GRACE EDGELL
-Não, não, não! - Empurro gentilmente seus ombros de volta para a cadeira. Claro que ele está colaborando, senhor Yuth é duas vezes o meu tamanho e poderia se impor facilmente. Agradeço aos céus por ele ser tão dócil - Já lhe disse que faremos as tortas hoje.
-A torta da Grace é muito boa. - Mary o avisa e ele sorri para ela.
-Tudo bem, ficarei onde estou.
-Ótimo! - Bato palmas - Faça companhia para minha mãe, mas atenção, comportem-se pois estarei de olho.
-Grace! - Minha mãe protesta, mas um rubor toma conta de seu rosto. O senhor Yuth solta uma risadinha antes de segurar sua mão.
-De qualquer forma, estarei observando. Vamos, Mary!
Minha irmã segue saltitando atrás de mim até a cozinha. Hoje faremos torta de maçã e espero que o agrade. Nunca duvidei de minhas habilidades culinárias, mas estamos recebendo um profissional hoje e a missão é impressionar.
Mary lava as frutas enquanto olho de relance para o casal. Ambos parecem jovens apaixonados, perdidos um no outro, em seu próprio mundinho de amor e felicidade. Não recordo de meus pais serem assim, talvez em minha infância, porém à medida que os anos passaram eles distanciaram-se muito. Se Arthur Yuth faz minha mãe feliz, eu apoio totalmente a união.
Mesmo que eu não tenha a menor ideia de como será relevar que seu único filho o está roubando. Eu o acho suspeito e Mary o flagrou, são acusações fortes e não posso simplesmente jogá-las sobre o homem. Querendo ou não eu preciso de provas ou o senhor Yuth pode ter impressões erradas sobre nós.
Como as filhas enciumadas que não querem a mãe casada novamente. O que é completamente equivocado. Queremos ela feliz, isso é tudo.
-Pronto, Grace! - Mary me despertar e a encontro sorrindo para mim, satisfeita consigo mesma por estar ajudando - O que faremos agora?
-Ajude-me a cortar tudo isso, para prepararmos a massa, tudo bem? - Ela assente animada e sorrio - Ótimo, agora vamos levar tudo para a mesa do jardim de trás.
-Mas você não disse que ficaria observando a mamãe?
-Eles estão tendo uma conversa de adultos, vamos dar-lhes privacidade.
-Tabom. - Dá de ombros antes de seguir até a porta. Com uma última olhada para os apaixonados na sala eu a sigo.
Mais tarde naquele mesmo dia estávamos todos na sala, satisfeitos de tanta comida e conversando banalidades. Devo ser sincera e confessar que a torta ficou maravilhosa, mas suspeito que o senhor Yuth concordaria com isso de qualquer maneira. O homem está distraído olhando para minha mãe, mal observa o que está comendo ou o gosto dos alimentos.
É gracioso observá-los juntos. Arthur está sempre certificando-se que minha mãe esteja bem alimentada e confortável, mesmo que ela esteja sentada no próprio sofá e comendo com vontade. Pergunto-me como será com Anthony. Ele é atencioso, carinhoso e me causa um estranho formigamento entre as pernas. Não tenho certeza se é normal ficar molhada e pegajosa, mas espero que ele não se importe com isso.
Não consigo esquecer nossa visita a galeria, seus beijos em meu pescoço causaram-me arrepios por todo o corpo e senti uma vontade sobre-humana de aconchegar-me a ele, sentir o calor e a força de seu corpo junto ao meu. Quando nos casarmos acordaria feliz em olhar seus olhos verdes e brilhantes, passar os dedos sobre meus cabelos cor de trigo e assistir aqueles sorrisos sorrateiros em seu rosto.
Céus, por vezes ando em minha casa e posso jurar sentir seu cheiro. Saio como uma desgovernada o procurando, para descobrir que tudo não passa de imaginação. Em momento aleatórios do dia quero apenas vê-lo ou abraçá-lo. É estranho esse sentimento de segurança que Anthony me causa.
É como se minha cabeça sempre soubesse que Anthony seria uma espécie de cavaleiro heroico, resguardando-me de todos os males. Não sei quando, mas entrei meu coração a ele em algum momento e espero que Tony o proteja. Aqui eu estou, sorrindo como boba outra vez. Basta pensar nele ou saber que o encontrarei para a ansiedade dominar meu estômago.
Sempre questionei-me sobre os boatos de sentir borboletas no estômago quando se vê a pessoa amada, mas hoje comprovo por mim mesma que é verdade. Anthony faz-me tão feliz, mesmo em tão pouco tempo. Espero que minha mãe e Arthur sejam assim também.
-Soube de seu cortejo, Grace. - Arthur sorri para mim e eu retribuo. Ele é fofo, todo grande, com as bochechas coradas, gentil e educado. É o tipo de pessoa que você sente de abraçar a todo instante e se sentiria acolhido. Como pode ter um filho tão estranho? - Gostaria de expressar minhas felicitações.
-Obrigada, senhor Yuth. Ele está passando por uma fase difícil no momento, mas em breve anunciaremos o cortejo formalmente.
-Oh! Isso é ótimo! - Já sentiram vontade de apertar as bochechas de uma pessoa por ela ter excesso de fofura? Este é Arthur. Certamente apertaria suas bochechas enquanto expressava o quão gracioso ele é - Eu gostaria tanto que Freddie encontrasse uma esposa, mas ele não parece interessada em nenhuma moça da vila.
-Por que ele não viaja? - Minha mãe sugere - Ele poderia ir para Elbenia e buscar uma moça que o agrade.
-Ele não deseja sair de Brightdown. É algo que não entendo, mas não posso reclamar. Ele me ajuda na loja.
-Também irei ajudá-lo depois de nosso casamento. - Minha mãe graceja e ele sorri enamorado. O homem está verdadeiramente apaixonado por ela e não consegue disfarçar.
-Eu também posso! - Mary se oferece e ele sorri.
-Você pode ajudar quando for mais velha, querida.
-Senhor Yuth, perdoe-me pela pergunta ousada, mas por qual motivo o senhor acha que Freddie nunca desejou sair e explorar o mundo, ir além de Brightdown?
-A morte de sua mãe o abalou muito, Freddie sempre fora quieto e retraído, mas a perda tornou tudo pior.
-Sinto muito por isso.
-Oh, eu também. Espero que um dia meu filho encontre uma boa moça que lhe faça feliz, o ajude a superar tudo isso. Ir além de sua fascinação pelo trabalho.
-Como?
-Ele adora ficar na loja, por vezes mais tempo que eu mesmo. Hoje ele está como o responsável e sei que está em boas mãos.
Mãos que estão lhe roubando. Apesar deste tenebroso pensamento, tudo o que faço é sorrir e concordar.
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Visconde Indecente - Os D'Evill 02
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...