ANTHONY D'EVILL
-É a sua vez de dizer algo... Anthony.
Eu de fato lutei para segurar o sorriso, mas a forma vergonhosa que meu nome sai de sua boca deixa-me louco. Ainda não compreendo o que estou fazendo aqui. Tento me manter longe e quando caio em mim estou perto dela outra vez. A curiosidade e a vontade de conhecê-la por completo estão me consumindo.
-Quer que eu falou sobre algum tema específico?
-Deixe-me ver. - Grace senta na grama com as mãos juntas sobre o colo, sem muitas opções faço o mesmo que ela - Por que foge tanto de casamentos?
-Não é que eu deteste o casamento. Eu já pensei em me casar antes, mas infelizmente não deu certo.
-Não sabia que havia sido noivo. Bom, as fofocas por aqui se espelham bem rápido, então...
-Entendo. - Sorrio - Eu era jovem e inexperiente, creio que não tinha a mínima ideia do que estava fazendo de fato. Eu tinha dezoito anos quando pude começar a acompanhar meus pais aos bailes. Conheci uma viúva, alguns anos mais velha que eu. Encantei-me por ela logo de cara e começamos a ter um caso. Um ano e meio depois me declarei para ela.
-O que aconteceu?
-Disse que queria cortejá-la e ela riu. Disse que eu não passava de um garoto jovem e iludido, para ela o se... Os nossos encontros eram bons e nada mais que isso. Em meio as gargalhadas ela falou que não se casaria com uma criança e muito menos gostaria de se unir a uma família tão excêntrica.
-Oh, céus. Eu realmente sinto muito.
-Terminamos aquela noite aos risos, ela disse que poderíamos continuar como amantes. Foi a minha vez de continuar rindo, respondi que talvez e nunca mais a procurei. Não pela rejeição, meu ego não é tão frágil assim, mas pelo que ela disse de minha família.
Não costumo contar abertamente sobre minha história com Beatrice. Na realidade apenas meu pai e Harry sabem desse acontecimento tenebroso. Não arrependo-me de nosso envolvimento, creio que serviu de aprendizado para o futuro, ela fora uma excelente professora no quesito amoroso.
Porém ela me via como uma criança, um brinquedo com o qual Beatrice podia se divertir esporadicamente. Eu também agi no auge de minha inocência, não há como negar, a viscondessa viúva vive sua vida livremente, te dinheiro e não precisa prender-se a um homem como antes. Agora no auge de seus trinta e cinco anos, ela segue como se nada houvesse acontecido, pescando os rapazotes que iniciam suas vidas na sociedade.
Raramente um homem consegue encontrar uma esposa logo no primeiro ano, sem risco de uma noiva jovenzinha e inocente para dividir seus amantes, Beatrice não possui grandes preocupações. Que viúva a condenaria? É perfeitamente normal que uma mulher busque seus amantes depois da viuvez, em grande parte os amantes são mantidos durante o próprio casamento.
-Você a amou?
-Amar é uma palavra forte, Grace. Eu sei que estava apaixonado, mas estar apaixonado não significa que ama.
Deito-me na grama e Grace faz o mesmo, deitando-se ao meu lado. Seguro sua mão a altura da vista e ela brinca com as duas juntas, como se medisse o tamanho e comparasse as diferenças.
-Eu nunca parei para pensar no significado de amor.
-O amor deveria ser algo bom. O problema é que tudo em excesso faz mal e quando você ama muito uma pessoa, perdê-la é uma das piores dores que se pode sentir.
-Doeu quando a viúva lhe disse aquelas coisas terríveis?
-Ninguém gosta da rejeição, mas é difícil conviver sempre com uma pessoa e de repente ela não está mais ali. - Olho para seu rosto - Não digo isso apenas pelo romance. Afinal, o amor engloba nossos parentes não é mesmo?
-Entendo o que está dizendo. Quando soube que meu pai havia morrido fiquei completamente desolada, então minha mãe descobriu o que causou a morte e o luto mesclou-se a mágoa e a raiva. Foi um ano muito difícil.
-Sinto muito por tudo isso.
-Obrigada.
-Se meu avô sucumbir, as coisas aqui ficarão difíceis também. Harry terá que se mudar para Wendwood e assumir o título, minha mãe enfrentará o luto e meu pai sofrará junto com ela porque a ama. Charlotte ficará desolada porque terá um irmão a menos na casa e eu ficarei completamente perdido, sem saber o que fazer.
-Imagino que perder o avô não deve ser fácil. Não cheguei a conhecer nenhum dos meus.
-Essa conversa é muito sentimental. - Sorrio.
-Acredito que seja bom compartilhar o que se sente. Posso perguntar algo?
-Não peça permissão, Grace. Não precisa.
-Aos dezoito anos o senhor se apaixonou, sua mãe procura uma noiva para ti, por quê não ceder aos desejos dela? Ela é uma marquesa.
-Meus pais jamais obrigaria qualquer um dos filhos a se casar. Minha irmã mais velha é a prova viva disso.
-Ouvi falar de sua irmã enquanto estava na Escola. Sua família é muito conhecida.
-Gostaria que fosse por um bom motivo. - Rio amargamente - Somos taxados de estranhos, aqueles que se aproximam de nós, em muito dos casos, é por puro interesse. Harry e eu já recorremos as brigas muitas vezes para proteger Victoria. Em todas as temporadas que passou solteira em Elbenia sempre apareciam golpistas interessados no dote dela.
-Oh! Conheço as histórias, todos comentam sobre os filhos ciumentos do marquês de Brightdown.
-Os que as pessoas taxam de ciúmes eu chamo de proteção. Minhas irmãs não terão suas honras manchadas por homens desprezíveis, não se eu puder evitar.
O ruim de viver em uma família com tantas responsabilidades é que você não consegue controlar a vida de terceiros. Vic está feliz com o marido em Endbouk, Harry assumirá Wendwood um dia, eu me mudarei para Elbenia e tudo o que posso clamar aos céus é que minha mudança ocorra depois que Elizabeth retornar da escola.
Charlie está acostumada com a constante presença dos irmãos e de uma hora para outra todos sumirem e ela ficar sozinha? Sei que será difícil para ela, mas com Elizabeth junto os danos podem ser menores. Lili está vivendo na Escola para Damas há alguns anos, é quase uma adulta e saberá lidar bem. Charlotte está saindo da infância agora.
Espero somente que a distância não interfira em nossas relações, é inimaginável ter seus irmãos todos os dias contigo, fazendo-lhe companhia e de repente todos sumiram. Não há mais ninguém ali.
-Anthony?
-Sim?
-Falou sério sobre o cortejo?
-Claro que falei.
-Não acreditas que sou uma interesseira?
-Pela maneira que foge de mim, duvido muito.
-Tem medo de se arrepender?
-Tenho medo de viver a vida sem arriscar.
-Eu aceito o seu cortejo.
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Visconde Indecente - Os D'Evill 02
RomansaEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...