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CAPÍTULO DOZE
Ser amada

Hinata se olhava no espelho em plena duas horas da manhã, tentando em vão procurar algum defeito em si mesma que justificasse o afastamento das pessoas e do seu marido. Talvez estivesse fazendo por causa da tristeza que a movia ou da quantidade exorbitante de saquê que havia ingerido naquela noite.

Sasuke possuía uma dispensa um tanto vazia, contendo apenas alguns tomates e alguns mantimentos básicos como arroz, mas Hinata fez o que pôde para produzir um primeiro jantar descente, mas seu marido nem ao menos deu o trabalho de aparecer. Às sete horas, Hinata montou a mesa; às nove, aqueceu a comida mais uma vez; e às onze, já recolhia tudo. Até mesmo perdera a fome. Foi arrumando a mesa e guardando a comida na geladeira que ela encontrou a garrafa de saquê ainda na validade e sentou-se na sala com a garrafa em mãos e um copinho, apoiando-se na mesa de centro.

Ao virar a garrafa para se servir, disse a si mesma que não estava se embebedando por ele e sim para comemorar a sua primeira noite fora do hospital e seu tão sonhado casamento. Sozinha. No final, tudo se remetia a falta da presença dele.

— Sasuke, seu idiota! — xingou ela para ilusão de seu marido em sua frente, dando os primeiros indícios da embriaguez. — Era para termos essa primeira noite juntos! — resmungou, chorosa.

Mais alguns copos e Hinata estava em frente ao espelho de seu quarto com uma camisola até o meio das coxas. O pedaço de tecido era discreto, mas por conta do busto avantajado dava a impressão de ser algo sensual, mas a dona nem fazia ideia do efeito que causaria em um certo alguém do sexo oposto, a única coisa que a mesma notava era como a mesma era sem graça. Bem que diziam o quão ela era sem sal. O corte de cabelo bem afeminado, com a franja cercando o rosto, os olhos claros agora sem qualquer utilidade e a boca extremamente pequena, era muito afeminada e comum. Algumas lágrimas saíam silenciosas e por sorte ela já havia se banhado e tirado a maquiagem. Ela se sentia inegavelmente deprimida olhando seu próprio estado no espelho e o ódio que tomou por si mesma foi tanto que pegou uma tesoura no banheiro e começou a cortar as madeixas longas e escuras. Por estar alcoolizada, os cortes não estavam sendo feitos com precisão e estavam levemente – ou muito – tortos, mas quando terminou, seus cabelos batiam em sua maioria em seu ombro.

  Havia acabado com a antiga imagem de si mesma, porém não se sentia diferente. Seus olhos continuavam molhados pelas lágrimas e seu rosto estava pálido, mas o que mais incomodava, era a angústia contínua em seu coração. Isso fez com que Hinata percebesse que por mais que sua aparência mudasse, ela não deixaria de ser a garotinha assustada e melancólica.

Após seu súbito surto, uma coragem desconhecida e uma carência maior do que poderia sentir a tomou. A nova senhora Uchiha então saiu do quarto, sentindo o vento frio da madrugada ricocheteando o próprio corpo, e andou até o quarto ao lado do seu e abriu a porta. Havia uma cama de casal e um cheiro masculino conhecido por todo o recinto. Adentrou o cômodo e se aproximou da cama, vendo o kimono escuro de Sasuke ali jogado na cama. O quarto do marido era escuro, completamente diferente do seu, mas ainda sim, o perfume era reconfortante, talvez pelo seu cheiro tão presente ali. As paredes escuras eram coloridas por um azul intenso e os móveis, mesmo que iguais ao resto da casa, dava um ar de clássico. Hinata logo subiu na cama, ligando o abajur para não ficar no breu e depois pegou o quimono com o cheiro do marido, aproximando seu rosto do tecido, cheirando e o abraçando logo em seguida. Mesmo que tivesse parado de chorar, algumas lágrimas ainda não haviam secado e permaneciam estáticas em suas bochechas.

Embriagada e um pouco sonolenta, Hinata não ouviu a porta do quarto sendo aberta e um Sasuke cansado entrando. O mesmo ficou surpreso ao ver a esposa na cama agarrada a sua roupa, mas logo se sente culpado ao ver algumas lágrimas no rosto da mesma. O Uchiha havia passado a noite inteira andando pela cidade e comendo com Naruto, passando mais tempo escondido na casa do mesmo para que não comentassem que estava fugindo da própria esposa. Quando decidiu voltar para casa e deixar a do amigo, não imaginava ver esta cena. Estava certo de que sua esposa já devia estar dormindo naquela hora, entretanto ela estava ali, encostada na cabeceira de sua cama, abraçada com seu quimono e olhando perdida para algum ponto do quarto.

My Little Tsuru | SasuHina Onde histórias criam vida. Descubra agora