O que os olhos não veem, o giz de cera mostra!

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Capítulo 36

Raquel me ligou perguntando se eu queria adiar a reunião, disse que queria "distrair a cabeça" e resolver logo as coisas. 
Marcamos de nos encontrar na terça-feira, ela viria direto do estúdio. Falou que a Ana iria chegar da psicoterapeuta um pouco depois e poderia participar da reunião também. 
Mas quando chegou o dia, recebi uma ligação dizendo que elas chegariam um pouco atrasadas. 
Estranho, por que elas estão vindo juntas?
Quando o carro estaciona a Ana desce e bate a porta com força.

— Você queria que eu tivesse feito o que, inferno? — grita. Está usando um dos vestidos longos que a Ana gosta de usar, mas claramente não é ela. Não está cedo para ela aparecer? Raquel desce do carro e corre atrás da filha que já está com a chave na mão e abrindo a porta. — Sabe o significado de "importunação sexual", Raquel? — me lança um olhar antes de entrar. Ela notou a minha presença!

— Desculpa, André. — Raquel me lança um olhar sem graça e faz um gesto para eu entrar. — Nicole, eu só fiquei preocupada. Não é todo dia que tenho que buscar vocês na delegacia. — a bad girl senta no sofá e começa a mexer o pulso direito.

— Obrigada por passar a mão na minha bunda sem o meu consentimento dentro do ônibus, senhor! — fala com sarcasmo. — Estou cansada de você e sua filhinha jogarem as coisas para mim. Ela claramente estava gostando muito da situação, tanto que me chamou, né? Soquei sim e socaria de novo!

— Eu me expressei mal. É claro que você tinha direito de fazer aquele B.O.! — começa a se explicar desesperada, mas o celular toca e ela dá um longo suspiro. Óbvio que era uma ligação importante.

— Eu fico aqui fazendo companhia para ela. — Raquel me olha agradecida e sai para atender o celular. Nicole está me encarando com um olhar agressivo enquanto gira o pulso. Dou uma olhada para a mão dela, vou até a cozinha e volto com o kit de primeiros socorros. Sento ao seu lado e aponto para sua mão. — Posso? — ela se afasta. — Só quero cuidar dos machucados, Nicole.

— Posso fazer isso sozinha.

— Concordo. — sorrio. — Mas que tal aproveitar da minha boa vontade e aceitar um curativo grátis? — ela me encara daquele jeito estranho, como vinha fazendo antes das férias e estica a mão para mim. A analiso por um instante. — Vamos até a lavanderia? — chegando lá, Nicole senta no tanque enquanto eu ligo a torneira, pego a mão dela e a coloco embaixo da água.

— Também acha que eu exagerei? — a olho por um instante e percebo que isso é outro teste. Continuo lavando os seus machucados.

— Nicole, eu sou homem. Não tenho o direito de dizer para uma mulher que ela exagerou por se defender de um assédio. — desligo a torneira, seco a sua mão e analiso os pequenos ferimentos. — Mas olhando sua mão posso afirmar uma coisa. — a encaro. — Bateu foi pouco. — a bad girl dá um meio sorriso. — Você estava certa. Por menos eu fico bravo. — começo a passar pomada nos cortes.

— Dá um exemplo.

— Quando fazem piadas com a minha ascendência... eu me aborreço um pouco além do necessário. — pego alguns curativos adesivos.

— Não é "por menos". — diz em uma voz baixa.

— Hum?

— Se algo te ofende ou te magoa de alguma forma, não é "por menos". Você tem o direito de se defender quando algo te agride de alguma forma. — termino de colocar os curativos e a encaro. Era simples assim, se algo não a faz sentir confortável, ela revida na hora. Admiro isso na Nicole. Senti a falta dela, mas sei que ela não gostaria de ouvir isso. — Pode devolver a minha mão agora? — solto sua mão na hora. Ela desce do tanque. — Valeu. Você veio à toa, a Ana não vai sair mais hoje, mesmo se eu chamá-la.

Minhas 8 NamoradasOnde histórias criam vida. Descubra agora