corta.

— Eu sei. — ela não diz mais nada. Ficamos nos encarando por alguns segundos. — Posso entrar e esperar dar o horário?

A Ponto de Interrogação me dá passagem e nos sentamos no sofá.
Ela está assistindo uma série asiática sem nenhum interesse.
Os minutos passam e não falamos absolutamente nada.
De vez em quando seu olhar levanta, e eu desvio o meu. O que será que passa na cabeça dela?
De repente ela se levanta e acabo me levantando junto, por reflexo.

— Por que levantou? — pergunta sem parecer realmente interessada.

— Por que você levantou? — rebato sem pensar. Realmente fiz essa pergunta? Ela me deixa nervoso!

— Vou à cozinha. — responde sem me estranhar e sai da sala. Passam vários minutos, a Ponto de Interrogação está muito quieta. E se... Saio correndo atrás dela. A encontro segurando as mãos atrás das costas enquanto encara a sanduicheira.

— Está me seguindo? — pergunta com uma leve irritação na voz.

— Vim beber água! — minto. Tomo a água lentamente só para ficar mais tempo a observando.

A Ponto de Interrogação pega o sanduiche e começa a comer.
Pelo menos hoje ela está com fome!
Volto para o sofá e a espero retornar.
Assim que a vejo sair da cozinha me levanto novamente, merda!

— Tenho que ir ao meu quarto. — sobe as escadas.

Passa muito tempo, não ouço nenhum barulho vindo do andar de cima. Começo a ficar preocupado de novo, mas não quero parecer estranho, tento disfarçar.